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domingo, 4 de junho de 2017

Vivi na pele o que aprendi nos livros



O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), escreveu nesse domingo (04), um longo artigo em que narra um pouco do dia a dia na prefeitura de São Paulo.Em uns trechos, Haddad narra humilhações, deboches e até ameaças sofridas. Sob o titulo, “Vivi na pele o que aprendi nos livros”, Haddad conta por que a Rede Band, Datena, detonavam seu governo chegando ser agressivo e mal educado: O dono da Band avisou que iria ataca-lo“O entrevero com a Band na verdade começou com o fim da Fórmula Indy. Cada edição custava 35 milhões de reais aos cofres paulistanos, piorava as condições do trânsito na Marginal Tietê e não trazia um centavo de retorno turístico para a cidade.

 O Texto é longo, mas vale a pena ler com calma e compreender o que acontece no Brasil desde 2013. Haddad é hoje o cara mais sensato do país. Abaixo um trecho. E aqui, o artigo completo

(....) A publicação dos dados dessa avaliação externa só ocorreu na Folha após semanas de negociação – e foi seguida por reportagens que, na prática, isentavam completamente o governo do estado de responsabilidade pela ausência da polícia e consequente intensificação do tráfico na região. Do Recomeço, programa de internação do governo do estado, não eram exigidos resultados e muito menos avaliação externa. A cada eleição presidencial, o governo federal era cobrado pela vigilância de 17 mil quilômetros de fronteira seca, sem que o governo de São Paulo conseguisse vigiar um quarteirão da principal cidade do país.

O que me surpreendeu foi a pós-eleição. As principais lideranças do PSDB se dividiram: Aécio começou a trabalhar por novas eleições; Serra, pelo impeachment; e Alckmin, grande vencedor do pleito de 2014, pela normalidade institucional até 2018, cenário que mais lhe favorecia.

O movimento mais visível foi o de Aécio. Pediu recontagem dos votos, ação pela cassação da chapa Dilma–Temer por abuso de poder econômico, mobilizou todos os argumentos para que o resultado das urnas não fosse aceito. A tensão aumentava a cada dia.

Convidei FHC para um almoço na prefeitura. Dias depois, fomos juntos ao Theatro Municipal. Queria entender melhor o que ele pensava. Concordamos sobre a gravidade da crise. Mas meu diagnóstico sobre seu desenrolar se mostrou totalmente errado. A certa altura do almoço, arrisquei: “Ela não governa, mas vocês não a derrubam.”

A unidade do PSDB a favor do impeachment foi construída com a participação de FHC. Alckmin, o último que resistia à ideia, finalmente foi enquadrado e a tese de Serra saiu vitoriosa.

Ao longo do ano de 2015, Serra trabalhou intensamente pela causa. Seu papel no impeachment foi subestimado. O ex-governador tucano aproximou-se muito de Michel Temer e lhe garantiu apoio. Era Serra quem telefonava para os governadores, sobretudo do Nordeste, e depois de uma conversa política passava a ligação a Temer, que a concluía com a senha “Precisamos unir o Brasil”. A articulação de Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal com Hélio Bicudo, autores do pedido de impeachment contra Dilma, teve participação direta de Serra. E, no final de 2015, a ida de Marta para o PMDB foi acertada no Senado com a participação de Serra. A estratégia servia a dois propósitos: garantia o voto da senadora pelo impeachment e criava uma candidatura competitiva alternativa à minha na periferia. (A candidatura de Erundina pelo PSOL complicaria ainda mais o quadro já fragmentado e abriria uma avenida para João Doria.)  Leia também: Áudios de Aécio e Andrea Neves revelam bastidores da relação do poder com a mídia


1 Comentários:

Unknown disse...

Excelente texto, digno de um roteiro para um documentário ou mesmo de um filme Netflix. Vou guardá-lo em minha coletânea. Identifiquei-me bastante neste texto do Haddad.

Leitura sem interrupções como um livro que te envolve e te inclui dentro da história vivida por outro ângulo. Muito interessante. Sempre fui fã do Haddad, se não fosse o monopólio político-ideológico ele seria reeleito e virtual candidato a presidente em 2018, com reais chances de se tornar um excelente sucessor do Lula. Sempre vislumbrava essa projeção.

É duro esse jogo, com forças ocultas manipuladoras com interesses escusos econômicos.

A única crítica ao Haddad que faço é que às vezes não dá para negociar sempre, ser muito pacífico e conciliador, nesse jogo deve-se enfrentá-lo com as mesmas armas do inimigo da democracia: partir para uma contra ofensiva, denunciando e acionando a justiça, como faz brilhantemente a defesa do Lula com a Equipe de advogados comandada pelo Dr. Cristiano Zanin, já recorreram até a ONU. A melhor defesa às vezes é atacar o adversário, sair das cordas e parar de ser saco de pancada. Isso faltou ao Haddad e não somente comunicação, faltou o enfrentamento dentro da normalidade constitucional. Um forte abraço Clemson

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