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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Brasil é elevado a grau de investimento; Bovespa dispara

A principal agência de classificação de risco Standard & Poor's elevou a classificação de risco do Brasil para investment grade . Isso significa que os títulos da dívida do Brasil agora são considerados com baixo risco de crédito.

A decisão ofuscou a decisão de corte de juros nos Estados Unidos para o mercado financeiro doméstico. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) disparou depois da notícia, recuperando rapidamente 65 mil pontos e já operando aos 66 mil pontos. Dólar e juros despencam.
Entre outras coisas, a S&P elevou o rating do Brasil para "BBB-" (investment grade), elevou o rating da dívida/moeda estrangeira de "BB+" para "BBB-", o rating dívida em moeda local de longo prazo de BBB p/BBB+; e manteve a perspectiva dos ratings de longo prazo do Brasil em estável.

Por volta das 16 horas, o Ibovespa operava em alta de 3,68%, aos 66.113 pontos, depois de atingir a máxima de 3,77%, aos 66.234 pontos. No mercado de câmbio, o dólar no balcão passou a renovar as mínimas e, há instantes, estava no piso de R$ 1,6650, baixa de 2,40%; e na roda da BM&F recuava 1,06%, a R$ 1,686.

Já perto do término da sessão na BM&F, o mercado de juros, ampliou fortemente a queda após a notícia de que a S&P elevou a classificação do Brasil à investment grade. O DI janeiro de 2010, que oscilava a 13,74% antes do anúncio, bateu a mínima de 13,65%, de 13,85% ontem.

A equipe do ministro da Fazenda recebeu a informação do investment grade pela S&P um pouco antes da divulgação oficial da agência internacional de classificação de risco. A notícia foi comemorada porque o upgrade para grau de investimento veio mais rápido. A expectativa maior era de que o Brasil receberia o grau de investimento no final do primeiro semestre.

'Maturidade'

De acordo com a analista de crédito da S&P, Lisa Schineller, o Brasil é o 14º país com dívida em moeda estrangeira a receber classificação "grau de investimento". "A elevação reflete a maturidade das instituições e da estrutura política do Brasil, como evidenciado pela melhora fiscal e da dívida externa e também pelo avanço na tendência de perspectivas de crescimento", diz a analista.

"A dívida líquida geral do governo continua maior que a de muitos países com rating "BBB", mas é bastante previsível que o histórico de pragmatismo fiscal e de polícias de gerenciamento da dívida mitigam este risco", acrescentou Lisa.

A S&P diz ainda que a dívida externa do País, em ativos líquidos no exterior, caiu drasticamente - a dívida líquida é projetada em 3% dos recibos de conta corrente (CAR) em 2008, do excesso de 100% do CAR em 2004. Embora alguma deterioração seja provável devido à volta do déficit em conta corrente, esperamos que o aumento da dívida externa seja modesto.

Lisa explicou que a pragmática política macroeconômica fortaleceu os fundamentos para um crescimento real entre 4% e 4,5% em 2008. Um amplo mercado consumidor, a ampliação dos mercados de capitais e o crescente nível de formalização sustentam melhoras nas perspectivas de investimento.

Apesar das apertadas condições globais de crédito, a perspectiva de crescimento maduro do Brasil continua atraindo investimento estrangeiro direto (IED) diverso em termos de amplitude e destino. O fluxo de IED acumulado até abril é estimado em US$ 12,4 bilhões e caminha para bater o recorde de US$ 34,6 bilhões do ano passado. Espera-se que o IED cubra o atual déficit em conta corrente, estimado em US$ 20 bilhões para 2008.

Inflação

A diretora da S&P destaca ainda que a inflação no País subiu para 4,7% em março não só por causa das pressões globais dos preços de energia e alimentos, mas também por causa da demanda doméstica robusta. "Em contraste com pressões inflacionárias incontroladas em outros soberanos com ratings mais baixos, o Banco Central do Brasil iniciou um ciclo de aperto em 16 de abril de 2008, para garantir que os benefícios duramente conquistados associados com a baixa inflação serão mantidos", afirmou a analista em comunicado.

A política fiscal e seus indicadores são as principais fragilidades de crédito do Brasil, prossegue o comunicado da S&P. A dívida líquida geral do governo ficou em 47% do PIB (incluindo 7% do PIB nas operações de recompra do banco central) no fim de 2007, acima dos níveis para ratings de crédito semelhantes e acima de 20% do PIB para a média dos ratings BBB da agência.

Os resultados fiscais até março de 2008 sugerem que o governo está posicionado para acomodar a falta da receita da CPMF e gerou um superávit primário do setor público não financeiro de 3,8% do PIB - consistente com o histórico de 10 anos de cumprimento das metas primárias, diz o comunicado.

Lisa Schineller, analista de crédito soberano da agência, disse no comunicado que a perspectiva estável equilibra o elevado nível da dívida do governo do Brasil contra o amadurecimento das perspectivas econômicas e baixo endividamento líquido externo e que a melhora da qualidade de crédito deve se seguir a partir de um declínio mais pronunciado da dívida do governo e dos desequilíbrios fiscais.

"Passos de política para reduzir o nível do, e a rigidez no, atual gasto do governo, ou ambos, devem fortalecer a posição fiscal do Brasil e facilitar um declínio maior na taxa de juro, com implicações positivas para o investimento e crescimento e um declínio mais rápido nos encargos da dívida do País", disse Schineller. "A passagem da reforma tributária ou de seguridade social, que a S&P não espera dentro do horizonte de rating, seria um choque positivo para a confiança e contribuiria para fortalecer a qualidade de crédito". (Agência Estado)

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