Depois do bloco pré-carnavalesco Garibaldis e Sacis descer a ladeira do Largo da Ordem, em Curitiba, Beto Richa colocou o seu bloco de PMs desfilarno mesmo trajeto. Mas em vez do canto de marchinhas, estampidos de bombas de efeito moral. Os adereços foram substituídos pelos cassetetes e os instrumentos por projéteis de borracha.
Bricadeiras à parte, na noite de domingo (05 de fevereiro), logo após o bloco pré-carnavalesco Garibaldis e Sacis encerrar sua folia no centro histórico de Curitiba, a Polícia Militar invadiu o Largo da Ordem e dispersou a população desmetida truculência, sem motivo que justificasse o ato.
Sugiro acessar os seguintes relatos:
- do jornal Gazeta do Povo ( http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1220500&tit=Confusao-apos-apresentacao-de-bloco-deixa-feridos-no-Largo).
- do jornalista Cristinao Castilho, do mesmo periódico, em video. www.youtube.com/watch?v=WsfI9qSW-hc
- Já a versão oficial podeser vista no jornal Bom Dia Brasil, da Globo, que fez uma reportagem bem ao seu estilo. Tenta justificar o ataque. "De repente, a bomba", diz a jornalista. Não diz que foi da PM. "Mais tiros são disparados em meio à multidão". Não diz que foi da PM. "De acordo com testemunhas...". Não mostra nenhuma para reforçar a versão da PM, quando inúmeros relatos dizem exatamente o contrário.
- Para imagens da bela festa e informações dos foliões sugiro uma passada pela página do Garibaldis e Sacis no Facebook. Há fotos maravilhosas e comoventes de antes da ação da PM.
Os fatos
A forma como se deram os acontecimentos indicam que a intenção da polícia era acabar com a festa.
Durante o dia, milhares de pessoas tomaram as ruas do centro histórico. Mesmo sem qualquer policiamento preventivo da Guarda Municipal e da PM, tudo ocorreu em paz.
A falta de policiamento era uma preocupação do próprio bloco, que sempre realizou o pré-carnaval por conta própria. Durante uma década eram poucas pessoas, mas nos últimos anos o afluxo de pessoas aumentou assustadoramente. O lugar-comum, de que Curitiba não tem carnaval, passou a ser questionado.
O poder público local nunca viu com bons olhos a festa. Nunca deu apoio com aquilo que seria básico, segurança e banheiros químicos.
Para este ano, quando foram procuradas, as autoridades lavaram as mãos e passaram a exigir que o grupo adotasse medidas para eventos de grande porte. Encararam a festa como evento privado, sem qualquer responsabilidade do poder público.
Como não tem patrocinador, o bloco cogitou a possibilidade de não sair. Mesmo assim, decidiu ir ao Largo da Ordem, na cara e na coragem nos últimos três domingos. Tem mais uma saída marcada (ao menos, por enquanto) para o domingo que vem.
Na semana passada ocorreu o primeiro incidente nesses 15 anos do Garibaldis e Sacis. Embora tenha sido um conflito isolado, logo contornado pelos próprios foliões, a preocupação com a segurança voltou à tona com maior força.
O bloco voltou a procurar as autoridades para reforçar a necessidade do policiamento preventivo. Nas redes sociais e na mídia espalharam-se críticas e denúncias de que o poder público estaria esperando ocorrer uma catástrofe para acabar com a festa.
Pelo visto, em vez de esperar a confusão, os governos Beto Richa (PSDB) e do prefeito Luciano Duci (PSB), aliados, decidiram provocá-la.
Durante o dia, não havia policiamento. À noite, no encerramento da festa, usaram uma suposta confusão para invadir o Largo da Ordem e fazer um verdadeiro arrastão. Isto indica que a ação deve ter sido planejada. A PM não agiu onde teria havido o tumulto. Fez uma varredura do Largo da ordem de alto a baixo. Da Praça Garibaldi à esquina entre as ruas Mateus Leme e 13 de maio.
O motivo parece ser uma tentativa de marginalizar o bloco, de colocar a população contra e acabar com a festa. O Garibaldis e Sacis não se enquadra nos padrões tradicionais curitibanos, elitizados, como o Festival de Teatro (nada contra, apenas é exemplo de evento que o poder público local gosta). Este é um evento privado e tem todo o apoio da Prefeitura Municipal.
É o jeito tucano de ser.
Luiz Herrmann, jornalista (- integante do bloco Garibaldis e Sacis
2 Comentários:
PERIDERIA DE SP NÃO CONFIA NA POLÍCIA
POR QUE DEVERIA?
CartaCapital - 06.02.2012 15:30 (Coluna Gabriel Bonis)
Moradores não confiam na polícia, diz pesquisa
Uma consulta participativa de opinião do Instituto Sou da Paz mostrou que apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia e se sentem seguros com a presença dos oficiais. A pesquisa, realizada entre março e junho de 2011, entrevistou 300 pessoas para identificar a percepção e conhecimento da população local sobre armas de fogo.
Apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia.
Os locais, pertencentes à Subprefeitura de M´Boi Mirim, foram escolhidos por terem apresentado melhoria nas taxas de homicídios na última década, apesar de ainda estarem acima da média da cidade, de 11,49 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo dados de 2010 da ONG Rede Nossa São Paulo.
O Jardim Ângela registrou no mesmo período acima, 18,62 homicídios para cada 100 mil habitantes e o Jardim São Luis, 11,95.
O levantamento ocorreu apenas nos bairros de Jardim São Luís e Valo Velho e foi conduzido por um grupo de adolescentes qualificado pelo instituto para realizar a pesquisa, que em grande parte abordou justamente pessoas entre 13 e 18 anos (46% da amostra), um dos públicos mais afetados pela violência no Brasil.
(...)
Os entrevistados apontaram que não abrem mão de suas armas para se protegerem (59%), por medo de serem presos ao fazê-lo (51%), por não saber o destino da arma (46%) e também por não confiarem na polícia (36%).
“Sobre o alto índice de justificativa para a desconfiança contra policiais na hora da entrega da arma, Alice Ribeiro, coordenadora da área de controle de armas do Sou da Paz, afirma que há relação com o desconhecimento sobre a inutilização do equipamento. “Também há de se considerar a relação dos moradores com a corporação, as pessoas podem achar que a policia pode desviar as armas”, diz. “Mas isso não foi questionado.”
LEIA MAIS: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-nao-confiam-na-policia-diz-pesquisa/
PERIFERIA DE SP NÃO CONFIA NA POLÍCIA
POR QUE DEVERIA?
CartaCapital - 06.02.2012 15:30 (Coluna Gabriel Bonis)
Moradores não confiam na polícia, diz pesquisa
Uma consulta participativa de opinião do Instituto Sou da Paz mostrou que apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia e se sentem seguros com a presença dos oficiais. A pesquisa, realizada entre março e junho de 2011, entrevistou 300 pessoas para identificar a percepção e conhecimento da população local sobre armas de fogo.
Apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia.
Os locais, pertencentes à Subprefeitura de M´Boi Mirim, foram escolhidos por terem apresentado melhoria nas taxas de homicídios na última década, apesar de ainda estarem acima da média da cidade, de 11,49 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo dados de 2010 da ONG Rede Nossa São Paulo.
O Jardim Ângela registrou no mesmo período acima, 18,62 homicídios para cada 100 mil habitantes e o Jardim São Luis, 11,95.
O levantamento ocorreu apenas nos bairros de Jardim São Luís e Valo Velho e foi conduzido por um grupo de adolescentes qualificado pelo instituto para realizar a pesquisa, que em grande parte abordou justamente pessoas entre 13 e 18 anos (46% da amostra), um dos públicos mais afetados pela violência no Brasil.
(...)
Os entrevistados apontaram que não abrem mão de suas armas para se protegerem (59%), por medo de serem presos ao fazê-lo (51%), por não saber o destino da arma (46%) e também por não confiarem na polícia (36%).
“Sobre o alto índice de justificativa para a desconfiança contra policiais na hora da entrega da arma, Alice Ribeiro, coordenadora da área de controle de armas do Sou da Paz, afirma que há relação com o desconhecimento sobre a inutilização do equipamento. “Também há de se considerar a relação dos moradores com a corporação, as pessoas podem achar que a policia pode desviar as armas”, diz. “Mas isso não foi questionado.”
LEIA MAIS: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-nao-confiam-na-policia-diz-pesquisa/
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