Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso indicou Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal, o jurista Dalmo Dallari fez um alerta: "Se essa indicação vier a ser aprovada, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional".
Dallari pode ter exagerado, porque a corte tem outros dez ministros para zelar pela Constituição, mas a atuação de Gilmar inspira desconfiança desde que ele vestiu a toga.
A presença constante na mídia, a agressividade em declarações contra o governo e a proximidade com políticos do PSDB lhe renderam o apelido de "líder da oposição" no STF. Gilmar não parece preocupado com isso. Desde que a crise política se agravou, ele usa todas as oportunidades para atacar Dilma e o PT.
A presidente e o partido dão muitas razões para críticas, mas espera-se de um ministro do Supremo que não tome lado na luta política e atue com imparcialidade. Gilmar não parece preocupado com isso. Em julho passado, ele foi à casa de Eduardo Cunha discutir o impeachment. O deputado já era investigado na Lava Jato por suspeita de corrupção.
Em setembro, o ministro estrelou evento na sede da Fiesp. A entidade é comandada por um afilhado político de Michel Temer e promove campanha aberta pela queda da presidente. Gilmar não parece preocupado com isso. Aproveitou o palanque para repetir ataques ao PT. Sobre o correntista suíço, nenhuma palavra.
Na última quarta, Gilmar almoçou com o tucano José Serra, segundo o jornal "O Globo". Após a sobremesa, voltou ao STF e discursou contra a nomeação de Lula para a Casa Civil, que não estava em debate.
Dois dias depois, o ministro atendeu pedido do PSDB e anulou a posse do ex-presidente. Tudo indica que ele deveria se dizer suspeito por falta de isenção para julgar o assunto, muito menos sozinho. Mas Gilmar não parece preocupado com isso. Nota de Bernardo Franco Mello - Na Folha
2 Comentários:
Seriamente concordo com o jurista.
Helena, vamos celebrar o encontro entre o GATO e o RATO cantando o samba Balaio de Gato e de Rato, de Martinho da Vila:
É José
Esta vida é um barato
Agora o gato e o rato
Estão comendo no mesmo prato
O gato dá queijo pro rato
O rato dá peixe pro gato
Antigamente o gato
Com o rato não se dava
Onde estava o gato
O rato nunca ficava
Hoje os dois vivem juntos
Afanam de parceria
A dupla está formada
Um rouba e o outro vigia
É por isto
Que a nossa despensa anda vazia
Sempre tivemos ratos
Pra fazer a gente de gato e sapato
Roiam, roubavam, fugiam
Com medo do pulo do gato
Não entravam no balaio
Se escondiam num buraco
Mas agora balaio de gato
É balaio de gato e rato
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