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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Prefeito e vereadores quebram decoro e vaiam professores em Nova Iguaçu

Prefeito Nelson Bornier (PMDB) e vereadores aliados vaiam professores no desfile cívico da Escola Municipal Rubens Falcão no 7 de setembro.
Professores, alunos e pais foram à prefeitura exigir respeito e ninguém os recebeu.
Insatisfeitos com as condições de trabalho e salariais, professores da Escola Municipal Rubens Falcão de Nova Iguaçu resolveram fazer um protesto civilizado. Participaram do desfile do 7 setembro na cidade com a camisa do SEPE (Sindicato dos professores) estampadas com o lema “Respeito ao educador, Eu apoio”. Nenhuma faixa, nenhum cartaz, nada além disso.

Entre as queixas está o retrocesso na escolha de diretores por indicação política do prefeito e aliados, acabando com eleições pela comunidade escolar nas escolas do município, coisa que havia sido conquistada em 2006.

No desfile, para assombro geral da população, ao passarem diante do palanque oficial de autoridades (zona cercada de seguranças), o prefeito Nelson Bornier (PMDB) e vereadores, do alto de seus polpudos salários, vaiaram os professores!

Cena nunca vista antes, até as crianças que desfilavam juntas ficaram chateadas pois não entenderam naquela hora, achando que a vaia era também para elas (no fundo, não deixou de ser quando a prefeitura e vereadores mostram tanto descaso pela educação das crianças).

É comum vermos prefeitos que respondem a processo de perda de mandato com base na lei da ficha suja, como é o caso de Nelson Bornier (PMDB-RJ), serem vaiados. Agora gente como ele (que elevou seu salário para R$ 20 mil) e seus vereadores aliados (que ganham R$ 10 mil) vaiarem professores, que trabalham duro de verdade e ganham muito pouco, aí já é demais.

Se não bastasse a falta de decoro, a falta de noção e o assédio moral, o caso chega a ser crime previsto no Código Penal:
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Alguns professores representaram junto ao Ministério Público contra o prefeito e vereadores, por desacato. O SEPE emitiu nota de repúdio.

No dia 10, professores, pais e alunos da escola estiveram na porta da prefeitura, esperando pelo menos um pedido de desculpas. Receberam o descaso. Cerca de 100 pessoas subiram as rampas esperando serem recebidas, mas sairam sem respostas. Nenhum representante da prefeitura os atendeu.

Veja a matéria do "Jornal de Hoje - O diário da Baixada":

