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domingo, 3 de junho de 2018

Parente prejudicou a Petrobras em 2001 e fez o mesmo agora



Há muitas semelhanças entre a crise atual dos combustíveis e a da eletricidade em 2001, quando o mesmo Pedro Parente, que até agora presidia a Petrobras, atuava na gestão da crise, sendo também conselheiro da estatal. Foi ele, Pedro Parente, quem empurrou a conta para a Petrobras pagar.

O governo? Era de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O diretor de Gás da Petrobras, Delcidio do Amaral, indicado por Pedro Parente, então chefe da Casa Civil, e o executivo das termelétricas, Nestor Cerveró, como relata a jornalista Roberta Paduan em seu livro “Petrobras, uma história de orgulho e vergonha”, vencedor do Prêmio Jabuti 2017 na categoria Reportagem e Comentário.

Foi determinado, naquela ocasião, que a Petrobras deveria construir termelétricas e entregar gás natural barato com a promessa de compensação via Programa Prioritário de Termelétricas (PPT). Promessa nunca cumprida pelo governo, nem pela Eletrobras, nem pelo BNDES. De novo, agora, a Petrobras sai na frente para resolver o problema do alto preço do diesel com a promessa, do governo, de uma compensação que não se sabe como virá, nem se virá.

O principal stakeholder (público estratégico) da Petrobras é a população brasileira, que tanto é “mercado consumidor” como acionista, por meio da União. A Petrobras não pode praticar preços a seu bel prazer, virando as costas para seu público de interesse como se fosse uma Major de Oil&Gas unicamente voltada para os dividendos de seus acionistas privados. Sob o comando de Pedro Parente seguiu fazendo isso e deu no que estamos vendo.

A direção da companhia deveria, desde o início, ter acertado sua política de preços com o governo, criando, por exemplo, “colchões tributários” que possibilitassem a variação dos impostos de modo a evitar o repasse da volatilidade do preço do petróleo para os consumidores.

A política de ajustes diários, somada à menor utilização da capacidade das refinarias, golpeia fortemente a imagem da Petrobras, dando falsos argumentos aos defensores da privatização radical. É muito difícil explicar à população que, aqui, temos derivados que custam mais que o dobro do preço praticado em países vizinhos.

Temos que lidar, ainda, com a habitual esperteza dos atravessadores brasileiros, no caso, distribuidoras e postos. Ora, com o preço da Petrobras variando diariamente, por que esses agentes ficariam, eles também, mexendo todo dia no seu preço?

Com essa política, postos e distribuidoras passaram a nivelar o preço por cima e, quando a Petrobras reduz o preço, eles se apropriam da maior margem até que venha um novo aumento. Um vício de difícil solução, visto que os estoques das distribuidoras não são renovados diariamente.

E pouco se fala do GLP, o gás de cozinha. A direção da Petrobras parou de praticar a política de ajustes diários quando viu que o preço subiu excessivamente. Tarde demais. O botijão está tão mais caro que a população de baixa renda está retornando para a lenha enquanto junta dinheiro para comprar outro botijão.

Tudo feito errado, seguindo a premissa de que o Brasil pode ser um livre mercado. Resta saber se é justo pregar “cada um por si no livre mercado” de um país com tamanha desigualdade no acesso à educação, alimentação e saúde. - Juçara Braga


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