O economista especializado em políticas sociais Ricardo Paes de Barros, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, defendeu ontem que o governo brasileiro avance nas ações afirmativas de combate à desigualdade racial.
Em sua avaliação, essas iniciativas foram bem sucedidas nos últimos dez anos, mas estão limitadas a "valores e necessidades" mais básicos da população negra - uma referência à superação da pobreza, acesso à renda e a melhores condições de moradia, por exemplo. O desafio, diz Paes de Barros, é avançar na superação de desigualdades raciais em "aspectos nobres", dando espaço para os negros em altos cargos de empresas públicas e privadas, na educação superior e no acesso à informação de qualidade.
"51% da população brasileira é negra e cada vez mais a pobreza é bicolor, cada vez mais o acesso à educação básica é bicolor, ou seja, 50% da população branca e 50% da população negra dividem esses direitos. Mas quando vemos que apenas 20% da população negra está na pós-graduação e menos ainda em altos cargos, verificamos que o combate à desigualdade racial é limitado", avaliou Paes de Barros, durante lançamento do portal Observatório da População Negra.
Segundo o economista do governo, é papel do Estado elaborar ações afirmativas, como cotas, também para minimizar a desigualdade racial no "topo" da sociedade, se referindo a acesso a bons empregos e estudo de qualidade.
"É responsabilidade do Estado. Uma preocupação assim levaria a formação de uma elite negra de forma mais acelerada, porque estamos vendo que o acesso da população negra ao topo da sociedade brasileira ainda é limitado. Isso quer dizer que muitos valores e talentos negros não estão sendo aproveitados."
Paes de Barros explicou que é complexo criar ações afirmativas para o que classificou de "topo" da sociedade, por limitações de recursos e porque os valores meritocráticos estão mais enraizados em áreas de liderança em empresas e governo e na pós-graduação, por exemplo. "A grande questão é buscar os talentos negros e dar oportunidade de inclusão meritocraticamente", completou.
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