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domingo, 28 de dezembro de 2014

Provas contra Luciano Mota (PSDB) foram recolhidas na operação Operação Gafanhotos da PF



O prefeito de Itaguaí, Luciano Mota (PSDB), de 32 anos, que era visto desfilando na cidade ao volante de uma Ferrari avaliada em R$ 1,5 milhão ou usando ternos de até R$ 4,5 mil, está sendo apontado agora pela Polícia Federal como suspeito de chefiar um esquema que pode ter desviado até R$ 30 milhões por mês de recursos públicos — um terço da receita mensal do município, estimada em R$ 90 milhões. Provas contra o prefeito foram recolhidas ontem durante um operação da PF para cumprir 11 mandados de busca e apreensão, sete deles no gabinete de Luciano e em secretarias de Itaguaí.
Policiais chegam à prefeitura de Itaguaí durante a Operação Gafanhotos -
 Três investigados prestaram esclarecimentos à PF. Uma funcionária da prefeitura, cujo nome não foi revelado, e os secretários Amaro Gagliarda (de Assuntos Extraordinários) e Ricardo Soares (de Turismo). Os dois últimos acabaram indiciados por desvio de verba pública, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e formação de quadrilha. Outros dois acusados, Luciano Mota e o secretário de Transportes, Alex Lucena, não foram encontrados. Contra os cinco havia mandados de condução coercitiva (que permite à polícia obrigar um suspeito a depor), emitidos pela Justiça Federal.


O número de pessoas envolvidas, no entanto, é bem maior: são pelo menos 50, de acordo com a polícia, e incluem não só o prefeito e secretários, como funcionários públicos, empresários e vereadores. O delegado Hylton Coelho, chefe da Delegacia da PF em Nova Iguaçu, informou que o grupo simulava contratos de prestação de serviços à prefeitura, desviando os recursos. O dinheiro normalmente ia parar em empresas de fachada (várias foram identificadas) ou controladas por “laranjas”.

RECURSOS DO SUS E DOS ROYALTIES

Os recursos desviados eram sobretudo dinheiro repassado pelo governo federal através do Sistema Único de Saúde (SUS) e referente a royalties do petróleo. A PF identificou a participação nas fraudes de empresas que prestavam serviços de limpeza e atuavam na área da saúde, reforma e construção, além de aluguel de veículos.

Todos os indícios são de que ele, o prefeito, era o cabeça do esquema. Sob seu comando foi que o esquema funcionou. Estimamos que entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões eram desviados por mês — afirmou o delegado Hylton Coelho.

Relações de nomes de funcionários, guardadas em 12 pastas, foram as peças mais importantes recolhidas durante o cumprimento dos mandados. Os nomes dos servidores estavam escritos à mão ou com caneta. Embora recebessem oficialmente entre R$ 500 e R$ 700 por mês, na folha de pagamento da prefeitura seus salários constavam como sendo de R$ 7 mil. Os agentes federais acreditam que a diferença ficava com os envolvidos no esquema.

 Batizamos a operação de Gafanhotos porque o grupo estava dizimando o erário público como uma praga de gafanhotos — disse o delegado.

Segundo o policial, o depoimento de um ex-PM que trabalhou como segurança particular do prefeito não deixa dúvida de que as fraudes renderam milhões de reais aos envolvidos. O ex-funcionário contou que, durante sua permanência na função, transportou num carro oficial da prefeitura malas de dinheiro da corrupção. Sempre agindo sob orientação do prefeito, segundo o depoimento, os recursos eram entregues a empresários e ao próprio chefe do Executivo.

— No inquérito, temos informações de que o prefeito comprou numa loja de um shopping na Barra da Tijuca, de uma só vez, dez ternos, cada um por R$ 4,5 mil. Também encontramos provas de que ele comprou uma TV de 89 polegadas por R$ 99 mil — contou Hylton Coelho.
O prefeito Luciano Mota (PSDB) no gabinete: Roubo rendia R$ 30 milhões por mês
 Eleito em 2012 com 31 mil votos (47% dos válidos) pela Coligação com Fé, apoiado pelo PT (partido do seu vice, Weslei Gonçalves Pereira) e pelo PHS, o prefeito Luciano Mota foi procurado ontem em três endereços pela Polícia Federal, mas não foi encontrado. O presidente regional do PSDB no estado, deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha, informou que o partido exigirá explicações de Mota:

Não tenho conhecimento dos detalhes das investigações, mas nossa posição é muito clara: o PSDB apoia qualquer operação da Polícia Federal para apurar indícios de corrupção. No caso do prefeito de Itaguaí, me parece que são denúncias graves.

 Operação Gafanhotos

A operação de ontem foi um prolongamento de outra desencadeada em setembro, quando foram recolhidos bens do prefeito, como uma Ferrari avaliada em R$ 1,5 milhão. O modelo 458 Itália seria um dos indícios de desvio de verba pública. Herdeiro de um areal, Mota, segundo sua assessoria, alugou o carro no ano passado e o teria devolvido em dezembro.

A Ferrari que era usada pelo prefeito de Itaguaí e foi apreendida pela Polícia Federal. carro avaliado em R$ 1,5 milhão
 Em março do ano passado, o Tribunal de Contas do Estado pediu explicações ao prefeito sobre o aluguel de 185 carros para o município. A locação chegava ao valor de R$ 7,1 milhões por ano.


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