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domingo, 14 de janeiro de 2018

Em artigo, William Waack nega ser racista, mas começa o texto acusado negro de ladrão


O jornalista William Waack quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a demissão da Rede Globo, após o vídeo em que foi flagrado proferindo uma fala racista . Em artigo para o jornal Folha de S. Paulo, Waack negou ser racista.  mas começa o texto acusando o rapaz negro de ladrão: "Se os rapazes que roubaram a imagem da Globo e a vazaram na internet tivessem me abordado, naquela noite de 8 de novembro de 2016, eu teria dito a eles a mesma coisa que direi agora: "Aquilo foi uma piada"

Para quem não se lembra, em 8 de novembro, há pouco mais de dois meses, vazou um vídeo, gravado um ano antes, no qual Waack, em Washington, reclama do barulho de uma buzina na rua e diz: “Tá buzinando por quê, seu merda do cacete?... Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. Coisa de preto!”

“Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo —racial, inclusive—, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso. 

Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: ‘Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português’, escreveu o jornalista. Ainda de acordo com ele, o comentário que o fez perder o emprego foi uma “brincadeira". “Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular.

 Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão." No artigo, Waack ainda admite existir racismo no Brasil e diz ter amigos negros. “Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos. Igualmente não os distingo segundo a religião —ou pelo que dizem sobre política”, defendeu. Para o jornalista, sua demissão ocorreu porque a “mídia tradicional” tem cedido à “gritaria dos grupos organizados” para, segundo ele, “proteger a própria imagem institucional”.  “Entender esse fenômeno parece estar além da capacidade de empresas da dita ‘mídia tradicional’.

 Julgam que ceder à gritaria dos grupos organizados ajuda a proteger a própria imagem institucional, ignorando que obtêm o resultado inverso (o interesse comercial inerente a essa preocupação me parece legítimo)”, critica. No artigo, o ex-global também sugere que o posicionamento dos veículos é motivado por “covardia”. “Por falta de visão estratégica ou covardia, ou ambas, tornam-se reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que "donos" de outras agendas políticas definem como "correto".

Ao fim do texto, Waack faz um reflexão sobre o que considera ter sido “piada”. “Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento”. E conclui: “Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui”.

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Racismo agora é chamado de "irreverência" e "piada de português". Waack perdeu contato com a realidade e mostra que não aprendeu nada com o episódio. Tinha uma grande chance de fazer uma autocrítica, preferiu usar o caminho equivocado: atacar os supostos adversários. Não sei onde seus adoradores veem o melhor "jornalista" do Brasil. Não foram as redes sociais que destruiram a carreira de Waack, ele se prejudicou sozinho.

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