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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Ao Ministério Público, Marcos Valério promete documentos da propina para o PSDB


O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, preso desde 2013 por envolvimento no mensalão,  teria prometido ontem ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entregar documentos originais de empréstimos realizados pelo Banco Rural supostamente para financiar campanhas eleitorais e esquemas de corrupção tucanos em Minas Gerais.

De acordo com fontes ouvidas por jornal  O Tempo o incentivo a uma delação de Valério partiu da defesa do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que citou a suposta maquiagem em dados do banco em sua delação premiada à força-tarefa da Lava Jato.

Embora tivesse acompanhado o caso na CPI dos Correios como presidente do colegiado, Delcídio teria apenas sua palavra sobre o fato e precisaria de mais subsídios para garantir os benefícios de um acordo com os investigadores.

Nas tratativas para delação premiada relacionada ao mensalão tucano, esquema que teria financiado ilegalmente a campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998, Marcos Valério promete apontar outras testemunhas que já estariam dispostas a falar sobre o assunto e garantiu ter os documentos para comprovar as acusações.

O principal deles um conjunto de arquivos e extratos bancários que mostrariam o real cenário dos empréstimos feitos no Banco Rural e que teriam sido maquiados antes de serem entregues à CPI dos Correios em 2005, como disse Delcídio. A suposta fraude está em investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito aberto após a delação do senador cassado.

O CASO. 

Em seu acordo com a força-tarefa da operação Lava Jato, Delcídio do Amaral afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na época governador de Minas Gerais, teria atuado no sentido de alterar dados obtidos no Banco Rural pela CPI. O próprio delator afirma que, na ocasião, como presidente do colegiado, identificou algumas "maquiagens" em "dados comprometedores" fornecidos pelo banco e que, segundo ele, prejudicariam o ex-governador e o ex-vice-governador Clésio Andrade - além da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de Marcos Valério.

No relato de Delcídio, a maquiagem teria servido para esconder a gênese do mensalão, que teria surgido em Minas. Ele ainda cita na delação o hoje prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), na época deputado federal pelo PSDB, de quem teria ouvido detalhes do caso. Ele e Aécio são alvos do inquérito que está nas mãos do ministro Gilmar Mendes no STF.

Tanto na ocasião da divulgação da delação premiada quanto na da aceitação do inquérito pelo Supremo, o senador Aécio Neves e o prefeito do Rio rechaçaram as acusações. Aécio disse que as revelações são "mentirosas, que não se sustentam na realidade e se referem apenas a ouvir dizer de terceiros".

DEPOIMENTO. 

Ontem, Valério foi ouvido por três promotores de Defesa do Patrimônio Público. Ele falou por cerca de três horas com os membros do Ministério Público e detalhou como poderia colaborar com as investigações do mensalão tucano, que ainda está sendo julgado pela Justiça mineira.O próprio Valério é réu em uma das ações do caso.

De acordo com fontes próximas das negociações para acordo de delação, Valério teria munição para implicar até 18 pessoas, incluindo cerca de dez autoridades que têm foro privilegiado nos níveis federal e estadual.

Benefícios

Transferência. Um dos pedidos de Marcos Valério para os promotores é que ele seja transferido para uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Atualmente, ele cumpre pena na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, também na região metropolitana. Desde o ano passado, a defesa dele tenta essa mudança de acautelamento.

 Preso desde novembro de 2013 Marcos Valerio foi condenado a 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

 Segundo apurou a reportagem do jornal O Tempo, Marcos Valério também decidiu colaborar com as investigações ao se assustar com a alta pena aplicada ao ex-governador e ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), condenado em primeira instância a 20 anos e dez meses de prisão por participação no mensalão mineiro. Com uma pena que ultrapassa 37 anos no mensalão, Valério temia passar o resto da vida atrás das grades.
Leia também: No golpe dentro do golpe, só os bancos arrastam as fichas

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