Vaiados ficam sem respostas na Prefeitura
Alexandra Boechat

Procurando um pedido de retratação pela vaia recebida durante o desfile cívico, no último sábado, 7 de Setembro, pais, alunos e professores da Escola Municipal Rubens Falcão, estiveram na prefeitura da cidade de Nova Iguaçu, na tarde de ontem (10). Cerca de 100 pessoas subiram as rampas da sede do executivo municipal esperando serem recebidos, mas sairam sem respostas. Nenhum representante do governo os atendeu.
O protesto foi idealizado pelos professores de outras unidades escolares que se indignaram com o ato de repúdio das autoridades municipais e vereadores contra as professoras do Rubens Falcão. Algumas delas usaram uma blusa com os dizeres 'Respeito ao educador. Eu apoio' numa forma pacífica de protesto durante o desfile cívico no último sábado. A camisa foi usada para pedir não só respeito, mas também, mostrar que a classe é contra a lei municipal que extinguiu as eleições diretas para diretor nas escolas do município. Entretanto, a abrangência no ato não foi tão grande, uma vez que, não foi decretada paralisação na rede municipal. Mesmo assim, isso não foi impedimento para que os estudantes e seus responsávies manifestassem sua indignação.
Com narizes de palhaço e munidos de placas, cartazes e apitos, o grupo tomou conta do hall da prefeitura e depois das rampas. Eles soletratam a palavra respeito e reclamaram da falta de janelas, ar condicionado, mau funcionamento dos ventiladores, assim como, da ausência de uma quadra de esportes na E.M Rubens Falcão. Durante o percursso, cidadãos que nada tinham a ver com a escola, se comoveram com o protesto, abraçaram a causa e manifestaram junto.
Entre os cartazes expostos haviam alguns com as inscrições "Temos seis anos e já sabemos o que é civismo. E vocês meus amigos, faltaram a aula?". "Alunos e responsáveis querem saber onde estão os uniformes e as verbas da educação", "Hoje a aula é na prefeitura! Prefeito e vereadores, respeito não se escreve com vaias", "Convite aos parlamentares de Nova Iguaçu. Evento: Aula de ética e cidadania. Local: Praça da Prefeitura. Sua presença é indispensável. Com carinho, seus educadores".
De acordo com a diretora do Rubens Falcão, Jaqueline de Mattos, a escola argumentou que só queria conversar e foi informada que o gabinete estava vazio. A assessoria de impresa da prefeitura, informou que o prefeito Nelson Bornier está viajando.
Sem serem atendidas, as mães de alunos fizeram questão de mostrar sua indignação. "Cadê eles para nos pedir desculpa, dar uma resposta? Queriamos pelo menos uma satisfação. Como vaiam uma criança? Que educação é essa que eles querem dar para nossos filhos?", indagou Kelly Santos, mãe de aluno.
"Não sei porque não nos atenderam. Se o prefeito não estava podia ser um representante. Estamos aqui em busca de um pedido de desculpas. A vaia pode ter sido para nosso manifesto, infelizmente estamos acostumados com essa reação negativa. Mas, as crianças não podem ficar sem respostas. Elas estão revoltadas e com vergonha achando que a vaia foi para elas", desabafou uma professora.
Outra fez questão de ressaltar: "A vaia foi para todos os profissionais de educação. Nos feriu como cidadãos e essa virou uma luta da classe, que está se sentindo humilhada. Além de nós, nossas crianças não mereciam isso. É absurdo!".

Sindicato estadual apoiou o ato

O manifesto contou com o apoio do SEPE - Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação. Membros da instituição informaram que os atos de repúdio de governantes se repetiram de forma isolada e em menor proporção em outros desfiles cívicos realizados nos bairros da cidade. o Sepe reforçou que junto aos educadores irá cobrar retratação da prefeitura e da câmara municipal.
O vereador Carlinhos Presidente compareceu ao ato público e ofereceu apoio aos professores. "Vou ler esta carta de repúdio na tribuna da câmara. Estou com o sentimento de revolta. Esse desfile que deveria ser cívico foi um ataque que aconteceu logo depois de outro ataque, que foi tirar as eleições para diretores. Isso foi desrespeito com os alunos e com os mestres que devem ser tratados com carinho", declarou.

Pais querem acionar a justiça

Os responsáveis que acompanhavam o desfile, muito revoltados tiraram fotos e filmaram a vaia. Alguns deles ficaram mais revoltados ainda quando viram seus filhos, crianças de 4 a 8 anos de idade, expostos num vídeo que os mostra perplexos com a atitude de quem estava no palanque oficial. Ontem, eles prometeram acionar a justiça. "Minha filha de quatro anos não merecia isso. Gravei o vídeo deles vaiando todo mundo e quero colocar na internet. Muita gente gravou, tirou foto. Já procurei o advogado e vou me reunir com as outras mães. A gente pretende entrar com um processo contra a Prefeitura e a Câmara de Vereadores por constrangimento de menor", contou Marcela Silva, que tem três filhos na escola.
Sobre o vídeo, uma professora comentou que o mesmo é de "machucar o coração", pois, ele mostra a perplexidade das crianças diante das vaias. "Dá para ver a carinha deles assustados e sem saber o que fazer. Nós ficamos sem ação na hora. Só queremos no mínimo desculpas".
Ao sair da prefeitura, parte das professoras seguiu para uma audiência na Secretaria de Educação. Elas prometeram que só vão sossegar quando seus alunos receberem uma retratação de todos aqueles que os atacaram com vaias.

1 Comentários:

Garcia disse...

É uma situação inusitada, mas deve-se perguntar a população e aqueles que os elegeram se estão satisfeito com a administração. Agora uma coisa é certa quem vaia se acha o máximo em compensação o vaiado se sente o mínimo, por isso sempre é bom lembrar que “Pau que bate em Chico é o mesmo que bate em Francisco”.

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