Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, prestou depoimento à Justiça Federal, com trechos devastadores para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.
“Fui bastante apreensivo (ao encontro com Cunha no Leblon, Rio). O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando [Baiano] do qual ele era merecedor de 5 milhões de dólares.
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E isso estava atrapalhando, porque estava em véspera de campanha, se não me engano uma campanha municipal e que ele tinha uma série de compromissos e que eu vinha alongando esse pagamento há bastante tempo e que ele não tinha mais condição de aguardar.
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O deputado Cunha não aceitou que eu pagasse somente a parte dele. 'Olha, Júlio, eu não aceito que você faça uma negociação para pagar só a minha parte. Você até pode pagar o Fernando [Baiano] mais dilatado, mas o meu preciso rapidamente. Eu faço questão de você incluir no acordo aquilo que falta pagar ao Fernando'. E aí chegou um SMS: 'Entre US$ 8 milhões a US$ 10 milhões', uma coisa assim, destacou Camargo no depoimento.
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Eu ganhei e o Fernando [Baiano] ganhou também. Era meu parceiro. Eu não sabia que o Fernando tinha um sócio oculto, que era o Eduardo Cunha.
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Dizia ele [Cunha] que tinha o comando de 260 deputados".
O delator se referiu a supostas propinas em cima de contratos de aluguel de sondas dos grupos Samsung e Toyo para a Petrobras. Também descreveu que Cunha foi o mentor dos requerimentos de informações dos contratos destas empresas, pedidos na Câmara pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha, com o objetivo de pressionar os pagamentos.
O deputado chamou o delator de mentiroso, e fez uma grave acusação ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, insinuando de ter obrigado Júlio Camargo a delatá-lo. Eis a nota de Cunha:
Muitos deputados que até hoje seguiram sua liderança já devem estar pensando em abandonar o navio. Questão de sobrevivência política.
O próprio Cunha ficar falando em nome de todo o PMDB deve estar causando desconforto em muitos peemedebistas. Não é todo mundo que quer ir às urnas em 2016 e 2018 em um PMDB com a cara de Eduardo Cunha.
O deputado chamou o delator de mentiroso, e fez uma grave acusação ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, insinuando de ter obrigado Júlio Camargo a delatá-lo. Eis a nota de Cunha:
NOTA À IMPRENSADe fato todo cuidado deve ser tomado com delações. É preciso provas, alem do que diz o delator. No caso de Cunha os requerimentos na Câmara são indícios materiais contra o deputado. Mas o pior é que com o clima de caça às bruxas criado pelos demotucanos e pela maior parte da imprensa, essa delação faz um estrago danado na imagem de Cunha, devastando seu poder.
Com relação à suposta nova versão atribuída ao delator Júlio Camargo, tenho a esclarecer o que se segue:
1- O delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos.
2- Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurados Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso.
3- Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las.
4- É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir.
Deputado Eduardo Cunha
Presidente da Câmara dos Deputados
Muitos deputados que até hoje seguiram sua liderança já devem estar pensando em abandonar o navio. Questão de sobrevivência política.
O próprio Cunha ficar falando em nome de todo o PMDB deve estar causando desconforto em muitos peemedebistas. Não é todo mundo que quer ir às urnas em 2016 e 2018 em um PMDB com a cara de Eduardo Cunha.
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