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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Propinão tucano: Ex-diretor diz que Alstom pagou propina para os tucanos


O ex-diretor comercial da Alstom na França André Botto afirmou, em depoimento à Justiça do país europeu, que a direção da empresa autorizou o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões para fechar um negócio com uma estatal paulista no ano de 1998. Na ocasião, o Estado era governado por Mario Covas (PSDB).

O depoimento, constante de um rol de documento enviados para  autoridades francesas e investigadores do esquema de prática de cartel no Brasil, foi revelado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. Ele contradiz as afirmações reiteradas da Alstom Brasil de que nunca pagou propina.

O contrato em questão foi fechado com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EP-TE), estatal ligada à Secretaria de Energia. À época, o titular da pasta era Andrea Matarazzo, hoje vereador do PSDB em São Paulo.

A Alstom queria aditar um contrato que firmara em 1983 para a venda de equipamentos para três subestações de energia. Contudo, havia dúvidas sobre a validade do aditivo, pois a lei de licitações estabelecia limite de cinco anos para aquele tipo de negócio.

A propina paga pela Alstom serviria para evitar que a EPTE criasse entraves para a renovação de um contrato sobre o qual pairavam questionamentos. Se a empresa pública optasse por licitação, a multinacional francesa corria o risco de perder o negócio ou de ter que diminuir expressivamente suas margens de lucro. "Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato", afirmou Botto ao juiz Renaud Van Ruymbeke, em 2008.

O contrato, conhecido como Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo) acabou de fato sendo aditivado. 

Botto é um personagem conhecido do escândalo do cartel desde 2008. Naquele ano veio a público um comunicado interno da Alstom, de 21 de outubro de 1997, em que ele já falava em propinas pagas no Brasil.

Para entender

Contratos de energia e trens

O inquérito da Polícia Federal que investiga a atuação do cartel em São Paulo está dividido em dois. Uma parte se refere a contratos de energia do governo do Estado. É nessa parte em que se insere o depoimento do engenheiro francês e ex-diretor da Alstom André Botto. As autoridades brasileiras já indiciaram 11 pessoas sob suspeita de participação no esquema, entre elas o ex-secretário de Energia do governo paulista Andrea Matarazzo, hoje vereador pelo PSDB. Na outra parte do inquérito são investigados acertos prévios entre as empresas e pagamento de propina para a obtenção de contratos de metrô e trens. Nessa parte do inquérito seis pessoas já foram indiciadas, a maior parte ex-dirigentes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).  As informações estão no Estadão

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