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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nepotismo:Governadora recém-empossada emprega 19 parentes no governo de Roraima


A recém-empossada governadora de Roraima, Suely Campos (PP), nomeou pelo menos 19 parentes ou pessoas próximas de sua família para cargos de primeiro escalão em seu secretariado e para o comando de órgãos estatais.

Suely foi eleita governadora após assumir o lugar do marido na cabeça de chapa do PP. O ex-governador Neudo Campos era o candidato ao Palácio Senador Hélio Campos, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região por crime contra a administração pública e também teve suas contas na gestão estadual rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Com a vitória sobre o então governador Chico Rodrigues (PSB), Suely deixou de lado o discurso de campanha e adotou o nepotismo que condenava nos adversários. A chapa do candidato à reeleição tinha como vice Rodrigo Jucá (PMDB), filho do senador Romero Jucá (PMDB). Suely acusava o parlamentar de querer formar uma oligarquia no Estado, pois teria planos de fazer do filho candidato ao governo em 2018 - Rodrigues não poderia disputar um novo mandato se fosse reeleito em outubro.

A governadora escolheu as filhas Daniele e Emília para as pastas da Casa Civil e do Trabalho e Bem Estar Social, respectivamente. Além delas, Suely tem como secretária de Educação a irmã, Selma Mulinari. Outro irmão da governadora, João Paulo Silva, assumiu o cargo de secretário adjunto de Agricultura e Abastecimento.

Suely também nomeou cinco sobrinhos seus e de Neudo Campos para cargos de confiança no primeiro escalão. A lista de pessoas próximas ao casal que vão trabalhar no governo inclui cunhados e sogros das duas filhas, além de Giovana Campos, casada com um dos filhos da governadora, Eduardo.

As indicações de parentes e amigos para os cargos de confiança têm como base o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que, embora o nepotismo seja proibido no setor público, há exceções para postos considerados de natureza política, como secretários estaduais e municipais. A questão, no entanto, ainda é polêmica e o Ministério Público Estadual informou que vai analisar as nomeações, todas publicadas em 2 de janeiro. Estima-se que os cargos ocupados por parentes e amigos da governadora somem salários de R$ 398 mil por mês.

Fora isso, as nomeações racharam o grupo político vencedor das eleições. O vice-governador Paulo César Quartiero (DEM) criticou as escolhas de Suely, em especial a do titular da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Hiperion Oliveira, primo da governadora. Ex-deputado, Quartiero é um dos arrozeiros expulsos da área indígena Raposa/Serra do Sol, cuja demarcação foi defendida pelo agora secretário estadual. O vice também se queixa de não ter sido consultado na montagem da equipe de governo

A familia no cofre

De acordo com as nomeações publicadas no Diário Oficial de Roraima, as irmãs Emília Santos e Danielle Araújo, filhas de Suely Campos, deverão receber, juntas, R$ 46 mil por mês para chefiar a Secretaria estadual de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) e a Casa Civil, respectivamente. O governo de Roraima também vai desembolsar R$ 39 mil para pagar os salários dos tios delas: Selma Mulinari, titular da Secretaria estadual de Educação (Seed), e João Paulo de Souza e Silva, adjunto da Secretaria estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Os dois são irmãos de Suely.

Cinco sobrinhos de Neudo Campos, ex-governador e marido da governadora, também ganharam cargos no primeiro escalão. São eles: Júlia Vieira Campos, que assumiu a reitoria da Universidade Virtual de Roraima, e Anderson Campos, adjunto da Secretaria de Infraestrutura (Seinf). Kalil, Paulo e Frederico Linhares, titular e adjunto da Secretaria estadual de Saúde (Sesau), e secretário estadual da Gestão Estratégica e Administração, respectivamente, também foram nomeados no último dia 2. Eles terão, juntos, remuneração de quase R$ 100 mil.

Concunhados também

A renda da família do titular da Secretaria estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Josué dos Santos Filho, sogro de Emília Santos, filha da governadora, também é alta. Ele e sua mulher, que é a secretária adjunta da Educação Graciela Ziebert; o filho, o ouvidor geral do estado, Hugo Leonardo Santos; e a nora, a controladora-geral, Isabela Dias, vão faturar R$ 90 mil por mês.

A lista de nomeados por Suely também inclui parentes mais distantes. O adjunto da Secretaria estadual de Cultura (Secult) é concunhado do marido de Daniele Araújo, filha da governadora, e o presidente do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), Francisco Santiago, marido de uma prima de Suely. Eles - assim como o primo de Suely, Hipérion de Oliveira, titular da Agricultura; Weberson Reis Pessoa, da Agência de Fomento de Roraima (Aferr); e o presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RR), Juscelino Kubischeck - receberão, cada um, R$ 23 mil por mês.

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