O governador Geraldo Alckmin escorregou na primeira casca de banana que lhe jogaram à frente do caminho que tenta pavimentar até a Presidência da República. Confrontado com a suspeita de que o Palácio dos Bandeirantes direcionava recursos de publicidade da Nossa Caixa para atender políticos aliados na Assembléia Legislativa, Alckmin refugiou-se no melhor estilo dos mensaleiros que desfilaram nas CPIs do Congresso: não há o que investigar, a denúncia "não tem veracidade", o governo "não interfere em banco público" e os critérios de distribuição da verba publicitária são "eminentemente técnicos".
No poder, nada mais parecido com um petista apanhado no turbilhão do mensalão do que um tucano paulista. Candidato, Alckmin prometeu "um banho de ética". À primeira pedrada, parece confirmar o novo axioma petista : 'Os partidos são todos iguais. O PT de fato não é melhor do que ninguém, mas também não é o pior'. O governador paulista nem sequer tem o benefício da surpresa. As primeiras denúncias sobre algo de torto no reino da publicidade da Nossa Caixa foram publicados pelo jornal "Folha de S. Paulo", numa seqüência de reportagens publicadas em dezembro do ano passado.
Independentemente do mérito das denúncias, o que está em questão é a postura política do pré-candidato tucano, em nada diferente da arrogância demonstrada pelo PT em relação às acusações de compra de votos no Congresso. Ao contrário de Alckmin, o Ministério Público de São Paulo, tantas vezes chamado de tucano pelo PT, e pelo menos 33 deputados que subscreveram um pedido de CPI, na Assembléia Legislativa, vêem indícios fortes o suficiente para uma investigação das contas de publicidade da Nossa Caixa.
De acordo com o requerimento de CPI assinado pelo deputado estadual Renato Simões, a Nossa Caixa gastou R$ 43,8 milhões se contrato com agências de publicidade, entre setembro de 2003 e julho de 2005. Duas empresas foram beneficiadas. Elas foram contratadas em 2002 para prestar serviços por 18 meses. Vencidos os contratos, os serviços continuaram sendo prestados sem que houvesse nova licitação ou que os contratos tenham sido prorrogados. Há a suspeita, amparada na liberação de verbas e em correspondência eletrônica trocada pelo Bandeirantes com as agências e o banco, de que empresas ligadas a deputados da base de sustentação política do governador foram favorecidas.
Alckmin reage mal à denúncia na Nossa Caixa
Alckmin é um candidato ainda desconhecido do resto do país. Suas ações como governador serão esmiuçadas na campanha. E julgadas. No momento, por exemplo, há 69 requerimentos de CPIs - o instrumento das minorias, como não se cansam de lembrar os tucanos - barrados pelo rolo compressor que o governador montou na Assembléia Legislativa. Desses, 24 requerimentos foram subscritos pelo PT. Há requerimentos para investigação na Eletropaulo, Sabesp, Metrô, Febem, Rodoanel, Fundação Padre Anchieta e - é claro - para investigar a verba de publicidade da Nossa Caixa. Não vai bastar para Alckmin, para se distinguir, dizer faça o que eu digo mas não faça o que faço.
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