Pages

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Menos pessimismo com a inflação


A inflação esperada para os próximos 12 meses tem caído desde abril, baixando em um ritmo inédito nos anos Dilma Rousseff. Sim, a tendência tem menos de um mês, tem pouco tempo, tanto quanto um amor juvenil de verão. De resto, expectativas de inflação são tão instáveis quanto sentimentos adolescentes.

Ainda assim, trata-se de alguma novidade.  A centena de economistas ouvida semanalmente pelo Banco Central espera inflação de 5,93% nos próximos 12 meses; de 5,5% em 2016. Ou seja, uma alta do IPCA parecida com a dos cinco anos anteriores a este 2015 ainda mais inflacionado pelo tarifaço de luz, água, combustíveis e transporte.

Poderia ser pior. Esses economistas poderiam opinar que a inflação ficaria nos mesmos 8,2% de agora ou mais: que haveria descontrole.

Pode ser melhor. Os chutes informados dos economistas sobre a inflação futura podem continuar a cair. O Banco Central insiste em que a inflação baixa à meta oficial de 4,5% no fim de 2016. Quanto mais rápido o  IPCA se aproximar da meta, maior a possibilidade de baixa significativa de juros a partir de 2016.

Não se via baixa tão rápida das expectativas de inflação desde o início de 2009, quando se previa que a recessão a caminho conteria os preços. Ou desde o final de 2006, no meio do caminho de uma desinflação rápida. O IPCA chegara a 8,1% em abril de 2005, caiu para 4,6% em abril de 2006 e baixaria ainda a 3% em abril de 2007, na sequência de uma alta pavorosa de juros (a Selic iria a 19,75% ao ano em maio de 2005; a taxa real de juros, a 13%).

A história da desinflação de 2005-06 passa a impressão de que seria necessária dose cavalar de juros a fim de anestesiar os preços no mesmo ritmo, um tanto mais agora porque ainda há descrédito na política de combate à inflação (a Selic está em 13,25%; a taxa real de juros em 7,4%, a maior desde 2008). Obviamente, as coisas não são bem assim, entre outros motivos porque a economia brasileira afunda, ao contrário da tendência de meados da década de 2000. Nota do colunista Vinicius Torres Freire na Folha

.

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração