Governador fez acordo com bandidos

O fim das rebeliões no Estado e a diminuição dos ataques de bandidos trazem alívio para a população de São Paulo. Mas muita gente tenta entender como tudo acabou tão de repente. Será que o governo fez concessões aos criminosos? Policias que não querem ser identificados dizem que sim.

Homens armados, obstáculos na frente do presídio, funcionários com touca na cabeça para não serem reconhecidos. Na região oeste de São Paulo, que concentra o maior número de unidades prisionais do Estado, a tensão é enorme, desde que 765 presos foram trazidos para cá - entre eles, Marcola, considerado o líder dos bandidos. Transferência que motivou a violência dos últimos dias e que agora está no centro de uma suspeita: a de que o governo teria feito um acordo com os detentos para acabar com os ataques, rebeliões e atentados.
O governo do Estado diz que não houve qualquer negociação com os presos. Mas admite que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, recebeu a visita da advogada dele no último final de semana. Pelo regime disciplinar diferenciado a que ele está submetido em Presidente Bernardes, essa visita só poderia ter ocorrido uma semana após a sua chegada à penitenciária.

O encontro de Marcola com a advogada seria um indício de que foram feitas concessões para acabar com a violência. Quando perguntado se no diálogo foi feito algum acordo através da advogada para acabar com as rebeliões, o governador negou . O Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou o fim das rebeliões nos presídios do Estado e a suspensão dos atentados a quartéis, delegacias policiais, fóruns, agências bancárias e estações do metrô. A ordem foi dada após uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo estadual – um coronel da PM, um delegado e um corregedor – e uma advogada.

A determinação para o fim dos motins partiu de Marcola na mesma noite por meio de um “salve geral” com o seguinte conteúdo da nota: “Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9 horas de amanhã, desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau.”Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do País, com a adesão de detentos de 73 presídios no Estado.Policiais civis que investigam os crimes acreditam que os ataques vão diminuir à medida que os “soldados” forem notificados da nova ordem
Outro indício que houve acordo com o governador é que as rebeliões acabaram praticamente ao mesmo tempo: às 16h30, o governo informava que havia 20 motins no Estado: às 20h, todos haviam terminado.

REVOLTA

De acordo com um integrante da secretaria, que pediu que seu nome não fosse divulgado, a conversa com Marcola ocorreu a pedido da advogada. “Os policiais apenas a acompanharam para saber o que era conversado. Ela não podia falar com ele sozinho”, alegou. Funcionários da região se revoltaram ao saber da notícia do acerto. “Mais uma vez estão negociando com o Marcola. É por isso que o Estado perdeu o controle da situação. Se o governo ceder desta vez, é melhor entregar a chave do Estado para ele”, avaliaram os servidores indignados.


Helena