Macartismo revive no Estadão: jornal atesta honestidade da mulher de Orlando Silva, mas retrata como se fosse crime

O Instituto Via BR é uma entidade sem fins lucrativos (ONG) que atua na área da cultura. Criou o projeto de um documentário chamado "Repare Bem", reflexivo sobre a Anistia e os atos ocorridos na ditadura (confira o site aqui):

"Inspirado na saga de três mulheres perseguidas por suas atuações políticas, “Repare Bem” foi elaborado pelo Instituto Via BR com direção da atriz portuguesa Maria de Medeiros para trazer ao universo cinematográfico brasileiro um recorte humano sobre os anos de opressão do regime militar e seus desdobramentos na vida das famílias daqueles que foram perseguidos."

Em 2005, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (o ministro ainda era Márcio Thomaz Bastos) divulgou um edital convidando Organizações não Governamentais (ONGs) a realizarem projetos de preservação, de memória, de difusão e de incremento do acervo material e imaterial da Comissão de Anistia.

O documentário “Repare Bem" foi um dos 19 trabalhos selecionados para contribuírem com a recuperação de arquivos da época da ditadura. O convênio só foi assinado em 2010.

O documentário foi feito e está aí, para todo mundo ver:






A ficha técnica do documentário é esta:

Ana, Helena e Vanessa Stropp fizeram a pesquisa. É natural e justo que sejam remuneradas por seu trabalho, não é?

Alguém encontrou algum crime até aqui?

O Estadão "jura" que encontrou, e fez esta "reporcagem", que traz para o Brasil o macartismo fascista dos anos 50:

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Ou seja, a mulher do ministro Orlando Silva, Anna Petta e sua irmã Helena fizeram a pesquisa, fazendo parte da equipe de um documentário produzido por uma ONG que venceu um edital público.

E o Estadão ainda "prova" que foi tudo feito dentro da lei, da ética, e com total transparência, com documentos publicados pelo próprio jornal:

Aqui o Diário Oficial, publica o Convênio, o que prova que tudo foi feito às claras, e seguindo todos os trâmites públicos:

O Estadão acha que é crime ter até contrato do Convênio acima:

Anna Petta e sua irmã abriram uma microempresa para agir dentro da formalidade, emitindo nota fiscal por seus serviços prestados, como manda a lei, em seus respectivos nomes, inclusive para incidência de imposto de renda, e o Estadão acha que isso é crime.

E ohhh.... horror dos horrores. O Estadão acha crime formalizar em contrato a relação de prestação de serviços, e ainda por cima assinar:

Resumo:

Anna Petta atua na área cultural, prestou serviços em sua área, e abriu uma microempresa familiar com a irmã nesta área para atuar dentro da formalidade. Onde está o crime?

Prestou um serviço na produção de um documentário que foi feito, para uma ONG que não é dela, e que venceu um edital público e transparente, e fez contratos formais, recebeu pagamentos formais, e nada indica que sejam valores estranhos aos cobrados por este tipo de serviço. Onde está o crime?

Lendo os documentos e vendo o caso, o Estadão passa um atestado de honestidade em Anna Petta.

Mas fez uma "reporcagem" querendo incriminá-la. Qual o "crime"? Serem filiados ao PCdoB!

O mesmo "crime" de ser acusado de "comunista" pelo Macartismo, nos EUA, nos anos 50, quando até Charles Chaplin foi vítima de perseguição.

Até agora, pelos documentos e atitudes, Orlando Silva só tem recebido atestados de honestidade:
- ONG's que se tornaram picaretas? Sim existem, mas o ministro agiu como deve agir: para reaver o dinheiro, inclusive foi esta exigência o estopim das denúncias do PM João Dias.
- A folha denunciou a compra de um sítio, desvalorizado, porque passa um trambolho de um gasoduto no terreno, como se houvesse algo a ver com tirar vantagem da Petrobrás (dona do gasoduto). Pelos documento exibidos, o que se nota é que o negócio foi totalmente legal e não tem vestígios de nada esquisito.
- A mulher dele recebeu dinheiro pelo trabalho dela, nada tendo a ver com o cargo de ministro do Esporte.

Até agora, com base nos fatos e atitudes, não há nada que desabone o trabalho e a conduta de Orlando Silva.

Dilma mantém Orlando Silva no cargo.

A Presidenta Dilma Rousseff reuniu-se com o ministro do esporte, nesta sexta-feira à noite, e o manteve no cargo, após ter constatado que as denúncias contra ele, até o momento, são infundadas.

Ao deixar a reunião, o ministro comentou o encontro: "Manifestei minha revolta e ela (Dilma) me sugeriu serenidade e paciência, muita paciência, e afirmou a confiança que tem no nosso trabalho. É uma condição do nosso partido, que se sentiu ferido diante de tamanhas acusações. São 90 anos de história, mas nós não vamos hesitar em fazer defesa também do nosso partido", disse o ministro.