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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A "especialista" da Folha em submarinos nucleares

Preocupada com eventuais processos, a Folha de São Paulo resolveu enviar ela, Eliane Cantanhêde, para bem longe do assunto febre amarela.

Foi enviada para cobrir a missão do Ministro da Defesa Nelson Jobim na França, envolvendo acordos de compras bélicas e cooperação tecnológica.

Nenhum jornalista é obrigado a ser especialista sobre todos os assuntos que escreve, mas não pode sair escrevendo sobre conhecimentos especializados sem consultar um especialista, do contrário acontece coisas como o "Alerta Amarelo" e a morte da enfermeira Marizete.

Pois Cantanhêde resolveu dar suas "peruadas" sobre o assunto submarino nuclear, produzindo uma das maiores "pérolas" do PIG.

Vejam o que, o blog Naval, escrito por gente que entende do assunto, está dizendo:

"O jornal Folha de São Paulo publicou um artigo, de autoria da jornalista Eliane Cantanhêde, sobre submarinos de propulsão nuclear. Porém, carregado de desinformação. Segue o texto e os comentários na seqüência.

TOULON - Os submarinos de propulsão nuclear de ataque dos EUA são grandes e vocacionados para disparar mísseis balísticos contra alvos em terra -cidades, inclusive.
Já os da França, construídos pela DCNS, que tem participação estatal, são considerados menores e mais ágeis, podendo disparar tanto torpedos (por baixo d’água) quanto mísseis (para fora) em alvos no mar.
Seriam, portanto, mais adequados ao sonho brasileiro de ter submarinos de propulsão nuclear para vigiar sua imensa costa.
É outra boa desculpa para o governo Lula e o ministro Nelson Jobim darem as costas aos EUA e acertarem “aliança estratégica” com a França, acompanhada oportunamente de pesadas vendas francesas, compras brasileiras e futuras empresas binacionais de defesa.
Ontem, Jobim desceu com seu corpanzil num exemplar da Esquadrilha de Submarinos Nucleares de Ataque, em Toulon. E lá fui eu atrás conhecer também um submarino francês. A escada é estreita e na vertical, os leitos parecem catre de prisão, os corredores são mínimos. Ou seja, conforto zero.
Mas, do ponto de vista de tecnologia, o submarino é um show, conforme explicou um oficial francês, apontando para os sonares, a tela que define o alvo, o funil que dispara mísseis ou torpedos. Jobim e oficiais do Brasil gostaram do que viram, especialmente o comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, que tem uma idéia fixa: o submarino de propulsão nuclear brasileiro, que se arrasta desde 1979 e, aparentemente, agora vai zarpar.
Enquanto o Brasil vai, a França já foi e já voltou. O primeiro submarino brasileiro não sai antes de 2020. E em 2017 os franceses já começarão a substituir a classe Rubi pelos Barracuda, de novíssima geração.
Aliás, isso é algo que o Brasil também pretende aprender com a França: planejamento. Algo que, definitivamente, nunca houve. Nem na defesa, nem no resto.

[A seguir o Blog Naval analisa o texto de Cantanhêde acima]:

- Nenhum submarino de ataque norte-americano dispara mísseis balísticos, somente os SSBN.

- O projeto da classe Rubis Amethyste (e não Rubi como citado no texto) é mais adequado para o Brasil por ser menor e mais barato. Caso contrário, um “Los Angeles” seria muito melhor para o Brasil.

- O Brasil “não deu as costas para os EUA”. Muito pelo contrário, acabou de receber o aval do Departamento de Defesa daquele país para modernizar toda a atual frota de submarinos contratando a Lockheed Martin Maritime Systems and Sensors.


- A classe Rubis Amethyste pode ser um “show” para os brasileiros, sem nenhuma familiarização com um SSN, mas está longe de ser a última palavra em submarinos nucleares. Seu projeto data da década de setenta e o primeiro da classe foi comissionado em 1983 (quase a mesma idade das nossas Tipo 22 - execradas pela “imprensa especializada” do Brasil)."

Vale a pena ler os comentários lá no Blog Naval. Um deles é impagável:

"Voltando ao assunto, o que a repórter esperava encontrar num SSN? Escadas rolantes, praças de alimentação, cinemas multiplex, bares temáticos e danceterias ??? Suítes presidenciais??? Acho que a maior pérola da reportagem são os FUNIS que disparam mísseis e torpedos…"

Vale a pena ler os comentários aqui também. Vejam só essa do Nardão:

Para mim, a maior pérola é o trecho que a "especialista" Cantanhêde disse que o Ministro Jobim desceu com o seu corpanzil em um exemplar da "ESQUADRILHA DE SUBMARINO". Vejam só! Francamente eu não sabia que os submarinos podiam voar... Também sempre soube que um grupo de submarinos formam umaFROTA e não uma ESQUADRILHA. Qualquer hora dessas e Cantanhêde vai dizer que os submarinos formam a ESQUADRILHA DA FUMAÇA.

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