Pages

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MP diz que está apurando merenda em carro funerário

O Ministério Público deve incluir no inquérito que investiga a máfia da merenda em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, a denúncia revelada ontem pelo Jornal da Tarde de que as refeições fornecidas pela Verdurama eram transportadas pela funerária de Lucas César Ribeiro. Lucas é filho do lobista Paulo César Ribeiro, o Paulão, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A apuração corre sob segredo de Justiça.

A promotoria considera a denúncia grave e poderá chamar a depor o agente funerário Vicente Ricardo de Jesus, de 52 anos. Ex-funcionário da funerária de Lucas, Jesus afirmou ao JT que, no período em que trabalhou no local, entre 2004 e 2008, levava merenda para a Verdurama no mesmo veículo que transportava cadáveres. “Todo mundo sabia”, garantiu. Investigada por suspeita de fraude nas licitações e pagamentos de propina a prefeitos paulistas e de outros três Estados, a Verdurama disse “desconhecer o fato” e afirmou ter contratado outra empresa de Lucas, a CR Transporte e Logística, para o serviço. O MP suspeita que a empresa seja de fachada e que o relato de Jesus seja mais um indício da irregularidade.

Pai de Lucas, Paulão é apontado como lobista de uma organização que, em troca de contratos para fornecimento de merenda escolar, fazia doações em somas elevadas para campanhas eleitorais de prefeitos. Uma suposta planilha de propina apreendida pela promotoria indicaria o nome do lobista ao lado da quantia de R$ 10 mil e da sigla “V27”, que seria referente a contrato da Verdurama com a prefeitura de Pindamonhangaba. Ele nega as acusações.

Comissão processante

A denúncia feita pelo agente funerário também pode ser apurada em uma comissão processante que a Câmara Municipal de Pindamonhangaba pretende criar em fevereiro para apurar o esquema que teria envolvido doações para a campanha do prefeito João Ribeiro (PPS), reeleito em 2008.

A investigação foi recomendada pela Comissão Especial de Inquérito (CEI), que apurou, entre 2006 e 2007, as denúncias envolvendo o fornecimento de merenda escolar na cidade. Para começar a funcionar, a comissão, que pode resultar na cassação do prefeito, precisa ser aprovada por oito dos 11 vereadores. O presidente da Câmara, Ricardo Piorino, também do PPS, contou que “existiam comentários na cidade” sobre o transporte de merenda escolar em carro funerário, mas que a prática não foi investigada. “O objeto da CEI era o direcionamento dos editais. Quando a isso que você falou, a gente ouvia boatos na cidade inteira, mas não houve prova na comissão”.

Foi em depoimento à CEI que Osvaldo Ussier Filho, filiado ao PSDB e antigo funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de Taubaté, relatou ter alertado Alckmin, já em 2006, quando ele disputou a eleição presidencial, sobre as atividades suspeitas de seu cunhado. Alckmin disse defender “investigação” total do caso e do parente.

ENTENDA O CASO

>>Um dos 11 irmãos da primeira-dama Lu Alckmin, Paulo César Ribeiro, o Paulão, é investigado pela promotoria sob suspeita de integrar esquema que fraudava licitações e superfaturava o preço de merenda em contratos com prefeituras mediante pagamento de propina e doações eleitorais

Com influência na Prefeitura de Pindamonhangaba, Paulão é suspeito de ter atuado para que a Verdurama vencesse a licitação. O contrato de R$ 6,8 milhões foi considerado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE)

Para transportar a merenda, a Verdurama contratou uma empresa de transporte e logística de Lucas César Ribeiro, filho de Paulão. A promotoria suspeita que a firma seja de fachada

Segundo um ex-funcionário de Lucas, o transporte das refeições era feito pela funerária do sobrinho de Alckmin, nos mesmos carros que levavam cadáveres. Jornal da Tarde

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração