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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Dilma é escolhida como uma das mulheres do ano pelo 'Financial Times'


A presidente Dilma Rousseff,  foi escolhida como uma das mulheres do ano pelo jornal britânico "Financial Times".
Dilma foi listada junto com a primeira-ministra britânica Theresa May; a ginasta olímpica americana Simone Biles; a designer de moda italiana Maria Grazia Chiuri, a cantora americana Beyoncé; a presidente sul-coreana Park Geun-hye e a americana Hillary Clinton, candidata derrotada na disputa pela presidência dos EUA, entre outras.

No passado, Leahy defendeu que o impeachment poderia jogar o Brasil "no caos". No início do ano, o jornalista também sustentou que enredo da crise política nacional estava mais parecida com a série de TV "The Walking Dead", que retrata um apocalipse zumbi, que com o drama "House of Cards".

Perfil que o jornal fez do atual presidente, Michel Temer, disse que ele tem "aparência gótica" e vida pessoal picante.

Em uma longa entrevista exclusiva ao jornal britânico Financial Times, a presidente Dilma Rousseff salientou que uma autoridade mulher é chamada de dura, enquanto um homem é chamado de forte. Dilma diz que governo à frente do País hoje é formado por velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos.

Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece incrivelmente relaxada, avaliou logo no início da entrevista o chefe  do Financial Times, Joe Leahy. A entrevista com a primeira mulher presidente do maior país da América Latina foi concedida em um hotel em Porto Alegre.

Dilma, que tem 68 anos, enfatizou sua nova paixão: andar de bicicleta - um hobby que adquiriu ainda quando estava no Palácio do Planalto e que continua a praticar na capital gaúcha, onde começou sua carreira política. O lado sério de Dilma - uma ex-guerrilheira marxista que conquistou o cargo em 2010 com o apoio do que era então um dos movimentos operários mais bem-sucedidos do mundo, o PT, nunca está longe

Leahy descreve que Dilma mostra uma indignação por exemplo, em qualquer menção sobre o governo que a substituiu, liderado pelo seu ex-vice-presidente e inimigo político, presidente Michel Temer. "É um governo de velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos", disse ela,  A reportagem salienta que a ex-presidente ainda deve estar chocada com a reviravolta de sua sorte - uma inversão que correspondeu à de sua nação, que passou de um milagre econômico de mercado emergente a um desapontamento em poucos anos.


Truques orçamentários 

O FT explica aos leitores britânicos que Dilma saiu do poder em maio  depois que o Senado a considerou culpada por uma série de manobras fiscais usadas para estimular a economia.  Ela alega que os mesmos truques orçamentários foram usados pelos seus antecessores, mas  que, pela primeira vez desde antes da segunda guerra mundial, seu governo foi o primeiro a ter as contas rejeitadas pela fiscalização das finanças públicas, o TCU.

"No final, o processo de impeachment foi um julgamento político - a verdadeira razão pela qual ela perdeu o poder foi a queda da popularidade em meio a uma recessão crescente e uma investigação na estatal Petrobras", considerou o jornal.

Para o periódico, ela foi a mulher que finalmente quebrou o teto de vidro na política brasileira, que se colocou como campeã das minorias e dos pobres através de programas como 'Sem Miséria' - enviando assistentes sociais para auxiliar os desamparados e garantir a seus regimes de assistência social. "Eu acho que a oligarquia tradicional brasileira ficou chateada com essa pequena [redistribuição da riqueza]", disse Dilma. "Após séculos de exclusão, este foi um esforço muito pequeno na inclusão. Não foi fantástico; precisa ser muito mais do que o que fizemos", continuou.

Mal-humorada amigável
A imagem pública da ex-presidente é de uma líder mal-humorada, mas pessoalmente ela pode ser informal e amigável, conforme o entrevistador. A reportagem é entremeada por várias fotos em preto e branco da ex-presidente, feitas durante a entrevista.

Outra qualidade que a define, de acordo com a publicação, é seu dogmatismo. O Financial Times conta que Dilma nasceu em 1947, em Belo Horizonte, e que começou a combater a ex-ditadura militar do país com apenas 16 anos. Conheceu o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, pai de sua única filha, antes de ser presa por três anos pelos militares em 1970. "Ela foi torturada, uma experiência que lembrou a seus oponentes durante o processo de impeachment para mostrar que ela sabia como resistir a qualquer coisa", citou a reportagem.

Detalhando o perfil da ex-presidente, o jornal lembra que a primeira vez que Dilma foi eleita, já foi para a Presidência em 2010, depois de ter sido ministra no governo de seu predecessor e mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O FT destaca que Lula deixou para sua sucessora um crescimento econômico de 4% ao ano, em média.

"É um governo de velhos brancos ricos", diz Dilma sobre sua sucessão ao FT

Para Dilma, a proposta de Temer de congelar o crescimento dos gastos orçamentários por 20 anos é uma "loucura". "Durante uma recessão, uma política de austeridade é o suicídio", disse ela. "No curto prazo, você tem que aumentar o investimento público."

Dilma  disse que o impeachment foi  golpe. O jornalista questiona, então, por que ela não permaneceu no palácio presidencial de Brasília (citado como uma das obras-primas do arquiteto Oscar Niemeyer), em um posicionamento de resistência como a jovem guerrilheira teria feito. A ex-presidente responde que a luta atual é diferente. E argumentou que, em todos os lugares, o 'neoliberalismo' está ruminando os fundamentos da democracia.

A melhor maneira de enfrentar essa ameaça, de acordo com ela, é usar as instituições democráticas, como quando foi ao Senado durante o processo de impeachment para enfrentar seus opositores. "Por que não poderia ceder à tentação de amarrar-me a uma das belas colunas de Niemeyer no Palácio? Porque nesta fase, a melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate. A verdade é o oxigênio da democracia."

Calcanhar de Aquiles
O FT destaca também menciona que, pessoas que trabalharam com ela dizem que, ao contrário de muitos políticos brasileiros, Dilma não é uma pessoa corrupta.

O jornal menciona que Dilma não foi acusada de nenhum crime. "Ela insiste que nunca suspeitou de nada - apesar de um inquérito do Congresso sobre a corrupção na empresa em 2009, quando ainda era presidente, e os custos enormemente inflacionados dos projetos da empresa", trouxe a publicação.

Dilma insistiu também durante a entrevista que, se não fossem as reformas que ela introduziu para combater a corrupção, a investigação Lava Jato nunca poderia ter acontecido.

Questionada sobre o futuro, a ex-presidente disse que não pretende mais concorrer a cargos eletivos. "Mas continuarei a ser politicamente ativa", avisou. Ela é membro do conselho da Fundação Perseu Abramo,  e planeja viajar para o exterior para informar outros países sobre o retrocesso imposto pelo governo Temer.

Para as mulheres, ela queria deixar um legado de uma presidente bem sucedida, não um impeachment, disse Dilma ao periódico. "Em todo o caso, vou deixar como legado para as mulheres minha trajetória. Eu digo que nós (mulheres) não somos pessoas que desistem, que se dobram sob a adversidade." Para ela, as mulheres sempre enfrentam algum nível de discriminação, mesmo em "sociedades mais civilizadas".

Dilma, lembra a reportagem, foi frequentemente acusada de ser uma dama de ferro, supostamente tão "dura" que fez ministros chorarem em seu gabinete quando não apresentaram o dever de casa. "Quando você é uma autoridade mulher, eles dizem que você é dura, seca e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador", comparou.

Sobre o período, Dilma brinca que o mais frustrante foi que ela foi pintada como um ogro, enquanto os homens na política brasileira ficaram "cheirando a rosas". "Um dia, depois de me cansar de ouvir o quão dura eu era, eu disse (sarcasticamente) que sim. Isso mesmo, eu sou uma mulher dura rodeada por homens doces. Todos eles são muito doces."Leia ainda; Juiz se confraterniza com caciques do PSDB durante evento no Mato Grosso e em São Paulo

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