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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

'El País': Não é “confronto”, é repressão


Em 2013, a violência da PM contra manifestantes deixou um fotógrafo cego e dezenas de feridos

Matéria publicada nesta quinta-feira (3) no jornal El País, questiona se é possível que um estudante de 15 anos, de bermuda, chinelo e mochila, enfrente um policial, com colete à prova de tiros, um cassetete na mão e uma arma de fogo na cintura? Que tipo de enfrentamento é esse?

Quando dezenas de policias devidamente paramentados partem para cima de alunos menores de idade com a truculência que tem a Polícia Militar, isso não é confronto, mas repressão.
 Sejamos coerentes: a polícia reprime manifestantes. E não entra em confronto com eles. A não ser que estejamos falando de manifestantes que sejam bandidos de alta periculosidade capazes de enfrentarem a polícia. Estudantes só conseguem, no máximo, correr dela. Isso quando as tiras das havaianas não soltam no meio do caminho.
 Nos últimos dias, quanto mais o governo Alckmin falou em diálogo, mais a polícia reprimiu os adolescentes nas ruas e nas escolas. Essa atitude da PM, que não condiz com o discurso proferido pelo Governo, só contribui para o aumento da tensão com os estudantes. E a possibilidade de haver, de fato, uma negociação parece ficar ainda mais distante.
Polícia Militar X militantes: uma batalha também nas redes sociais secundaristas se organizam com “manual de como travar uma avenida”Por que a reforma que afeta 300.000 alunos em SP virou caso de polícia? Após ato, black blocs tentam invadir sede do Governo estadual.  Soma-se a isso o já conhecido histórico de abusos da Polícia Militar. Em junho de 2013, a violência da PM para reprimir manifestantes deixou um fotógrafo cego de um olho e dezenas de feridos. O confronto, neste caso, tem sempre o mesmo perdedor.

Já reprimir, significa sustar a ação ou movimento de; conter, reter, moderar, coibir (...). Essas palavras são mais coerentes com a ação da PM quando é acionada para controlar a manifestação dos secundaristas. Quando um batalhão munido usa bombas de efeito moral para conter um punhado de estudantes, ou arrasta meia dúzia deles para a delegacia mais próxima para encerrar uma manifestação.

Das jornadas de junho pra cá, São Paulo foi tomada outras dezenas de vezes por manifestações, principalmente na região central da cidade. Algumas delas contaram com a presença de black blocs, grupo de mascarados que tem como tática provocar a polícia que, neste caso sim, entra em confronto com o grupo e acaba por reprimir todo o resto da marcha. Essa é a diferença.

Nos últimos dias, as manifestações dos estudantes contrários à reorganização escolar não têm a participação dos black blocs. Ainda assim, elas estão terminando em repressão, o que demonstra que, no mínimo, a secretaria de Segurança Pública não aprendeu ainda a lidar com manifestações. Talvez nunca aprenda. Mas nós já não podemos ignorar a grande diferença entre confrontar e reprimir. Do JB

1 Comentários:

De Antoni disse...

O que vem acontecendo em São Paulo me deixa bastante envergonhado, pois quem manda bater em professores e estudantes desarmados e os que batem são os mesmos que quando há protestos contra o governo federal observam tudo com complacência para não se dizer conivência... Nós paulistas precisamos acordar e entender que a truculência e atos ditatoriais não condizem com a democracia.

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