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sábado, 22 de agosto de 2015

O sócio oculto de Cunha, Fernando Baiano, vai contar tudo na delação



Fernando Baiano é peça-chave para o enredo de Cunha na Lava-Jato. A história narrada na denúncia de Eduardo Cunha é impactante. Para o Ministério Público, não há dúvidas de que o presidente da Câmara recebeu propina por negócios com a Petrobras, e, por isso, o procurador- geral, Rodrigo Janot, pediu a abertura de ação penal contra ele. Provavelmente convencerá os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a fazê-lo, mas será o bastante para uma futura condenação? A narrativa é verossímil, principalmente no depoimento do lobista Júlio Camargo, delator da Lava-Jato. As evidências apresentadas nas 85 páginas da peça assinada por Janot põem o peemedebista na trama. Faltam suas impressões digitais no dinheiro.

Conta Júlio Camargo que, a partir de 2006, a coreana Samsumg Heavy Industries passou a pagar propina em troca de contratos de aluguel de navios para a Petrobras. O delator diz que recebia o dinheiro da empresa e repassava parte dele ao operador do PMDB na estatal, Fernando Baiano. Este, por sua vez, encaminhava uma fração para Eduardo Cunha.

A propina, na descrição de Camargo, deixou de ser entregue em 2011. Em retaliação, de acordo com o delator, Cunha passou a pressionar empresas que participaram do negócio por meio de requerimentos de informação apresentados por aliados políticos. O objetivo seria obter dados de investigações que pudessem causar embaraços a essas empresas, para que elas voltassem a pagar as comissões.

Este é o ponto alto da denúncia. Os tais requerimentos, de fato, foram apresentados pela então deputada Solange Almeida, também do PMDB, aliada de primeira hora do presidente da Câmara. E mais: os registros dos computadores da Câmara mostram que o arquivo eletrônico do requerimento foi aberto no gabinete de Eduardo Cunha. Trata-se de uma prova concreta.

Camargo também diz que ele, Baiano e Cunha se encontraram num escritório no Leblon para tratar da retomada do pagamento da propina. Os investigadores foram a campo e comprovaram que Baiano esteve no local ao rastrearem as antenas de celular e os arquivos de um estacionamento. Cunha estaria no carro de Baiano, mas ainda não há registro formal de sua presença, como atesta o delator.

Seguindo os mandamentos clássicos da boa investigação, a Lava-Jato refez o caminho do dinheiro. Conseguiu documentos que comprovam a cadeia de repasses, mas só até Baiano. Os pagamentos a Cunha, por terem sido feitos em sua maioria em dinheiro, não estão documentados. Eis uma fraqueza da investigação.

Em resumo, a denúncia é consistente. A chave para amarrá-las é, sem dúvida, Fernando Baiano. Não por acaso, os procuradores estão negociando em Curitiba um acordo de delação premiada com ele. Se Baiano resolver falar e, principalmente, entregar provas, a história deverá ter começo, meio e fim.

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