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sábado, 19 de julho de 2014

Metade mais rica, metade mais pobre


Metade dos 18 governadores que vão tentar se reeleger na disputa de outubro ficou mais rica nos últimos quatro anos, segundo dados entregues à Justiça Eleitoral no início do mês. A outra metade, de acordo com as declarações de bens, empobreceu.

O candidato mais enriquecido nos últimos quatro anos é o governador do Tocantins, Sandoval Cardoso (SDD): seu patrimônio aumentou R$ 11,6 milhões. Em 2010, ele declarou que seus bens valiam R$ 2,5 milhões. Agora, declarou RS 14,1 milhões, um crescimento de 462%. Suas novas posses incluem uma fazenda de RS 54 milhões e uma BMW de R$ 125 mil.

Na última eleição, Cardoso foi eleito deputado estadual. Em 2014, foi escolhido por seus colegas de Assembleia Legislativa para governar Tocantins depois que o governador Siqueira Campos (PSDB) e o vice, João Oliveira (DEM), renunciaram.

O Estado questionou assessores de Sandoval Cardoso sobre a evolução de seu patrimônio, mas não recebeu resposta.

Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás, é o segundo do ranking que leva em conta a evolução patrimonial em quatro anos. Ele ficou R$ 2,1 milhões mais rico desde 2010, quando declarou um patrimônio de RS 1,6 milhão. Neste ano, esse valor passou a R$ 3,7 milhões, um aumento de 131%. Entre seus novos bens estão "bovinos, bufalinos e equinos" avaliados em RS 1,2 milhão. O Estado não conseguiu contato com os assessores de Perillo para que eles comentassem o aumento patrimonial do tucano.

O governador do Pará, Simão Janete (PSDB), também faz parte do grupo de candidatos à reeleição que enriqueceu no período. Na eleição anterior, ele disse que suas propriedades valiam RS 1,2 milhão. Neste ano, passou a RS 3,2 milhões, um crescimento de RS 1,9 milhão ou 153%. Aparecem entre suas novas posses um apartamento de RS 950 mil, a "aquisição de uma lancha" de RS 137 mil e créditos decorrentes de empréstimos aos filhos Alberto e Izabela que somam RS 250 mil.

 Critério. Para comparar as declarações de bens atuais com as anteriores, o Estado atualizou os valores apresentados em 2010 levando em conta a inflação do período. Os números (saldos em conta corrente, dinheiro em espécie, poupança e investimentos de renda fixa) foram corrigidos de acordo com a variação do IPCA. Não foram corrigidos imóveis, veículos, ações e outros bens cuja valorização ou desvalorização não pode ser calculada com base em índices econômicos regulares.

Mais pobres. Entre os governadores candidatos à reeleição que declararam ter perdido patrimônio no período de quatro anos, o que mais "empobreceu" foi Confúcio Moura (PMDB), de Rondônia. Ele declarou um patrimônio de RS 9,3 milhões em 2010. Agora, foi a RS 6,5 milhões, uma redução de RS 2,8 milhões, ou 30%. A comparação das declarações de 2010 e 2014 mostra que a diferença é quase correspondente à redução do valor do "título da dívida agrária" em posse do deputado, que caiu de R$ 5,3 milhões para R$ 2,5 milhões.

Procurado pela reportagem, Moura explicou que esse título refere-se à compra de uma fazenda sua pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ele disse que aceitou vender a propriedade porque ela estava ocupada há muito tempo pela Via Campesina e teve prejuízo. "Hoje tenho uma fazenda menor. Faço arrendamento de pastagens. Mantenho um rebanho menor, em terra alugada", disse Moura.

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), perdeu RS 466 mil e viu o valor de seu patrimônio cair 25% desde 2010, quando declarou ter RS 1,8 milhão. Agora, ele afirma ter R$ 1,4 milhão. Entre os bens que deixaram de constar em sua declaração estão 994 cabeças de gado que, em 2010, ele disse valer R$ 397 mil.

Bem declarado A Justiça Eleitoral exige que candidatos informem seus bens conforme regras da Receita Federal. Dessa forma, em geral imóveis são declarados com valores defasados em relação ao mercado.
Informações do jornal O Estado de SP

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