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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Fraude pode ter irrigado campanha de Campos e Marina em 2010, diz PF



Um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião que caiu matando o ex-candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) em agosto de 2014 pode ter servido para irrigar a campanha presidencial da chapa de Campos e Marina Silva em 2014, além da eleição para governador dele em 2010, de acordo com a Polícia Federal.

Quatro pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (21) na operação Turbulência, deflagrada pela PF para investigar o suposto esquema em Pernambuco e Goiás suspeito de ter movimentado cerca de R$ 600 milhões desde 2010.

Entre os detidos estão os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. Eles são donos do Cessna Citation PR-AFA, aeronave envolvida no acidente que matou o ex-governador pernambucano. Foi a partir do avião a PF descobriu operações suspeitas na conta de empresas envolvidas na sua aquisição.

"Vimos que a movimentação financeira não foi só para a compra do avião. Eles [empresas de fachadas e laranjas, segundo as investigações] intercambiavam muito entre si. Desde 2010 as empresas tinham transações volumosas, que se intensificaram em 2014. Por coincidência ou não, as transações caíram após o acidente", detalhou a delegada Andréa Albuquerque.

DÍVIDAS DE CAMPANHA

A empresa Câmara & Vasconcelos Locação, envolvida na compra da aeronave e já citada no âmbito da Lava Jato em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef, recebeu R$ 18,8 milhões da empreiteira OAS por locação e terraplanagem nas obras de transposição do Rio São Francisco.

Este montante, segundo os investigadores, pode ter servido à aquisição da aeronave e também para outras despesas e dívidas de campanha. A operação Turbulência compartilhou informações com a Lava Jato.


Os dados sobre o pagamento de R$ 18,8 milhões da OAS à Câmara & Vasconcelos estão em um dos quatro inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal tendo Fernando Bezerra Coelho como investigado. O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria financiado a compra do avião, segundo a PF, se utilizou no total de 18 contas bancárias, entre pessoas físicas e jurídicas.

Além das campanhas presidenciais e para governador de Pernambuco, a polícia suspeita que os recursos ilícitos foram injetados também na campanha ao Senado do ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional).

PRISÕES

Embora não apareça no quadro societário da empresa, Paulo Cesar de Barros Morato é considerado pela PF como proprietário dela. Ele teve mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça e não havia sido localizado até o final desta manhã.

Dois empresários, Melo Filho e Bezerra Leite, foram presos ainda de madrugada, quando desembarcavam em São Paulo vindos do Recife. O último transportava US$ 10 mil em espécie e estava com viagem marcada para Miami, nos EUA. Os outros dois, Apolo Santana Vieira e Arthur Roberto Lapa Rosal, foram detidos na capital pernambucana.

Ao todo, foram cumpridos na operação Turbulência 35 mandados de busca e apreensão e 16 de condução coercitiva, além do sequestro de embarcações, dois helicópteros e um avião. Leia também: No golpe dentro do golpe, só os bancos arrastam as fichas

PF apreendeu helicóptero, lancha, armas e carros de luxo na Operação Turbulência

Dinheiro, carros de luxo, helicóptero, armas e uma lancha. Esse foi o balanço final da Operação Turbulência deflagrado nesta terça-feira, 21, pela Polícia Federal (PF) no Estado de Pernambuco, como parte de um esquema milionário de desvio de recursos públicos em obras da transposição do São Francisco e da Refinaria Abreu e Lima.

Conforme levantamento apresentado nesta quarta-feira, 22, a PF apreendeu dois helicópteros, uma lancha e oito carros importados. Na ação, também foram apreendidos dois revólveres calibre 22, um revólver calibre 38 e espingarda calibre 12. Todo o material, informou a PF, passará por uma perícia técnica.

Além dos bens de luxo e do armamento, foram apreendidos celulares e documentos, material no qual a PF pretende encontrar informações que apontem para o envolvimento de outras pessoas, o que levaria ao desdobramento das investigações.

As apreensões fazem parte de 60 mandados judiciais, entre eles cinco de prisão e 22 de condução coercitiva. Outros 33 foram de busca e apreensão.

A Operação teve como principal objetivo desmantelar um esquema criminoso de empresas fantasmas que teria desviado aproximadamente R$ 600 milhões. Parte do esquema de lavagem teria abastecido o caixa 2 da campanha à reeleição de Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco, em 2010, e também a campanha presidencial dele, falecido após queda de avião em plena disputa eleitoral em agosto de 2014.

Investigações da PF apontam ainda que os empresários presos durante a ação (João Lyra de Mello Filho, Apolo Santana Vieira, Paulo Sérgio de Barros, Eduardo Bezerra Leite e Arthur Lapa Rosal) recebiam dinheiro por supostos serviços nas obras do São Francisco e na Refinaria Abreu e Lima e repassavam para políticos do Estado.

Paulo Sérgio continua foragido. Os demais foram presos e os advogados não se pronunciaram.

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