Favorecidas pela manutenção da forte demanda no mercado interno, as indústrias calçadistas e de vestuário entraram 2011 com as encomendas em alta e animadas com a possibilidade de verem suas vendas beneficiadas pelo aperto no crédito, que deve afetar a venda de bens mais caros. Em algumas calçadistas, como a Pegada, de Dois Irmãos, e a Piccadilly, de Igrejinha, a produção de janeiro já foi toda vendida e o ritmo dos negócios vai exigir novos investimentos em expansão de capacidade. O problema continua na exportação, prejudicada pela valorização excessiva do real, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
A Piccadilly precisou antecipar para o dia 3 o retorno das férias coletivas que deveria ocorrer no dia 17 deste mês, disse o diretor-presidente, Paulo Grings. A empresa vendeu 770 mil pares de calçados femininos em janeiro, 54% a mais que no mesmo período do ano passado. "O varejo está confiante e decidiu repor os estoques de produtos de verão, que acabaram no período de vendas de Natal", disse.
A Pegada manteve o calendário tradicional e volta a trabalhar dia 17, mas a produção de janeiro já havia sido vendida em dezembro, enquanto no início de 2010 as encomendas firmes equivaliam a uma semana de operação, diz o diretor-comercial, Astor Ranft.
A Piccadilly prevê crescimento de 20% no volume de produção e no faturamento de 2011 em comparação com o ano passado. A empresa ainda não fechou o balanço de 2010, mas "no mínimo" cumpriu a meta de 8,9 milhões de pares e R$ 282 milhões em receita bruta, ante 7,8 milhões de pares e R$ 222,8 milhões em 2009. Para dar conta das projeções de crescimento, vai investir R$ 5 milhões neste ano para expandir a capacidade instalada total de 10 milhões para 11 milhões de pares por ano. Em 2010 a empresa contratou cerca de 400 funcionários, elevando o quadro para 3,2 mil pessoas, e prevê recrutar outros 300 este ano.
A Pegada vai investir R$ 4 milhões até o segundo semestre para dobrar a capacidade de produção das unidades de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, e Ruy Barbosa (BA), para 10 mil pares/dia cada. A empresa, que produziu 2,1 milhões de pares em 2010, opera praticamente a plena capacidade e prevê crescer 15% a 20% neste ano.
Segundo o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, as projeções preliminares do setor são de crescimento de 7% das vendas internas em 2011, sobre uma base de 650 milhões de pares. Em 2010 a expansão foi de 10%. O problema, segundo ele, segue focado nas exportações, que foram de US$ 1,485 bilhão em 2010, ante US$ 1,360 bilhão em 2009, sem retornar ao US$ 1,871 bilhão de 2008.
Com três unidades em Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, a fabricante de lingerie Hopeprevê mais um ano de crescimento expressivo. Além da demanda forte, a empresa acredita que seu setor será um dos maiores beneficiados pelo aperto na concessão de crédito de longo prazo estabelecido pelo governo federal. "Esse freio no financiamento de bens duráveis deve trazer mais dinheiro para os bens de consumo não-duráveis", disse o diretor-comercial da empresa, Carlos Padula. A Hope projeta para este ano um crescimento de 40% sobre 2010, que já cresceu 38% sobre 2009.
Segundo Padula, o volume de pedidos feitos em dezembro para entrega em janeiro foi 54% maior do que um ano antes. Além disso, as encomendas feitas na primeira semana de 2011 foram 60% superiores ao mesmo mês de 2010.
No setor têxtil, a alta dos preços do algodão, que superou 100% ao longo de 2010, impactou os resultados. Segundo João Henrique Marchewsky, presidente da Buettner, a indústria entrou em um período de queda-de-braço com o varejo para o repasse de preços. Para a fabricante catarinense de cama, mesa e banho, dezembro de 2010 teve um desempenho abaixo do de 2009. Sem sobrecarga de pedidos, a empresa concedeu férias coletivas da semana do Natal até dia 10 de janeiro. No dia 4, 40% dos funcionários voltaram ao trabalho. Segundo Marchewsky, janeiro será 20% mais fraco do que o mesmo mês de 2010 também pela influência do preço do algodão.valor
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