Lula: “um novo jeito de fazer política”.

A assessoria do Presidente Lula queria que ele fosse de helicóptero até Ceilândia e apenas visse o metrô. Mas o presidente não quis. Fez questão de ir sobre os trilhos. Arruda terminou a manhã com um sorriso de orelha a orelha .

O Presidente Lula e o governador José Roberto Arruda(DEM) inauguraram juntos ontem novas estações de metrô no Distrito Federal. Lula e a primeira-dama Marisa Letícia percorreram todo o trecho da Rodoviária até a estação Terminal Ceilândia, onde eram esperados por um público superior a cinco mil pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar. No trajeto, o Presidente estava acompanhado do governador, da primeira-dama do DF, Flávia Peres Arruda, do vice-governador Paulo Octávio e da esposa dele, Anna Christina Kubitschek, além de parlamentares. Durante a cerimônia de inauguração, Lula afirmou que o evento representou “um novo jeito de fazer política” no Brasil.

“O que está acontecendo aqui é mais do que a inauguração de uma estação de metrô. O que está acontecendo aqui é um outro jeito de fazer política nesse país”, afirmou Lula. “Em outros tempos, certamente o Presidente da República não viria aqui e certamente o governador também não convidaria o Presidente da República”, acrescentou. O Presidente ressaltou que o fato de o governador pertencer ao DEM, um partido de oposição, não impede que os dois trabalhem em conjunto. “Então, vocês imaginem pelo fato de nós termos no Senado e na Câmara os ‘demos’, o Democrata, a maior oposição ao governo junto com o PSDB, pensar-se-ia ‘o Lula não vai a nada com o Arruda’. Entretanto, quando eu olho para o líder eu não vejo nem os democratas, nem os tucanos, nem o PT, nem o PMDB, eu vejo o povo de Brasília que precisa ser tratado com respeito”, declarou.

Lula comparou a disputa política ao futebol. “As nossas disputas políticas se darão durante o processo eleitoral”, afirmou, lembrando que Botafogo e Fluminense decidem quem será o vencedor da Taça Rio no domingo e que isso não faz com que os seus jogadores levem para fora do campo o clima de competição. “Terminou o jogo, terminou. Eles são seres humanos, civilizados, e vão conviver junto. A política precisa aprender isso. Tem a hora da disputa, mas tem a hora de governar”, disse Lula, que hoje inaugurará outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, cidade que fica na área metropolitana da capital mineira.
Em seu discurso ontem, o Presidente condenou o que considerou uma “politicalha” que fez com que, “durante décadas, o povo padecesse”. “Não haverá nada que possa permitir que haja um milímetro de divergência entre eu e você que impeça a gente de fazer o que tem que fazer nessa cidade”, disse Lula ao governador. “E eu quero repetir: ‘quando um Presidente da República e um governador brigam quem perde é o povo. Se os dois têm juízo e governam juntos, quem ganha é o povo’”, concluiu, em alusão à declaração feita no ano passado, quando esteve pela primeira vez em Ceilândia ao lado de Arruda para anunciar o início das obras do metrô.


Segundo o governador Arruda, a conclusão das novas estações de Ceilândia só foi possível graças ao fato de ter havido uma “união suprapartidária”. “Eu acho um amadurecimento político do Brasil quando duas pessoas, mesmo de partidos diferentes, governam (juntas). Há que fazer com que o interesse público prevaleça sobre as naturais divergências políticas e partidárias”, disse. Arruda também elogiou o fato de Lula ter resolvido ir de metrô para o evento. “O Presidente hoje fez uma coisa diferente. A segurança dele queria que ele viesse de helicóptero, mas o presidente disse: ‘Arruda, quero ver se esse metrô que nós vamos inaugurar realmente funciona’”, contou o governador, em seu discurso.

Dois batedores feridos
Dois batedores do pelotão de moto da comitiva presidencial se envolveram em um acidente, na manhã de ontem. Por volta das 11h, os cabos da Polícia Militar (PM) Carlos Roberto Machado e Milton Leite se chocaram no Eixo Monumental, em frente à catedral Rainha da Paz. Eles faziam parte da equipe que escoltava o carro do Presidente Lula, que voltava da inauguração das quatro novas estações do Metrô, em Ceilândia, em direção ao Palácio do Planalto. Os dois foram levados para o Hospital de Base de Brasília (HBB). Milton sofreu uma fratura no tornozelo direito e recebeu alta logo no início da tarde. Já Carlos teve fratura exposta na perna esquerda e precisou ser operado. Ele permanece em observação no HBB, mas fora de perigo.