A Polícia Federal apontou, em documentos que constam da investigação deflagrada nesta quinta-feira (6), que o ex-secretário de saúde do Maranhão Ricardo Murad, que é cunhado da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB-MA) e foi homem forte de sua administração até 2014, recebeu "informações privilegiadas" sobre uma operação da PF que ainda tramitava em segredo de Justiça, em 2015.
Nesta quinta-feira (5) foram deflagradas duas fases (Abscôndito e Voadores) derivadas da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada em 2015 para investigar supostos desvios de recursos públicos na saúde do Maranhão. A Justiça levantou o sigilo da documentação.
Ao longo da apuração, empresários investigados que estavam com seus telefones interceptados com ordem judicial mencionaram reuniões e contatos com pelo menos um deputado federal e um deputado estadual para saber como proceder nos dias anteriores à ação da PF.
"Durante a execução desta medida cautelar, nosso escritório de análise [da PF] percebeu uma série de indícios de que os investigados souberam antecipadamente da deflagração daquela operação e agiram para destruir e/ou ocultar provas", informou, ao Judiciário, a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e a Desvio de Recursos Públicos da Superintendência da PF do Maranhão.
No dia 11 de agosto de 2015, três meses antes da deflagração da Sermão aos Peixes, o ex-secretário escreveu em sua página em uma rede social os nomes das empresas e o número de pessoas que seriam "alvos" da operação. Nesse período, segundo a PF, a operação "caminhava para sua fase final".
"Tomei conhecimento hoje, por fontes muitíssimas bem informadas no Palácio dos Leões [sede do governo estadual], de uma operação da Polícia Federal na iminência de ser deflagrada com entusiasmo e conhecimento prévio do governador Flávio Dino e de seu irmão Nicolao Dino, subprocurador geral da República", escreveu Murad. Ele também indicou duas organizações não governamentais, a ICN e a Bem Viver, que de fato foram objeto da operação.
Segundo Murad, seriam "desnecessárias medidas espetaculares e midiáticas que servem apenas para constranger, uma vez que eu —e pelo que sei, todos que comigo trabalharam diretamente— sempre me coloquei à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos".
No mesmo dia 11, Murad peticionou à 4ª Vara Federal de Tocantins para dizer que estava à disposição "para qualquer esclarecimento". Segundo o ex-secretário, ele tomou conhecimento de que "possivelmente" tramitava "algum procedimento administrativo criminal, inquérito policial, ação penal".
Para a PF, essa movimentação de Murad teve caráter "em tese, lícito", porém outros investigados, a partir do mesmo vazamento, "extrapolaram o direito à autodefesa e teriam sido praticadas, de forma consciente e voluntária, com a finalidade específica de impedir e embaraçar a investigação sobre a organização criminosa especializada em desviar recursos públicos federais destinados ao sistema de saúde do Estado do Maranhão".
Segundo a PF, a investigação "deparou com diversas outras conversas que citam a ocorrência de reuniões políticas para tratarem da operação que ainda seria deflagrada". Tudo teria ocorrido "desde a divulgação por Murad de detalhes da operação em 11 de agosto de 2015".
A PF apontou que um dos principais investigados também se livrou de parte de seu patrimônio após a deflagração da operação. O Cobra (Centro Oncológico Brasileiro) possuía duas aeronaves, um Embraer 810D e um Beech Aircraft G58. No dia 19 de novembro de 2015, três dias após a deflagração da operação, contudo, o Cobra transferiu a propriedade do Beech.
A PF também desconfiou do valor da transação. Em 27 de maio de 2013, o avião fora adquirido por R$ 2,5 milhões. Dois anos depois, porém, o mesmo avião foi vendido por R$ 402 mil.
O avião foi apreendido nesta quinta-feira (6). Segundo a PF, há "indícios veementes" de que o avião foi comprado, em 2013, "com recursos públicos federais desviados" de uma ONG, a Bem Viver. As informações são da Folha
Nesta quinta-feira (5) foram deflagradas duas fases (Abscôndito e Voadores) derivadas da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada em 2015 para investigar supostos desvios de recursos públicos na saúde do Maranhão. A Justiça levantou o sigilo da documentação.
Ao longo da apuração, empresários investigados que estavam com seus telefones interceptados com ordem judicial mencionaram reuniões e contatos com pelo menos um deputado federal e um deputado estadual para saber como proceder nos dias anteriores à ação da PF.
"Durante a execução desta medida cautelar, nosso escritório de análise [da PF] percebeu uma série de indícios de que os investigados souberam antecipadamente da deflagração daquela operação e agiram para destruir e/ou ocultar provas", informou, ao Judiciário, a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e a Desvio de Recursos Públicos da Superintendência da PF do Maranhão.
No dia 11 de agosto de 2015, três meses antes da deflagração da Sermão aos Peixes, o ex-secretário escreveu em sua página em uma rede social os nomes das empresas e o número de pessoas que seriam "alvos" da operação. Nesse período, segundo a PF, a operação "caminhava para sua fase final".
"Tomei conhecimento hoje, por fontes muitíssimas bem informadas no Palácio dos Leões [sede do governo estadual], de uma operação da Polícia Federal na iminência de ser deflagrada com entusiasmo e conhecimento prévio do governador Flávio Dino e de seu irmão Nicolao Dino, subprocurador geral da República", escreveu Murad. Ele também indicou duas organizações não governamentais, a ICN e a Bem Viver, que de fato foram objeto da operação.
Segundo Murad, seriam "desnecessárias medidas espetaculares e midiáticas que servem apenas para constranger, uma vez que eu —e pelo que sei, todos que comigo trabalharam diretamente— sempre me coloquei à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos".
No mesmo dia 11, Murad peticionou à 4ª Vara Federal de Tocantins para dizer que estava à disposição "para qualquer esclarecimento". Segundo o ex-secretário, ele tomou conhecimento de que "possivelmente" tramitava "algum procedimento administrativo criminal, inquérito policial, ação penal".
Para a PF, essa movimentação de Murad teve caráter "em tese, lícito", porém outros investigados, a partir do mesmo vazamento, "extrapolaram o direito à autodefesa e teriam sido praticadas, de forma consciente e voluntária, com a finalidade específica de impedir e embaraçar a investigação sobre a organização criminosa especializada em desviar recursos públicos federais destinados ao sistema de saúde do Estado do Maranhão".
Segundo a PF, a investigação "deparou com diversas outras conversas que citam a ocorrência de reuniões políticas para tratarem da operação que ainda seria deflagrada". Tudo teria ocorrido "desde a divulgação por Murad de detalhes da operação em 11 de agosto de 2015".
A PF apontou que um dos principais investigados também se livrou de parte de seu patrimônio após a deflagração da operação. O Cobra (Centro Oncológico Brasileiro) possuía duas aeronaves, um Embraer 810D e um Beech Aircraft G58. No dia 19 de novembro de 2015, três dias após a deflagração da operação, contudo, o Cobra transferiu a propriedade do Beech.
A PF também desconfiou do valor da transação. Em 27 de maio de 2013, o avião fora adquirido por R$ 2,5 milhões. Dois anos depois, porém, o mesmo avião foi vendido por R$ 402 mil.
O avião foi apreendido nesta quinta-feira (6). Segundo a PF, há "indícios veementes" de que o avião foi comprado, em 2013, "com recursos públicos federais desviados" de uma ONG, a Bem Viver. As informações são da Folha
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