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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PMDB não tem escolha: Lindbergh tem que ser candidato porque é o pivô nas eleições no Rio


Falar sobre qualidades e defeitos dos pré-candidatos a governador do Rio de Janeiro é assunto para outras notas. Nesta abordamos o aspecto da estratégia política.

Se o PMDB do Rio tiver algum estrategista com dois neurônios e realmente quiser lançar a candidatura própria do vice-governador Pezão, deve dar graças a Deus pelo PT manter a candidatura de Lindbergh Farias.

Lindbergh tornou-se um pivô no atual quadro eleitoral fluminense, pois sem ele poucos votos que receberia iriam para Pezão. Acabaria indo para os demais adversários do PMDB, com altíssima probabilidade do peemedebista nem chegar ao segundo turno.

Se o PMDB tem medo de Lindbergh crescer e vencer, sem ele as chances de Pezão são piores ainda. Ficam próximas de zero.

Tudo aponta para ser quase impossível a eleição no Rio para governador ser liquidada em primeiro turno, uma vez que deve ser muito concorrida, com diversos candidatos girando em torno de 15% a 25% de intenções de votos. Garotinho (PR), Lindbergh (PT), Crivella (PRB), estão todos nesta faixa. Sem Lindberg, o voto de opinião e o voto de esquerda migraria para o PSOL, que passaria a ter grandes chances de ocupar uma das vagas no segundo turno.

(Pausa para uma observação: por mais que Marcelo Freixo (PSOL) negue ser candidato a governador e sinalize que seu plano é ser puxador de votos para a legenda como candidato a deputado federal para depois tentar concorrer a prefeito em 2016, o cavalo estará passando encilhado para Freixo se Lindbergh não for candidato. A tentação será muito grande para o PSOL resistir a lançá-lo candidato a governador.)

Com inaugurações, apoios de prefeitos, da máquina do PMDB e do segmento do eleitorado que avaliam bem o governo de Sérgio Cabral (ainda que esteja em baixa), Pezão tem chance de entrar nesta faixa dos 20% de votos e disputar uma das vagas no segundo turno, mas precisa que dois outros candidatos não cresçam mais do que ele. Daí a importância de haver mais candidaturas para dividir o voto dos outros.

Sem Lindbergh, a tendência seria Garotinho e o candidato do PSOL, principalmente se for Marcelo Freixo, dispararem para a faixa de 30% dos votos no primeiro turno, deixando Pezão fora do páreo. Freixo ficaria praticamente com o monopólio dos votos de opinião, de esquerda, dos movimentos sociais e de renovação, que rejeitam Cabral. Garotinho ficaria com o voto popular desorganizado, e acabaria ganhando apoios de mais prefeitos, hoje aliados de Cabral, ao não verem chances em Pezão.

Nada garante que Lindbergh candidato vá resolver as dificuldades de Pezão, mas sem ele as dificuldades do PMDB se agravam muito. Achando bom ou ruim, a única decisão que resta ao PMDB é aceitar a candidatura petista e fazer um pacto de não agressão para evitar cotoveladas entre os dois candidatos durante a campanha.

As pressões insanas que o PMDB vem fazendo para o PT retirar a candidatura de Lindbergh é, literalmente, um tiro no Pezão.

Fator Dilma

Para a candidatura da presidenta Dilma também é melhor não depositar todos os ovos no mesmo cesto de Pezão.

Sem Lindbergh candidato, o PSOL irá voar na jugular de Cabral, com mais apetite, em manifestações emendando com campanha eleitoral, e aí sobrará também para Dilma. Se ela tiver mais palanques de apoio no Rio, o efeito da oposição à Cabral pouco respingará nela. Com apoios de 3 ou 4 candidatos da base governista, Dilma será vista pelo eleitor como uma "quase unanimidade" entre os candidatos.

Pezão já contará com a exposição de sua imagem nas solenidades de inaugurações no Rio ao lado de Dilma quando assumir o cargo de governador a partir de abril. É sua chance de melhorar seu desempenho eleitoral. Não há como o PMDB ir para a oposição sem se dar mal. O PMDB do Rio construiu todo seu discurso nos últimos anos em cima da boa relação com o governo federal, coisa que os governadores anteriores não tiveram. Se abandonar esse discurso, um dos outros candidatos, seja Lindbergh, seja Garotinho, seja Crivella, arrastam as fichas.

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