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quarta-feira, 29 de abril de 2015

JN dá vexame ao agir como assessor de imprensa de Eduardo Cunha.


Você sabe que um jornalismo é parcial e veste a camisa de um político quando o fato noticiado é uma suspeita ou acusação, mas a manchete e o conteúdo enfatiza só a defesa do acusado, deixando o fato em segundo plano.

Foi exatamente isso que aconteceu no Jornal Nacional da TV Globo. O telejornal, sem o menor pudor, vestiu a camisa do queridinho da mídia, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o retratou como vítima, diferentemente do que faz com outros envolvidos na operação Lava jato.

Antes que o telespectador tome conhecimento do que Eduardo Cunha é suspeito, o telejornal abre a notícia com "O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, NEGOU (...)" e blá-blá-blá.

A chamada (manchete), também traz o título dos sonhos da assessoria de imprensa do presidente da Câmara: "Cunha nega autoria de requerimento sob suspeita na Operação Lava Jato".

É por estes e por outros vexames que cada vez menos gente assiste o JN e menos gente ainda o leva a sério.

O fato:

No dia 15 de abril, a Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de autorização de coleta e mais duas testemunhas a fim de esclarecer pontos na investigação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Uma duas testemunhas a serem ouvidas são o advogado Francisco José Reis, dono da casa amarela onde o policial Jaime "Careca", diz ter feito uma entrega de R$ 1 milhão a mando do doleiro Alberto Youssef. Em seu depoimento, Careca disse que o dinheiro seria para Eduardo Cunha. O advogado de Youssef negou que seu cliente conhecesse Cunha, mas não esclareceu para quem seria a entrega na casa de Reis.

Outra testemunha a ser ouvida é o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, de quem Francisco José Reis foi assessor por longo tempo e apadrinhado na indicação para cargos em agência reguladora estadual.

Uma das coletas de informações da PF seria nos sistemas de informática da Câmara dos Deputados para reconstituir quem foi o mentor e autor de fato de dois requerimentos junto à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, pedindo auditorias no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério das Minas e Energia para apurar a relação da Petrobrás com a empresa Mitsui.

O doleiro Youssef, em delação premiada, disse que foi Eduardo Cunha e a motivação teria sido pressionar a Mitsui a retomar o pagamento de propinas supostamente combinadas com o PMDB e que haviam sido interrompidas.

Quem apresentou oficialmente o requerimento foi a ex-deputada federal Solange Pereira de Almeida, hoje prefeita da cidade de Rio Bonito-RJ, e aliada de Cunha. Mas o próprio Eduardo Cunha admitiu que assessores de seus gabinete ajudaram a redigir o texto, segundo ele, a pedido da deputada.

Ontem (28), o jornal Folha de São Paulo, publicou uma reportagem mostrando que um arquivo digital disponível no pŕoprio site da Câmara com o texto de um dos requerimentos, aparece como autor digital "Eduardo Cunha".

Com isso, quem pagou o pato foi o diretor do Centro de Informática da Câmara, demitido por Cunha no mesmo dia em que a notícia saiu.

Segundo Cunha, a demissão foi porque ele obrigou todos da informática a baterem ponto para cumprir a jornada, e ele suspeita que o arquivo tenha sido fraudado como retaliação de funcionários descontentes.

Cunha questiona a data do arquivo aparecer como criado em 10 de agosto de 2011 enquanto os requerimentos foram apresentados um mês antes, no dia 11 de julho de 2011.

Porém o argumento de Cunha quanto as datas não afasta suspeitas e a necessidade da criminalística da Polícia Federal investigar os computadores e arquivos da Câmara. Isto porque o arquivo de agosto é apenas um PDF, ou seja, é uma cópia tirada do original. O requerimento pode sim ter sido criado em um editor de textos em julho, e o gabinete de Eduardo Cunha ter gerado uma cópia em PDF em agosto, sem qualquer contradição. Pelo contrário, a cópia reforça as suspeitas do suposto interesse de Cunha no requerimento.

O JN não abordou nada falando da Polícia Federal, nem do advogado Reis que teria recebido R$ 1 milhão do doleiro Youssef.

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