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terça-feira, 19 de julho de 2016

Cunha organizou encontro em segredo entre Temer e Azevedo da Andrade Gutierrez



Entre 2012 e 2014, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) organizou pelo menos três encontros do então presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, com o então vice-presidente Michel Temer. Os encontros não constaram da agenda oficial do vice. As mensagens em que Cunha e Azevedo combinam as reuniões foram registradas em anexos do relatório sobre a perícia que a Polícia Federal fez em um celular do executivo, e incluídas em inquérito público da Operação Lava-Jato.

A assessoria do presidente interino, Michel Temer, confirmou um dos encontros, realizado em 2014, a três meses das eleições, e alegou “razões técnicas” para não inclusão do ato na agenda oficial do então vice-presidente

 De acordo com as mensagens, a reunião ocorreu no gabinete da Vice-Presidência, no anexo do Palácio do Planalto, em Brasília. Pelos textos, não é possível saber o tema tratado. A assessoria de Temer afirma que Azevedo informou, no encontro, que faria uma doação eleitoral ao PMDB. Em 2014, a Andrade Gutierrez doou R$ 11,4 milhões ao PMDB.

Em 30 de julho de 2014, Cunha escreveu: “Tenho que lhe falar”. O executivo respondeu: “Falo com certeza”.

Logo depois de discutir o melhor local e horário para o encontro, Cunha anotou: “Você pode sair e ir ao Jaburu me encontrar e ao michel se quiser”.

“Que horas no michel?”, perguntou Azevedo. “Michel eu vou às 12 e fico até 14h30”, replicou Cunha. O executivo finalizou: “Chego às 14h, ok?”

“Ok”, respondeu Cunha. Meia hora depois, o deputado corrigiu:
“Não será mais Jaburu e sim gabte da vice”. A resposta de Azevedo foi “Ok”.

O conjunto de mensagens mostra que Azevedo tinha intimidade com Cunha. Em dezenas de conversas entre 2011 e 2014, eles acertaram mudanças “em segredo” de textos legislativos, encontros e até pagamentos a serem realizados em contas do PMDB e de empresa de Cunha. Além do WhatsApp, os dois também usavam aplicativos que destroem as mensagens.

Em 4 de abril de 2012, há registro de outro encontro que Cunha tentou intermediar com Temer em São Paulo. Nesse dia, Temer teve audiências oficiais, registradas na agenda. Às 15h49m, Cunha escreveu a Azevedo: “O michel cansou de te esperar e foi embora. fiquei só eu”.

O executivo respondeu: “Você é que me interessa. O Michel é um grande líder e eu não poderia incomodá-lo. Mas na verdade não sabia que ele estaria aguardando com você. Estou chegando mas tem alguma merda acontecendo na cidade. abs”. Cunha deu risadas: “Rsrsrsrs abs”.

Quatro meses depois, há registro de marcação de um novo encontro de Temer com Azevedo, na residência oficial do vice. Em 7 de agosto de 2012, Cunha escreveu para Azevedo: “Tá confirmado 20h30 Jaburu”. No relatório não há registro de resposta do executivo.

Ao ser perguntado sobre os temas tratados nos encontros, Cunha respondeu: “Não me recordo desses diálogos, não me recordo se teve esse encontro, logo não posso também me lembrar dos motivos das risadas, se é que existiram”.

A assessoria de Temer informou que ele e Azevedo tinham “relacionamento institucional e não precisavam de intermediários para marcar encontros”. Temer disse não se recordar de encontros em 2012. “Em 2014, (Temer) conversou com Azevedo, quando este comunicou que faria contribuição de campanha, voluntária e oficial, para campanhas do PMDB, tudo devidamente declarado posteriormente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, afirmou a assessoria.

PF fala em brincadeira...É isso que diz o Estadão

Em mensagens, família de empreiteiro brinca sobre compra de votos para Aécio 

 Crime previsto na legislação eleitoral, a compra de votos é motivo de brincadeiras para a família do segundo maior empreiteiro do País, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo.

Em um diálogo no Whatsapp com suas filhas no dia 17 de outubro de 2014, a uma semana do segundo turno das eleições presidenciais, ele e sua família, apoiadores públicos da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República em 2014, chegam a sugerir, em tom de brincadeira, a compra de votos em favor do tucano.

"Mamãe ligou pra Cleide hoje e disse pra ela que vai dar R$ 100 pra ela caso ela consiga 50 votos pro Aécio!!! kkk", diz uma das filhas do executivo. Ao que outra responde: "Eu tenho uma oferta melhor". Antes de comentar sua "proposta" porém, ela é interrompida por Otávio Azevedo.

"Crime eleitoral, pode impugnar o Aécio se vazar", diz o pai. A segunda filha, contudo, já havia escrito a mensagem: "Eu dou R$ 50.000 pra mamãe se ela conseguir fazer a Raquelzinha filha da Constança votar no Aécio!!!"

A primeira filha, por sua vez, responde ao empresário e diz que era apenas uma brincadeira, ao que ele responde: "É lógico que sim, eu estava do lado dela quando ela falou! Fique tranquila, foi gozações (sic)."

Pego na Lava Jato, Otávio Azevedo fez acordo de delação premiada e revelou em detalhes a atuação de uma das maiores empreiteiras brasileiras em esquema de corrupção na Petrobras, no setor elétrico e até em obras da Copa do Mundo.

Atualmente ele cumpre prisão domiciliar. Sua empresa também fez um acordo de leniência no qual aceitou devolver R$ 1 bilhão e revelou a atuação do cartel de empreiteiras em vários setores da economia brasileira.

Em sua residência na capital paulista, a Polícia Federal apreendeu no ano passado sete aparelhos celulares, que revelaram em detalhes os contatos e o cotidiano do empreiteiro com o mundo empresarial e político - além de mensagens que mostram o apoio de seus familiares mais próximos ao candidato tucano que acabou sendo derrotado nas eleições de 2014.
Leia também: A quadrilha das propinas no Hospital das Clínicas em São Paulo

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