Na terça-feira (10) publicaram mais uma pesquisa Ibope, dizendo que a Dilma caiu de 40 para 38%, que Aécio Neves (PSDB) subiu de 20 para 22%, e que Eduardo Campos (PSB) subiu de 11 para 13%. Dilma continua vencendo em todos os cenários, inclusive de simulação de segundo turno.
Fui ver o relatório e eles eliminaram informações de cruzamento de dados que nos permitiam identificar contradições, como provamos na pesquisa anterior que Aécio não tinha 20% e sim 17%. Agora o Ibope escondeu, com medo de nossos blogs desmascararem de novo.
Curiosamente o relatório também não fala nada sobre o grau de conhecimento dos candidatos. No Datafolha, Dilma ficou menos conhecida com o correr do tempo, acredite se quiser.
De bater o olho no relatório do Ibope eu já vejo um erro metodológico, que já comentamos aqui sobre pesquisas anteriores. Brancos/nulos na estimulada tem 18% e na espontânea cai 14%. Isso tira bastante valor científico, pois a pessoa quando é estimulada sem que no disco tenha a opção brancos/nulos, alguns podem entender diferente, como "eu vou votar nulo, mas se fosse obrigado a escolher um destes nomes então eu votaria no fulano (em geral em um nome da oposição)". Resumindo: a pesquisa transfere intenções de votos nulos para candidatos da oposição.
Essas coisas enfraquece a confiança na pesquisa, e não dá para levar muito a sério os números. Mas se formos olhar assim mesmo, vemos que o cenário caminha para uma polarização. Dilma é melhor votada entre os eleitores de menor renda. Aécio é melhor votado nas faixas mas altas de renda.
A faixa do eleitorado que vota em Dilma é a que ainda está menos interessada nas eleições até agora, enquanto a faixa em que o Aécio aparece mais forte é a que está mais interessada. Significa que Dilma pode estar com o piso de votos, e Aécio está caminhando de atingir seu teto.
De qualquer forma, tem coisas que deve preocupar. É a piora na avaliação e aprovação do governo. Isso pode até ser explicado pelas greves de ônibus que ocorreram em várias cidades do Brasil e ocupou bastante o noticiário. Apesar dos ônibus serem da alçada municipal, o mau humor é descontado na presidenta, em parte pelo noticiário de São Luiz, de Cuiabá, do Rio, São Paulo, etc. ser propositalmente jogado para o Jornal Nacional em vez de jogar para o telejornal regional.
O lado positivo é que esse mau humor pode passar. Muitos eleitores não tem razão objetiva para não votar em Dilma. Ela é apenas a vidraça política mais visível. Na hora em que comparar os candidatos e suas características, é bem provável de muita gente que não declara voto agora acabar votando nela, até por sentir mais confiança em não desandar suas vidas, seu emprego, suas conquistas.
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2 Comentários:
Pessoal, mande esse recorte do livro de Marilena Chauí para a presidenta, pois o que ela propõe, os gregos, pais da democracia e da política, já faziam. A ideia é deles e não da presidente, como querem o PIG para taxar de iniciativa "comunista" ou "boivariana", "chaveista" e etc.
"Com relação à organização social e política: os gregos não inventaram apenas a ciência ou a filosofia, mas inventaram também a política. Todas as sociedades anteriores a eles conheciam e praticavam a autoridade e o governo. Mas, por que não inventaram a política propriamente dita?
Nas sociedades orientais e não-gregas, o poder e o governo eram exercidos como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um só homem ou de um pequeno grupo de homens que decidiam sobre tudo, sem consultar a ninguém e sem justificar suas decisões para ninguém.
Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e instituições) porque instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa) e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da
justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades. Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago"
Cadê a pesquisa do Vox Populi?
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