Pages

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brasil buscará minério no fundo do mar


O Brasil se prepara para explorar minérios no fundo do oceano Atlântico, em águas internacionais. O feito é inédito em dois aspectos. Nunca o país se aventurou a explorar riquezas minerais (exceto petróleo) em solo tão profundo, a até 6.000 metros abaixo do nível do mar.

O país também nunca reivindicou à comunidade internacional direitos em área tão afastada da plataforma continental brasileira, que tem largura média de 320 quilômetros a partir da costa.

A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) enviou quatro expedições para o Alto do Rio Grande, cordilheira a mais de mil quilômetros da costa de Santa Catarina. A quarta embarcação enviada a essa cadeia de montanhas no Atlântico voltou ao Rio ontem.

Estudos mostram que a região tem cobalto, níquel, manganês, fosfato, gás metano e até minérios mais raros, como o lítio, usado na indústria de alta tecnologia. O governo trabalha com a hipótese de desenvolver atividades comerciais daqui a dez anos.

O próximo passo é pedir à Isba (International Seabed Authority), ligada à ONU, o direito exclusivo para pesquisa de viabilidade econômica.

A CPRM apronta seus relatórios para iniciar esse processo em um ano, motivada pelo potencial econômico e também por uma questão geopolítica. Há indícios de que embarcações alemãs e russas tenham sondado o local.

Segundo Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, o projeto é fundamental para o Brasil desenvolver tecnologia própria de exploração em alto-mar e avaliar como reduzir impactos ambientais.

Estão sendo estudadas as formas de vida do lugar

-bactérias e demais micro-organismos- e como dispersar os rejeitos de uma exploração mineral em alto-mar.

"O Brasil agora está com condições financeiras" e pode fazer essas pesquisas, diz Ventura sobre o relativo atraso ante países como China, Japão, Rússia e Alemanha.

No entanto, não há navio brasileiro apropriado para as expedições. As quatro já feitas ocorreram com uma embarcação holandesa. Em agosto, haverá nova missão, e o navio será japonês.

Hoje o país faz pouca exploração de minérios em solo marítimo. Há autorização de pesquisa na plataforma continental do Maranhão e do Espírito Santo, para coleta de material composto por farelos de conchas e corais. (Da Folha)

1 Comentários:

Marcão marco.aurélio.carvalho@hotmail.com disse...

Atracou na quarta-feira (18/1), no porto de Niterói, no Rio de Janeiro, após 35 dias no mar, navio fretado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que retorna de expedição pesquisa a uma região denominada Elevado do Rio Grande, localizada no Atlântico Sul, a 1.500 quilômetros da costa brasileira, em águas internacionais. A expedição coletou dados geofísicos e amostras de rochas do fundo do Oceano.
O projeto é estratégico para o governo e está sendo coordenado pela CPRM em parceria com a Marinha do Brasil e universidades. As pesquisas visam realizar o reconhecimento geológico e o levantamento da potencialidade mineral de uma área de 95.000 km2, além da plataforma continental jurídica brasileira, que apresenta interesses econômicos, geológicos e ambientais.

De acordo com Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, o projeto está numa etapa de avaliação do potencial da região. “Estamos iniciando um processo de pesquisa de médio e longo prazos que envolve o desenvolvimento de tecnologias para exploração dessas áreas”, explica.Segundo o diretor, os recursos para continuação do projeto estão no orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na ordem de R$ 50 milhões, previstos para os próximos anos.

Em fevereiro o navio retorna para mais uma sequência de pesquisa na região para finalizar a etapa de levantamento geológico básico e detalhamento de algumas áreas pesquisadas em expedições anteriores. A bordo, novo equipamento, conhecido como TV Grab, empregado para gravar imagens em águas profundas, ele vai ajudar os pesquisadores a conhecer mellhor a topográfico e o ambiente marinho da região.

“Estamos completando o mapeamento de base, o que vai permitir conhecer em detalhes o ambiente topográfico, além de auxiliar a pesquisa mineral, pesca, bioprospecção, a proteção e a preservação do meio ambiente”, destaca Kaiser Gonçalves de Souza, chefe da Divisão de Geologia Marinha da CPRM.

As pesquisas estão sendo realizadas por equipes multidisciplinares formadas em diversas áreas de conhecimento. Ente elas, geologia, biologia, geofísica, geociência, além de estudantes. A ideia é permitir a iniciação cientifica, a geração de conhecimento e a capacitação de especialistas para que o país possa estar apto a pesquisar e explorar em águas profundas. No total, o projeto envolve cerca de 80 pesquisadores de diversas instituições.

Segundo o geólogo da CPRM, Eugênio Pires Frazão, que participa das expedições, o trabalho de pesquisa desenvolvido também vai delinear áreas onde será feito mergulho com o submersível tripulado Japonês,SHINKAI6500, que tem a capacidade de mergulhar até 6.500 metros de profundidade. O projeto faz parte da cooperação Brasil-Japão, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores, a CPRM é coordena à área de recursos minerais marinhos.

A Elevação de Rio Grande é uma importante unidade morfológica que se eleva por 3.200 metros a partir do piso oceânico, coberta por uma lâmina de água ao redor de 800 metros. Situa-se na zona internacional do leito marinho, denominada de “Área”, sendo considerada pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar (CNUDM) como parte do patrimônio comum da humanidade. O Brasil, assim como os outros países participantes da CNUDM, tem o direito de fazer pesquisa cientifica e verificar a ocorrência de recursos minerais nessa região. Sob o ponto de vista científico, ambiental, econômico, político e estratégico, o governo brasileiro tem o interesse de conhecer e avaliar a potencialidade de recursos minerais adjacentes a sua plataforma continental, e também ampliar a presença brasileira no Atlântico Sul.

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração