Em um ano em que cada centavo conta para alcançar o ajuste fiscal, o Brasil já acumula quase R$ 200 bilhões em impostos sonegados, que deixam de engordar os cofres públicos. A marca será alcançada nesta quinta-feira, segundo o Sonegômetro, cálculo feito pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). Com o dinheiro, seria possível distribuir quase 600 milhões de cestas básicas ou construir mais de 14 milhões de salas de aula, de acordo com a entidade.
O sindicato calcula o número baseado em estimativas de sonegação de vários tributos, como Imposto de Renda e ICMS. Segundo o Sinprofaz, as secretarias de Fazenda de cada estado e a Receita Federal têm estimativas de quanto deveriam receber em impostos. A discrepância entre essa expectativa e o que é de fato recebido é um dos indicadores para compor o Sonegômetro. Com base nesses dados, os estudos chegaram a uma taxa de sonegação de 27,6% da arrecadação, a mesma usada em outros países da América Latina. O cálculo é conservador — afirma Heráclio Camargo, presidente do Sinprofaz.
Para chamar atenção para o problema, o Sinprofaz instalou um painel com a contagem dos impostos devidos no Largo da Carioca, no Centro do Rio, na manhã desta quinta. A exposição circula por várias cidades desde 2013 — recentemente, esteve em Brasília — e foi montada na capital fluminense pela primeira vez. A ação terminou nessa sexta-feira, às 18h.
O placar mais próximo de R$ 200 bilhões, no entanto, só pôde ser visto pela internet. Por causa de um problema técnico, o painel eletrônico estava atrasado e exibia na manhã a marca de “apenas” R$ 190 bilhões, por volta das 10h.
O valor já foi suficiente para assustar quem passava pelo Largo da Carioca e se deparava com a instalação, composta ainda por uma máquina de lavar gigante e um varal com notas de dinheiro para simbolizar a lavagem de dinheiro. A estratégia de limpar dinheiro sujo com negócios limpos, diz o Sinprofaz, é usada em 80% dos casos de sonegação fiscal.
Roubaram, e a gente que vai pagar — resumiu o auxiliar de escritório Eliomar Rodrigues, que passava pelo local.Para César Santos, que trabalha em uma lavanderia, se surpreendeu com a instalação chamativa. Em seu dia a dia, lavar dinheiro só do trocado esquecido no bolso da calça. O crime, destacou, precisa ser combatido.
Quando olhei a máquina, pensei que estavam instalando uma nova lavanderia, uma concorrente — brincou, emendando sua opinião sobre a campanha: — Como cidadãos, temos que seguir as leis. Se houver sonegação, como o governo vai pagar as contas? Agora, também tem que haver o bom senso dos governantes, para cumprir com os deveres deles.
Em 2014, o painel registrou R$ 500 bilhões em impostos sonegados, dinheiro que cobriria com folga o rombo nas contas públicas daquele ano. O Globo
O valor já foi suficiente para assustar quem passava pelo Largo da Carioca e se deparava com a instalação, composta ainda por uma máquina de lavar gigante e um varal com notas de dinheiro para simbolizar a lavagem de dinheiro. A estratégia de limpar dinheiro sujo com negócios limpos, diz o Sinprofaz, é usada em 80% dos casos de sonegação fiscal.
Roubaram, e a gente que vai pagar — resumiu o auxiliar de escritório Eliomar Rodrigues, que passava pelo local.Para César Santos, que trabalha em uma lavanderia, se surpreendeu com a instalação chamativa. Em seu dia a dia, lavar dinheiro só do trocado esquecido no bolso da calça. O crime, destacou, precisa ser combatido.
Quando olhei a máquina, pensei que estavam instalando uma nova lavanderia, uma concorrente — brincou, emendando sua opinião sobre a campanha: — Como cidadãos, temos que seguir as leis. Se houver sonegação, como o governo vai pagar as contas? Agora, também tem que haver o bom senso dos governantes, para cumprir com os deveres deles.
Em 2014, o painel registrou R$ 500 bilhões em impostos sonegados, dinheiro que cobriria com folga o rombo nas contas públicas daquele ano. O Globo
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