Em um artigo que analisa a fórmula de sucesso da Rede Globo no Brasil, o jornal "Financial Times", afirma que a emissora "corre o risco de ser engolida pelo próprio clone", citando o recente sucesso da Rede Record.
Segundo o artigo, assinado pelo correspondente do diário britânico em São Paulo, Jonathan Wheatley, e publicado na versão online do jornal nesta sexta-feira, a Record estaria "copiando a programação da Globo" e tomando uma parcela de sua audiência.
"Quem está comendo a parcela da Globo? Aparentemente, não as emissoras rivais mais tradicionais, como a SBT e a Bandeirantes, mas uma recém-chegada, com uma fórmula vencedora que está em vigor desde 2004. A fórmula é: copiar a Globo", diz o texto.
De acordo com o FT, o sucesso da Globo - agora "clonado" pela Record - estaria baseado na manutenção de uma programação fixa, considerada "a mais apropriada para cativar os espectadores e torná-los fiéis". Além disso, o jornal destaca ainda o conteúdo exclusivo e autoral da emissora, que produz praticamente toda a sua programação.
Mudanças
Ao analisar as novelas da Globo, o diário afirma que, apesar de o conteúdo trazer "cenários e personagens tipicamente brasileiros", em tramas que envolvem questões que preocupam os telespectadores, "como o crime e as drogas", tudo na programação é "um pouco, às vezes bastante, melhorado e menos alarmante do que na vida real", diz o texto.
"Eles (os telespectadores) não querem ver mais sofrimento. Não é isso o que eles querem das novelas da Globo", afirma o diretor-geral da emissora, Octávio Florisbal, ao Financial Times .
Segundo o Financial Times, apesar de a programação noturna da Globo não ter sofrido alterações nos últimos 30 anos, a audiência da emissora estaria mudando, não só por conta da rivalidade com a Rede Record, mas também pelo aumento na camada da sociedade que entrou para a chamada "classe média".
"Isso significa que mais pessoas terão mais tempo para fazer outras coisas do que ficar sentadas, fielmente, assistindo à programação horizontal da Globo", diz o texto.
O jornal afirma que, apesar das mudanças ocorridas com a audiência e no mercado televisivo no Brasil, a Globo "ainda não está em pânico". No entanto, diz o texto, "parece que a emissora corre o risco de ser engolida pelo próprio clone". "A trama soa como uma novela para a Record", finaliza o artigo.
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