Pages

domingo, 9 de dezembro de 2007

"Nunca antes na história do país foi tão fácil comprar um carro. Crédito fácil e mais longo realiza sonho


Crédito fácil e mais longo realiza sonho

Financiamentos acima de 3 anos já superam R$ 52 bi: um aumento de 46,5% em comparação com 2007

Prazos cada vez mais longos com prestações que cabem no bolso realizam sonhos neste fim de ano. Com R$ 300 por mês é possível, comprar um carro, mesmo que para isso demore até seis anos para se livrar do financiamento. Também dá para fazer cirurgia plástica e até festa de casamento no crediário.

Com estabilidade econômica, aumento de emprego e renda, os empréstimos com prazo acima de três anos caíram no gosto do consumidor. Tanto é que os créditos de longo prazo foram os que mais cresceram. Segundo o Banco Central, até outubro, o saldo de financiamentos a vencer acima de 36 meses somou R$ 52,2 bilhões: acréscimo de 46,5%.

No setor automotivo, onde o crédito de longo prazo é mais comum, 70% do total de carros financiados são pagos em mais de 3 anos, diz a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). A média dos contratos é de 42 meses. Mas os planos de 84 meses (7 anos) e 72 meses (6 anos) representam, cada um, 5% dos financiamentos.

Professora de inglês, Marilena Fontanete escolheu plano de 60 meses (5 anos) para pagar seu Renault Clio. “Vendi o carro usado e, com o dinheiro, acabei de construir minha casa e decidi financiar o carro zero”, conta. Ela vai pagar R$ 708 por mês - R$ 42.480 até o fim do contrato. À vista, o Clio sairia por R$ 27 mil. “Foi bom negócio, pois com o dinheiro do aluguel pago o carro.”

O movimento de esticar prazos atingiu o comércio eletrônico. No site Comprafacil do Grupo Hermes, 95% dos clientes optam pelo parcelamento: o prazo médio é de 9 meses, ante 8 em 2006. Gustavo Bach, diretor de Marketing do grupo, diz que a entrada da classe C, de menor renda, no mercado de e-commerce levou a esse alongamento.


A indústria automobilística brasileira tem batido recordes atrás de recordes. Nunca, nem nos momentos mais eufóricos da economia, vendeu-se tanto carro por aqui. Só para comparar, em 2004 foram vendidos 1,6 milhão de automóveis no Brasil. Para 2007, a projeção é de 2,35 milhões, o maior número da história. O crescimento da produção e das vendas é tão grande que vem obrigando fornecedores como siderúrgicas e empresas de autopeças a reduzir suas exportações para atender o apetite das montadoras por matérias-primas.

Milagre? Longe disso. O que vem ocorrendo é um fenômeno facilmente explicável, que pode ser resumido em apenas sete letras: crédito. Cerca de 71% das compras têm sido feitas por consumidores que não podem (ou não querem) desembolsar um grande valor de uma vez só e preferem comprar seus carros usando algum tipo de financiamento, percentual que era de 66% há pouco mais de um ano. Vale tudo. Pode ser crédito direto ao consumidor, conhecido como CDC, podem ser operações de leasing ou mesmo os tradicionais consórcios, que vêm perdendo espaço no mercado para os financiamentos diretos. A ordem dos bancos é emprestar dinheiro.

Planos de 84 meses

Os números do setor mostram a relevância desse mercado. Entre janeiro e agosto de 2007, o total de créditos concedidos para financiar automóveis novos e usados foi de 42,6 bilhões de reais, um crescimento de 30% em relação ao mesmo período de 2006. A estimativa da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef) é encerrar o ano tendo emprestado cerca de 65 bilhões de reais para a compra de veículos, um recorde histórico absoluto.

Prazos longos, taxas de juros mais baixas e promoções - como não cobrar o frete, especialmente nos carros de luxo - têm feito parte do dia-a-dia do setor. O principal atrativo de vendas é alongar o prazo do financiamento, o que diminui drasticamente o valor da prestação. Há três anos, era difícil encontrar uma linha de financiamento, mesmo para automóveis zero-quilômetro, que superasse os 48 meses. Hoje, os prazos chegam a 84 meses, em alguns casos. Mesmo grandes bancos, tradicionalmente mais conservadores que os bancos de montadoras, têm oferecido até cinco anos para o financiamento do possante. "O prazo médio dos empréstimos era de 34 meses em 2004 e hoje é de 42 meses", diz Luiz Montenegro, presidente da Anef. "Quando se fala em crédito, esse aumento de oito meses é um período interminável."

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração