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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Calmon apimenta vatapá ao dizer que faltam juízes na delação, diz Elio Gaspari



O jornalista e escritor Elio Gaspari, em artigo na Folha de S. Paulo, comenta as declarações da ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon em entrevista a Ricardo Boechat. Na ocasião, Eliana Calmon declarou que "delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação".  "É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer."

Gaspari destaca que, "de fato", "no grande vatapá da empreiteira não entrou juiz". "Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, é uma 'chef' diletante. Seu livro Receitas Especiais está na décima edição. Ela diz que faz seus pratos por instinto mas não foi o instinto que a levou a jogar um litro de pimenta na festejada colaboração da Odebrecht com a Justiça", diz Elio Gaspari na abertura do artigo no jornal paulista.

O jornalista ressalta que a incredulidade da ex-ministra "expõe uma impossibilidade estatística", já que a empreiteira listou o presidente Michel Temer e o ex-presidente Lula, nove ministros e ex-ministros, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 parlamentares, três servidores, dois vereadores e um empresário, mas nenhum nome do Judiciário.

"Eliana Calmon, como a Odebrecht, é baiana. Como corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça, ela foi uma ferrabrás. Antes do surgimento da Lava Jato, a ministra prendeu empreiteiros, brigou com colegas e denunciou a rede de filhos de ministros de tribunais superiores que advogam em Brasília", recorda Elio Gaspari.

O jornalista frisa ainda que a ex-ministra, durante sua campanha ao Senado pelo PSB da Bahia em 2014, informou junto com o seu partido o recebimento de doações legais da Odebrecht, da Andrade e da OAS.

"Se nenhum executivo da Odebrecht falou do Judiciário, pode ter sido porque nada lhe perguntaram. Existiriam motivos funcionais para que não fossem feitas perguntas nessa direção", continua Elio Gaspari para o jornal paulista. "Vazamentos astuciosos como o de um suposto depoimento envolvendo o ministro José Antonio Toffoli dão a impressão de que, mesmo não havendo referências ruidosas, existe algum arquivo paralelo, sigiloso e intimidatório."

"A declaração de Calmon a Boechat apimentou o vatapá. O corregedor Nacional de Justiça, ministro João Otavio de Noronha, estaria disposto a abrir uma investigação nas contas da campanha da ex-colega (ambos estranharam-se quando conviviam no tribunal)", completa o jornalista. "Essa briga será boa e a vitória será da arquibancada."Leia ainda: Aécio Neves, o Mineirinho da Odebrecht, depõe na PF. Imprensa abafa

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