Desde que o juiz Fausto De Sanctis (que ganhou notoriedade na operação Satiagraha) foi promovido a desembargador há 3 anos, está sem titular a 6ª. Vara Criminal do Tribunal Regional Federal da 3ª. Região (TRF3), especializada em crimes de lavagem de dinheiro.
A apuração do caso das propinas da Alstom para autoridades tucanas se dá nesta vara que era apelidada de "câmara de gás" pelos advogados. Na época de De Sanctis ninguém culpado escapava de condenações quando os processos caíam lá. Agora está acéfala, esvaziada, há 3 anos.
O jornal Brasil Econômico traz reportagem colocando mais pimenta na batata assada do procurador da República Rodrigo de Grandis, acusado de engavetar investigação das propinas da Alstom aos tucanos.
Segundo o jornal, outro procurador e um desembargador falaram em off que De Grandis e mais três colegas do MP teriam feito lobby junto ao Tribunal para impedir que um juiz desafeto deles fosse nomeado para esta vara.
Trata-se do polêmico juiz Ali Mazloum, especializado em crimes do colarinho branco e que queria substituir Fausto De Sanctis. Conseguiu o primeiro lugar no concurso para a remoção, mas, segundo o jornal "o presidente do Tribunal, Newton de Lucca, também teria sido contra a sua indicação. Depois da inscrição de seu nome, o TRF cancelou o edital para a nomeação. Alegou que seria feito um estudo para a 6ª. Vara deixar de atuar especificamente na área de lavagem de dinheiro. Isso iria contra todas as práticas de combate à lavagem e crimes financeiros no mundo. Hoje, segundo desembargadores, o tribunal pensa em designar uma nova vara, a 10ª, apenas para essa função."
Essa falta de pressa do Tribunal em nomear um juiz titular para a vara que prestava serviços tão relevantes no combate à corrupção é que causa estranheza. Afinal é lá onde tramita processos das propinas da Alstom, Siemens e várias operações de impacto da Polícia Federal, como a Castelo de Areia, casos que arrepiavam os cabelos que restam em José Serra e Geraldo Alckmin.
Segue o texto de Gilberto Nascimento no jornal Brasil Econômico:
Após a descoberta de que o procurador Rodrigo De Grandis deixou de atender pedidos de investigação de propina, revelações surgem no caso
Há uma guerra surda nos bastidores da Justiça em São Paulo. Após a descoberta de que o procurador Rodrigo De Grandis, do Ministério Público Federal, deixou de atender pedidos de colegas suíços para investigar suspeitas de pagamento de propinas pela Alstom a políticos e servidores do governo paulista, novas revelações apimentam ainda mais o caso. Ao menos um procurador e um desembargador dizem que De Grandis e mais três colegas do MP teriam feito lobby junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª. Região para impedir que o juiz Ali Mazloum fosse transferido da 7ª. Vara Federal Criminal de São Paulo para a 6ª. Vara, especializada em crimes de lavagem de dinheiro. O motivo, segundo pessoas próximas a Mazloum, seria a apuração do caso Alstom nesta Vara.
Mazloum - juiz denunciado no caso Anaconda e depois isentado nos processos criminais - é um desafeto de De Grandis. O procurador atua em casos remetidos para a 6ª. Vara, por designação do MP Federal. Mazloum se considerava o nome natural para assumir o cargo, por ser especialista em crimes do colarinho branco e ter conseguido o primeiro lugar no concurso para a remoção. Mas o presidente do tribunal, Newton de Lucca, também teria sido contra a sua indicação. Depois da inscrição de seu nome, o TRF cancelou o edital para a nomeação. Alegou que seria feito um estudo para a 6ª. Vara deixar de atuar especificamente na área de lavagem de dinheiro. Isso iria contra todas as práticas de combate à lavagem e crimes financeiros no mundo. Hoje, segundo desembargadores, o tribunal pensa em designar uma nova vara, a 10ª, apenas para essa função.
De Grandis ia mexer no caso em 2014
Há cerca de 20 dias, De Grandis disse que iria "mexer" no caso Alstom no início de 2014. Ele afirmou que a maioria dos crimes no caso estava prescrito, disse que tiraria férias e folgas e iria para a Sicília.
Mazloum condenou Protógenes
O juiz Ali Mazloum foi autor de sentença que condenou o então delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), por violação de sigilo, durante as investigações da Operação Satiagraha.
Vara está sem titular há três anos
O posto de titular na 6ª Vara está vago há três anos, desde a promoção de Fausto De Sanctis, juiz da Satiagraha. O desembargador de Lucca e De Grandis não foram encontrados. Mazloum evitou se manifestar.
3 Comentários:
Não sei porque a surpresa ao dizer que a falta de atitude do poder judiciario cauda "estranheza"...São todos cegos ou hipocritas? Não veem que o poder judiciário está todo contaminado ?
Todo mundo quando pensa em corrupção, a primeira instituição que vem na cabeça é o Congresso. Para mim, nada é pior que o Judiciário Brasileiro e agora o MP. Como pode, um grupo de procuradores do MP fazerem lobby contra a indicação de um juiz. Só se ele fosse o corrupto. E ainda a lerdeza de indicar um titular para a tal vara. Com certeza os responsáveis encobrem algo.
E aí vamos contar com quem? Com o STF? Brincadeira, né!.
É a caixa-preta exalando o mau cheiro que escondia há séculos.
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