Na sabatina de direitos humanos do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) governo da Venezuela denunciou a corrupção no governo de Michel Temer, além das violações ocorridas no País. O discurso, entre os mais de cem países que tomaram a palavra, foi o mais duro, refletindo a crise diplomática que existe entre Caracas e Brasília nos últimos meses.
"Estamos profundamente preocupados com a corrupção generalizada no governo", disse nesta sexta-feira a delegação de Caracas.
O governo de Nicolás Maduro vem sendo atacado pelo Itamaraty pelos protestos nos últimos dias. O governo Temer também tem atacado quando fala em as ameaças a democracia.
Além disso, o governo de Maduro pediu o "restabelecimento da democracia e estado de direito, fundamental para os direitos humanos, afetados pelo golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff".
Citando a discriminação contra mulheres, indígenas, afrodescendentes e a violência contra crianças de rua, a Venezuela ainda criticou a Emenda Constitucional 95, que congela gastos por 20 anos. A emenda, segundo Caracas, é incompatível com obrigações internacionais e vai afetar 16 milhões de pessoas.
"A situação de direitos deu um passo para trás de 20 anos, com o fim do status ministerial da pasta de Direitos Humanos", completou a delegação da Venezuela.
No total, 109 governos se inscreveram para cobrar respostas do Brasil, o que deve ocorrer durante esta sexta-feira. Outros países avaliam a possibilidade de levantar o debate sobre a corrupção. Outro tema será o impacto dos cortes de orçamentos nos programas sociais, também denunciado por relatores da ONU.
Países membros das Nações Unidas são obrigados a passar por uma Revisão Periódica Universal, um mecanismo criado nas Nações Unidas para examinar todos os aspectos de direitos nos países de forma regular. Para se preparar para o questionamento, a entidade elaborou um raio-x completo sobre a situação brasileira nesse período desde o último exame do País, em 2012. Nele, a entidade revela profundas violações de direitos humanos, regressão em assuntos como terras indígenas e a incapacidade em reduzir a violência policial e as crises nas prisões.
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