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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Para quem se diz ético, é imoral

Uma empresa contratada por órgãos da União fiscalizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) vende na internet palestras do presidente do tribunal, Benjamin Zymler, de sua chefe de gabinete e de dois ministros-substitutos.A Elo Consultoria Empresarial e Produção de Eventos recebeu R$ 2,1 milhões entre 2008 e 2010 de ministérios e órgãos do Executivo.

Segundo a empresa, também são ou foram seus clientes o Senado, a Câmara dos Deputados, a Petrobras e a Caixa Econômica, dentre outros -todos passam por fiscalização do TCU.

Zymler é anunciado no site da Elo na internet como um de seus principais "apresentadores". A Elo recebe o pagamento de seus clientes e repassa a Zymler a parte que lhe cabe pela palestra.Não se sabe quanto fica com o presidente do TCU e com os outros palestrantes. Zymler, por meio da assessoria do tribunal, se recusou a falar sobre o assunto.

INSCRIÇÃO

Algumas palestras para turmas de 30 pessoas feitas pela Elo podem arrecadar até R$ 120 mil -cada inscrição chega a custar R$ 3.900.A próxima palestra do ministro ocorreria entre os dias 11 e 14 de fevereiro. Contudo, ontem à tarde, após a Folha procurar informações com o TCU e a Elo, a empresa postou em seu site a mensagem: "Curso cancelado".

Os valores repassados pela Elo são diferentes dos R$ 228 mil que Zymler recebeu entre 2008 e 2010, conforme revelou a Folha anteontem.Naquele caso, os pagamentos, feitos por órgãos e entidades fiscalizados pelo ministro e pelo tribunal, ocorreram direto para Zymler ou sua empresa, a EMZ.Em relação à Elo, como é a empresa que deve remunerar Zymler, a partir dos recursos recebidos da União, os registros de pagamentos ao ministro em 2010 não vão para o Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo federal.

Em 2009, Zymler aparece no Siafi recebendo R$ 71,1 mil por duas palestras. No ano passado, o sistema não apontou pagamento. Mas o ministro continuou prestando os serviços, que classifica de "exercício do magistério".

AGENDA

Segundo o site da Elo, o presidente do TCU foi palestrante em pelo menos três eventos da empresa no ano passado: 22 de março, 15 de julho e 4 de novembro, sempre em dias da semana, das 8h às 18h, com intervalo de duas horas, e em horários de expediente do tribunal.

Além da que já foi cancelada, mais uma "participação especial" de Zymler está anunciada para este ano, entre 17 e 18 de março.Por dois dias de evento, a Elo cobra entre R$ 2.000 por aluno, em turmas maiores, a R$ 3,9 mil, em turmas de até 30 pessoas.

Segundo o site da Elo na internet, também participam desses eventos os ministros-substitutos do TCU Augusto Sherman e André Luís de Carvalho e a chefe de gabinete de Zymler, Karine Lílian de Sousa Machado.

Os órgãos públicos contratam a Elo e bancam a inscrição de seus servidores. Para um evento, por exemplo, o Ministério da Fazenda desembolsou R$ 81 mil, e o Ministério das Relações Exteriores, R$ 44 mil.

As contratações não são feitas por licitação -ela é dispensada ou é considerada "inexigível", porque, alegam os órgãos, não haveria possibilidade de competição.As palestras não são fechadas aos órgãos públicos. Qualquer empreiteira ou empresa que tenha problemas com o TCU, por exemplo, também pode comprar pacotes da Elo.Informações da Folha

5 Comentários:

V disse...

Recusou a falar?

Isso é que é Transparência!

Yacov disse...

Muito estranho esse negócio... Quer dizer então que o presidente do TCU, que é encarregado de verificar as contas dos órgãos da União e das empresas prestadoras de serviços, é contratado pelas mesmas empresas que tem que fiscalizar, para fazer palestras caríssimas?!?!? Ouvi dizer que o FHC cobra R$ 90 mil por palestra, e esse presidente do TCU cobra R$ 120 mil... 'Tô sentindo um cheirinho de fraude no ar...

“O BRASIL PARA TODOS não passa na gLOBo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS”

Morais disse...

Este TCU que vive tentando atrapalhar o governo federal e que não fiscaliza do estado de São Paulo parrece que não tem muita moral para fazer estas investigações.

Anselmo disse...

A maioria do Pessoal do TCU, são pares do Gilmar Mendes, com seus cursos, simulados para receber financiamento das oligarquias do Brasil, com recibo, acarrentando nosso país como um dos 5 piores de distribuição de Renda, apesar do Governos progressista, este pessoal do TCU e Gilmar Mendes, barram muitos avanços necessários para uma nação melhor.

Anônimo disse...

Atividade privada, mas o Ministro é servidor público, um agente político. Se um agente da PF, nas horas vagas, exerce-se a atividade de "Jogo do bicho", é privado, mas se relaciona a sua atividade pública. Admira um profissional com tanto saber do Direito Administrativo sair com uma fala dessas. Servidor tem privilégios, por ser estatutário, mas tem suas restrições.
Além disso, consta na Imprensa que as aulas são em horário de expediente e que o Ministro tem uma empresa. Por que não receber a Gratificação de curso e concurso como todos os mortais?
Um claro conflito de interesses...
Ah, tá, o Ministro tem livros publicados, fez doutorados, duas graduações etc. Mas, é só por isso que ele é convidado? O cargo não conta? E a contratação por Inexigibilidade-Se ele tem notório conhecimento, para quê a empresa.
Hoje o TCU tem feito um belo trabalho de capacitar municípios e gestores, conforme informações do seu site. E os mais abonados, tem capacitações melhores, pagas. Onde o interesse público!
O Brasil hoje tem cerca de 107 mil doutores...Todos ganham essa fábula dando palestras em òrgãos publicos...A se refletir!

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