Na entrevista coletiva do ministro das Relações Exteriores, Figueiredo Machado, sobre providências a respeito do vazamento de documentos que revelam espionagem do governo dos EUA sobre a presidenta Dilma Rousseff, perguntado se o governo brasileiro havia conversado com o presidente do México, também bisbilhotado, a resposta foi sim. Não só com o governo mexicano, mas há intensificação de conversas sobre o assunto com diversos outros países, disse Figueiredo.
Protocolarmente é claro que o governo brasileiro precisa cobrar explicações do governo estadunidense de forma dura, até para marcar posição e oficializar o repúdio. Mas, cá para nós, as conversas com os EUA passaram a ser o que menos interessa. O momento é uma chance de ouro para o Brasil se unir aos outros países e dar um passo adiante no redesenho da ordem política e econômica mundial, aumentando o papel de cada país e reduzindo a hegemonia de uma única potência na área de tecnologia de informação e comunicações.
O política do Itamaraty (como dos demais países bisbilhotados) deve ser explorar ao máximo o desgaste dos EUA e arrastar as fichas.
O grande erro dos EUA foi deixar tornar público um serviço que, se feito, deveria ser secreto. Que uma superpotência que passou pela guerra fria e é altamente intervencionista usasse intensivamente serviços de espionagem era esperado. Que abusasse desses serviços também não surpreenderia. Mas que não tivesse parcimônia com países amigáveis, a ponto de hostilizá-los, sem sequer ter o cuidado máximo para não ser pego, aí já foi demais. É erro político que nem a supremacia bélica e tecnológica consegue sobrepor.
Agora o Brasil (e outros países) deverão fazer o barulho necessário, reclamando alto e em bom som, mas as respostas estadunidenses, ainda que se retrate, já não tem mais credibilidade. As conversas com o governo dos EUA, pelo menos nesta área, passam a ser um mero jogo de aparências para não levar à ruptura. Afinal tanto os EUA como o Brasil são grandes demais para conviverem no planeta com todas as relações cortadas.
As conversas que interessam para além das aparências voltam-se para arregimentar aliados por uma governança multilateral na internet, reduzindo o controle estadunidense. Haverá também maior aproximação comercial e de cooperação técnica no setor de alta tecnologia entre os demais países, sejam do BRICS, sejam do G20, sejam os outros países do mundo. E haverá menor interesse tanto em fazer acordos com o governo dos EUA, como em fazer negócios com empresas estadunidenses. Melhor para o Brasil e os demais países em ascensão.





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