O Hospital das Clínicas registrou ontem o segundo incêndio no mesmo prédio em menos de um mês. Além disso, anteontem, um curto-circuito deixou o primeiro andar do edifício às escuras por 15 minutos. O incêndio de ontem foi detectado às 6h10, por funcionários que viram fumaça saindo por baixo da porta de uma sala usada para armazenar equipamentos de endoscopia, no piso intermediário entre o quinto e o sexto andar do Prédio dos Ambulatórios.
O hospital não informou quantas pessoas tiveram que ser removidas até que a situação fosse regularizada.
Em depoimento à polícia, o engenheiro elétrico Dirceu Bravin, responsável pela manutenção elétrica do prédio, relatou que havia uma extensão elétrica irregular.
O engenheiro elétrico Dirceu Bravin disse ontem à polícia que havia uma extensão elétrica irregular na sala do Hospital das Clínicas onde houve um princípio de incêndio na manhã de ontem. Bravin, que trabalha no HC há 11 anos, é responsável pela manutenção elétrica do prédio.No depoimento, que integra o inquérito policial instaurado para apurar o caso, o engenheiro afirma que, após o primeiro incêndio, foram usadas várias extensões elétricas para permitir o funcionamento do ambulatório, mas que a extensão encontrada ontem na sala "estava fora do padrão utilizado e não havia sido autorizada". Dois funcionários da equipe de manutenção do HC relataram que, desde o incêndio ocorrido no subsolo do prédio, há um mês, têm surgido ligações elétricas clandestinas ("gatos") nos ambulatórios.
Boletim
Ontem, além de depor na condição de testemunha, o engenheiro Dirceu Bravin tentou registrar um boletim de ocorrência de preservação de direitos para relatar que ligações elétricas têm sido feitas sem a sua autorização, o que pode colocar em risco a segurança do local.
Com isso, ele pretendia se isentar de qualquer responsabilidade caso ocorram, no futuro, eventuais problemas relacionados aos "gatos". Mas, segundo Dirceu Bravin, o delegado Júlio Cesar de Almeida Teixeira, titular do 14º DP, se recusou a elaborar o BO de preservação de direitos, alegando que não tinha tempo e que o caso deveria ser reportado diretamente à administração do HC. Dirceu Bravin então insistiu no BO e protocolou um pedido por escrito. O delegado disse que não registrou o BO porque não viu necessidade. "O que ele teria para relatar já está relatado no depoimento. Eu o orientei que, para qualquer outra providência administrativa, [a reclamação] deveria ser feita no HC."
Procurado por jornalista fala falar sobre o assunto, o tucano, governador de São Paulo, jogou a culpa no PT: “O incêndio pode ter sido criminoso”.Serra nada falou sobre o HC não ter o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, documento obrigatório para o funcionamento de um prédio como o do hospital, ou que HC faz parte da rede estadual de saúde, ou seja, está sob responsabilidade do governador tucano e do prefeito do Dem, Gilberto Kassab.
Provocação
Na entrevista coletiva, Serra acusou o PT de influenciar o Sindicato dos Funcionários e Servidores do Hospital das Clínicas. De manhã, a entidade tinha afirmado que pediria a interdição do prédio até que fossem realizadas obras de segurança -à tarde, após uma reunião com a superintendência do HC, voltou atrás.
"O sindicato lá é petista. Essa manifestação é atitude de quem torce pelo pior e age com base em provocação para enfraquecer a diretoria do HC. Isso é provocação petista", disse Serra. "Toda vez que um dirigente sindical falar, é interessante ver a que partido pertence e qual é o esquema político que está procurando servir."
Itamar Marinho da Costa, presidente do sindicato dos funcionários, diz que "não faz política com a desgraça dos outros" e que Serra está mal assessorado. Sobre a questão da sabotagem, o sindicalista disse que a declaração é precipitada.
A hipótese de incêndio "provocado" foi criticada também pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo. Para o presidente da entidade, Cid Carvalhaes, a declaração do governador foi "infeliz e inadequada". "O governador não pode pura e simplesmente lançar uma suspeita, sem fundamento nem explicação. Isso gera ainda mais insegurança", afirmou.
A declaração foi inoportuna, extremamente inábil e não se justifica. O que se espera de um governador é maior sensatez", acrescentou Cid Carvalhaes. O Sindicato dos Médicos solicitou uma reunião com os dirigentes do Hospital das Clínicas para saber das condições de segurança do edifício. "Já havíamos pedido explicações logo após o primeiro incêndio [no dia 24 de dezembro], mas até hoje não tivemos resposta. Se não obtivermos explicação, vamos acionar o Ministério Público e o Judiciário."
O incêndio do dia 24 de dezembro, que atingiu o subsolo e o 1º andar do prédio, provocou a suspensão total do atendimento por uma semana. O laudo desse primeiro incêndio ainda não foi concluído. O do incêndio de ontem deve ficar pronto em 30 dias, segundo a Secretaria da Segurança.
Questionado sobre o incêndio de ontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou que "eventualmente pode até haver" interdição do prédio. "Mas eu preferia que os técnicos [do Contru] se manifestassem." Os técnicos do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) estiveram ontem no HC para avaliar as condições do local atingido pelo fogo. A Secretaria da Habitação do município ressaltou que os técnicos não investigam as causas do incêndio -o que é feito pelo Instituto de Criminalística- e que o laudo do Contru pode ser concluído hoje.
Os promotores José Carlos de Freitas e Anna Trotta Yaryd farão hoje uma inspeção no HC acompanhados de técnicos dos Bombeiros e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Se for constatada necessidade de obras emergenciais, devem acionar a Justiça para pedir a liberação "imediata" de verba. Desde 2005, a promotoria investiga a falta de segurança no prédio e cobra reformas.
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