O candidato Celso Russomanno (PRB) foi condenado pela Justiça de São
Paulo por danos morais e materiais causados a uma família após ter
veiculado, em um programa que apresentava em 2003, promessas de
tratamento médico a um garoto de 8 anos e de emprego ao pai e à mãe dele
que nunca foram cumpridas. As informações são do jornal O Estado de São Paulo, edição dessa quinta feira (04)
A condenação ocorreu na primeira instância em novembro. Na sentença, a
juíza Ana Cláudia Dabus decidiu que Russomanno, a RedeTV! e três
empresas devem pagar R$ 40 mil à família.
O candidato e os outros réus apelaram à segunda instância, que ainda não
se pronunciou sobre o caso. Os advogados da família também recorreram, a
fim de aumentar o valor da indenização. O caso teve início quando
Otacília da Silva Moraes, avó do garoto Alexandre Silva Moraes, procurou
o programa que o então deputado apresentava na TV para pedir uma ajuda
ao neto, que apresentava um desvio no tórax, tinha problemas na coluna e
precisava de um tratamento de hidroterapia. Funcionária pública em
Barueri, Otacília era a única integrante de uma casa de dez pessoas que
estava empregada. Responsável por manter a casa, não tinha condições de
pagar a terapia para o neto.
Na televisão, além de levar ao quadro a V & A Representante
Autorizado Trasmontano, que ofereceu o tratamento de hidroterapia ao
garoto, Russomanno apresentou duas empresas que ofereceram emprego à mãe
do garoto, Sueli Silva, e a um tio, Sérgio Aparecido Ramos.
"Quero anunciar para todo o Brasil que você é a nova recepcionista na
zona oeste de São Paulo", afirmou o representante da Microlins.
Russomanno emendou: "Parabéns, parabéns pelo seu novo emprego e vai,
vai...passar o Natal agora já empregada, né?", conforme foi transcrito
na sentença judicial. O funcionário da Microlins dá um cartão da empresa
a Sueli com a promessa de que ela começaria a trabalhar na
segunda-feira seguinte. Ele faz propaganda da empresa e deixa o telefone
de contato.
O mesmo tratamento foi dado ao tio do garoto pela empresa Rede Auto Posto Lava Bem, que ofereceu trabalho a Ramos.Contudo, as promessas nunca se concretizaram. Nem Alexandre conseguiu o
tratamento, nem seus familiares conseguiram os empregos anunciados.
A família alega que chegou a receber telefonemas de integrantes da
emissora e telegramas das empresas indicando os lugares aos quais
deveriam comparecer, mas sempre que iam às empresas a resposta era que
ninguém sabia do que se tratava nem de que tinham direito a algo por
terem participado do programa de TV de Russomanno.
"Iludidos". "É evidente que a atitudedas ( empresas) résgerou
expectativa aos autores, iludidos com a promessa de que iniciariam uma
vida melhor", afirmou a magistrada na sentença. "Não há como resumir a
frustração decorrente do não atendimento dessa expectativa a um mero
aborrecimento. A questão do tratamento prometido ao menor revela de
forma mais evidente a ofensa à dignidade dos autores."
Para a juíza, Russomanno e a RedeTV! beneficiaram-se "das promessas
realizadas, utilizando- se dos autores para captação de clientela e de
audiência para o programa televisivo, devendo arcar, de maneira
solidária, com o prejuízo extrapatrimonial experimentado".
"A gente foi usada", afirma avó de garoto doente
A ajudante de limpeza Sueli Silva, a quem a Microlins ofereceu um
emprego de recepcionista no programa de Russomanno, se disse feliz com a
condenação judicial. "Ele tinha que pagar de qualquer jeito, né?
Enganando as pessoas desse jeito, ganhando muito dinheiro em cima. Tem
que aprender a não se aproveitar mais das pessoas, né?", disse Sueli,
que mora na periferia de Sorocaba (SP), em local onde não há asfalto e
nem saneamento básico. Otacília, avó de Alexandre, afirmou: "É bom pra
ele parar de fazer a gente de bobo. A gente foi usada. Foi uma
frustração.
Você entra num desespero sabendo que tem uma coisa com que contou e perdeu. Se não quisesse ajudar, não ajudasse".
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