Alckmin 'depreda' cidadãos com atos violentos da polícia e de vandalismo à democracia

Na manifestação do Movimento Passe Livre de quinta-feira (13), quem perdeu a razão e as estribeiras foi a polícia, comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Foi a tropa de choque quem começou a violência, agressões e abriu fogo contra os manifestantes.

Até jornalistas do PIG (Partido da Imprensa Golpista) admitem isso. Afinal foram também agredidos sem qualquer motivação. Uma repórter da Folha de São Paulo disse que estava parada conversando com a equipe de reportagem em uma das ruas do confronto, passou uma viatura policial e disparou tirou de borracha que atingiu seu rosto próximo ao olho, ferindo com alguma gravidade.

Antes mesmo da manifestação começar a polícia prendeu diversas pessoas apenas "para averiguação". O aparato policial estava cercando o acesso à concentração do público em frente ao Teatro Municipal, e revistava todo mundo que portava mochilas ou bolsas.

O repórter Piero Locatelli, a trabalho para a CartaCapital, foi detido apenas porque carregava um frasco de vinagre, como muitas outras pessoas, usado para aliviar os efeitos do gás lacrimogêneo. A polícia estava detendo arbitrariamente qualquer um que portasse frascos, com receio que fosse gasolina para provocar incêndios ou explosões. Mas o bom-senso manda que bastava qualquer policial cheirar o vasilhame para confirmar o que repórter disse (ele colaborou o tempo todo com trabalho dos policiais se identificando, mostrando documentos, se deixando revistar, explicando, e sem oferecer nenhuma resistência nem desacatar ninguém).

A manifestação com a praça lotada foi pacífica enquanto ficou ali. Quando os manifestantes resolveram caminhar pacificamente para a Av. Paulista, a tropa de choque fechou o caminho e começou o bombardeio com bombas de gás lacrimogêneo para dispersar.

A partir daí a polícia passou a promover uma verdadeira caça aos manifestantes já dispersos em grupos menores, para não se juntarem novamente. A região da Av. Paulista e ruas transversais pareciam que estavam sob estado sítio, em toque de recolher. Qualquer um que estivesse na rua, seja manifestante, seja repórter, seja observador, seja curioso, seja morador transeunte dali, passou a ser alvo de bombas e tiros de borracha.

O uso da força foi completamente desproporcional e desnecessária na maior parte dos casos, até porque desta vez, os relatos de depredação por parte de manifestantes radicais foram menores do que na terça-feira.

O governo Alckmin cometeu um ato de violência contra os cidadãos e de vandalismo contra a democracia ao não permitir manifestações pacíficas, um direito constitucional; e não permitir o direito de ir e vir dos transeuntes, fossem manifestantes ou não.

Os tucanos parecem sofrer de "demofobia" (medo de povo). Passeatas pacíficas são comuns em qualquer democracia. Vá lá que o certo é comunicar às autoridades o local e manter-se no trajeto combinado. Mudar o caminho e fechar o trânsito da Av. Paulista é ato de desobediência civil, mas quando é perceptível que será feito pacificamente e está sob controle, o bom-senso recomenda tolerar, negociar, reabrir as pistas aos poucos e usar força mínima (como barreiras) em vez de confrontar com violência. Transformar a área em uma praça de guerra também fecha a avenida, fazendo os manifestantes atingirem seus objetivos do mesmo jeito e por mais tempo, além de ferir pessoas que não estavam cometendo nenhum ato de violência.