Corregedoria do MP de Goiás começa a apurar a relação entre o senador Demóstenes Torres e o irmão dele em procedimentos internos do órgão
A Corregedoria-Geral do Ministério Público de Goiás abriu ontem investigação para apurar o possível envolvimento de integrantes do órgão citados nas interceptações telefônicas reveladas no último sábado pelo Correio. Nas gravações, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) assegura ao bicheiro Carlinhos Cachoeira a interferência em procedimentos internos do MP goiano, por intermédio de seu irmão, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres. O senador usa ainda o nome do presidente da Associação Goiana do Ministério Público, Alencar José Vital, como alguém que serviria aos interesses da organização criminosa.
Na capital federal, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) também deverá dar início a um processo para investigar as suspeitas de ingerência. A avaliação de conselheiros do órgão é de que se trata de um caso grave, já que um dos possíveis envolvidos é o chefe do MP goiano. É praxe que os processos disciplinares contra procurador-geral de Justiça sejam avocados pelo CNMP, pois os corregedores locais esbarram em dificuldades para investigar o comandante do próprio órgão.
O corregedor nacional do Ministério Público, Jeferson Coelho, passou a tarde de ontem estudando o assunto. Ele se pronunciou pela primeira vez sobre as citações de Benedito Torres, que serão analisadas hoje pelo plenário do CNMP. "Vai haver uma reação à altura. Vamos agir", afirmou o corregedor. O conselheiro Almino Afonso também aponta que o CNMP adotará providências. "As denúncias são graves. Uma vez confirmadas, o Conselho irá atuar com rigor", diz.
Provas
Em Goiânia, o próprio Benedito Torres provocou a apuração sobre a suposta ingerência e comunicou seu impedimento em analisar o caso, já que é um dos citados. Horas depois, o corregedor-geral do MP goiano, Aylton Flávio Vechi, apresentou despacho em que destaca que, nos diálogos divulgados, "são mencionados integrantes do MP-GO que, no exercício da função, teriam sido contatados pelo senador Demóstenes Torres, atualmente investigado pelo Supremo Tribunal Federal, para interferirem em assuntos e procedimentos internos da instituição".
Aylton Flávio pediu ontem ao ministro do STF Ricardo Lewandowski, relator do inquérito da operação Monte Carlo, o compartilhamento de provas "que guardem relação direta ou indireta com integrantes do MP-GO". "Dali vamos identificar quais integrantes estão envolvidos. Pelas matérias publicadas até agora, temos citação a Benedito Torres e Alencar José Vital", afirma Aylton. O corregedor-geral diz que Demóstenes, procurador licenciado, deve ser julgado primeiramente pelos colegas senadores, mas que o caso pode ser avaliado pelo MP se o parlamentar tiver o mandato cassado no processo que enfrenta no Conselho de Ética do Senado.
A preocupação com o desdobramento dos fatos levou a Associação Goiana do Ministério Público a convocar uma reunião às pressas na tarde de domingo. Os promotores cobraram explicações de Alencar e Benedito. Segundo o Procurador-Geral de Justiça de Goiás, no entanto, teria havido "mais solidariedade que cobranças". Informações do Correio Braziliense
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