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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Encontro com blogueiros: a participação do nosso blog

O Presidente Lula atendeu aos blogueiros que fazem contraponto à grande imprensa e concedeu uma entrevista no Palácio do Planalto, na quarta-feira (dia 24).

A entrevista é um marco histórico na democratização da informação, pois pela primeira vez um Presidente da República tratou os blogs de forma equiparada aos grandes veículos de comunicação.

Programada para durar 1 hora e meia, encontramos um Presidente receptivo e sem economizar nas respostas, o que levou o encontro a ultrapassar 2 horas.

Dez blogueiros estiveram presentes, e foi transmitida ao vivo pela internet, sem cortes e sem edição.

O tempo só permitiu a cada blogueiro fazer uma pergunta. Outras perguntas foram feitas pela internet. Em cada resposta o Presidente, muitas vezes, acabou estendendo o assunto para além da pergunta, o que tornou a entrevista rica de informações e histórias.

Nas notas abaixo estão os vídeos separados por perguntas, com as participações de cada um dos blogueiros (*).

A Helena é quem participaria pelo nosso blog, mas por impossibilidade profissional para ela, fui eu, Zé Augusto.

Na apresentação inicial, o Secretário de Imprensa do Planalto, Nelson Breve, explicou as origens do evento e as participações. Veja o vídeo:



Como não poderia deixar de ser, alguns blogueiros perguntaram sobre democratização, regulamentação dos meios de comunicação e abusos do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Outros perguntaram sobre políticas que o blogueiro considerou insuficientes durante o governo Lula. Outros sobre os debates e polêmicas nacionais.

Nós vislumbramos que, se a imprensa fez oposição raivosa ao governo Lula, também fará oposição conservadora à suas articulações como líder político, a partir de 2011, e teremos que fazer contraponto em embates nacionais, como a reforma política, para que as propostas progressistas sejam vitoriosas. Nossa pergunta foi neste sentido. Segue o vídeo e a transcrição da resposta:



Blog Amigos do Presidente Lula pergunta: Presidente, bom dia. Blogs ativistas como o nosso nasceram ainda no seu primeiro mandato, inspirados para combater as tentativas de golpear o seu governo. Pelo visto, essa pauta combativa continuará no governo Dilma.
Em relação ao senhor, em 2011, o senhor falou que quer esperar “desencarnar” [do cargo de presidente], mas dá para antecipar alguma grande pauta que teremos combativa? Deixa eu dar uma ideia: Sobre reforma política, há clima para uma “miniconstituinte” exclusiva? Principalmente... aproveitando a oportunidade, já que líderes da oposição sem mandato poderiam ter interesse em ter algum protagonismo também?

Presidente responde: Olha, deixa eu te dizer uma coisa que eu acho importante dizer agora, já, antecipar isso: Eu pretendo trabalhar muito para a reforma política. E pretendo trabalhar junto com os partidos políticos no Congresso Nacional e junto à sociedade. Quer dizer, é inconcebível este país atravessar mais um período sem fazer a reforma política, é inconcebível. Obviamente que não é papel de quem está na Presidência, é papel dos partidos políticos, é papel do Congresso Nacional. Então, a primeira coisa que a gente tem que fazer, no meu caso, é convencer o meu partido de colocar a reforma política como prioridade; segundo, convencer os partidos de esquerda, que muitos não querem. Eu quero compreender qual é a divergência que existe entre nós, no bloco de esquerda, sobre a questão da reforma política. É porque, a partir daí, se você construir um pensamento homogêneo entre determinados blocos, você pode tentar trabalhar com outros blocos.

E, se for necessário, a gente tem que defender uma constituinte própria para isso. Eu, sinceramente, se você quiser minha opinião, eu acho que a reforma política é uma coisa prioritária no Brasil. É preciso que os partidos sejam fortalecidos, é preciso que os partidos tenham mais responsabilidade, e é preciso que as coisas aconteçam com a seriedade que nós queremos que aconteçam no Brasil, sobretudo na questão de financiamento de campanha. Eu já disse publicamente: Eu prefiro financiamento público, que a gente sabe quanto vai custar uma campanha, cada partido vai ter responsabilidade da quantidade de recursos que vai receber, cada partido vai fiscalizar o seu recurso, e não ficar essa loucura que é uma campanha que a gente não tem nunca noção se é verdade ou não as contas, aquele negócio todo.

Então, eu sou favorável, e você pode contar comigo nessa trincheira. A companheira Dilma sabe disso, o meu partido sabe disso. Eu vou estar muito mais livre para falar e para dizer coisas que eu não posso dizer com o papel institucional de presidente da República. As pessoas pensam que o Presidente pode tudo. Pode relativamente, mas o Presidente tem muita responsabilidade, então ele não pode dizer o que ele pensa, ele não pode... eu, até muitas vezes, exagero, mas não... Eu acho que eu vou ser muito mais defensor da luta pela reforma, e a primeira batalha é dentro do PT. Se vencer dentro do PT, eu tenho certeza de que o movimento social é favorável, e as pessoas precisam apenas compreender a seriedade da reforma política, por que ela é importante para o Brasil.

Bem, depois eu pretendo fazer o quê? Eu tenho vontade de trabalhar com as experiências bem-sucedidas do Brasil, eu tenho vontade de trabalhar na América Central, nos países menores do Caribe, ajudar a Guatemala, El Salvador, Nicarágua... sabe, temos muita experiência bem-sucedida, e sobretudo o continente africano. Eu quero ver se eu dedico um pouco do meu tempo a levar algumas experiências de políticas nossas, para ver se a gente consegue implantar na África. Nós começamos agora em Moçambique três cursos de universidade aberta, com setecentos e poucos alunos. Até o final de 2011, o Brasil vai ter 7,9 mil alunos em Moçambique fazendo curso pela Universidade Aberta, com aula presencial, acho que uma vez por mês, e nós queremos fazer isso para todos os países de língua portuguesa.

Mas, sobretudo, eu tenho vontade de ajudar... a experiência do Territórios da Cidadania, a experiência da compra de alimentos, a experiência da obrigatoriedade de 30% do alimento da merenda escolar ser comprada na cidade pelo pequeno produtor, do crédito para o pequeno produtor, a experiência brasileira de microcrédito é excepcional.

Eu participei de um seminário esta semana que eu, Presidente, não tinha noção do sucesso da política de microcrédito. Tem um microcrédito no Ceará, que foi o primeiro que eu vi...

__________: Banco Palmas, não é?

Presidente: ... de Palmas, emprestou... as pessoas tomam R$ 15,00 emprestados para ir comprar farinha, para ir comprar... É impensável alguém da Avenida Paulista imaginar que alguém vai a uma cooperativa tomar R$ 15,00 emprestados.

... De vez em quando, eu vou a debate com o Guido, com o Meirelles, em Frankfurt, no G20, eu falo: A gente discute muito a macroeconomia, mas o que está dando certo ali da macro é a microeconomia, ou seja, é o catador de papel recebendo dinheiro do BNDES, coisa que era impensável, é o pessoal do campo tendo acesso ao Minha Casa, Minha Vida. ... É o crédito consignado, que já tem mais de R$ 120 bilhões no mercado; os aposentados estão com quase R$ 60 bilhões de crédito. Ou seja... Precisou chegar à Presidência um torneiro mecânico metido a socialista para este país virar um país capitalista. É verdade. Para ter crédito, para ter financiamento... Coisa que não tinha, não tinha.

Então, eu acho que essa experiência eu quero levar. Porque muitos presidentes falam que não têm dinheiro. Não é só dinheiro. Hoje eu posso dizer para vocês que o problema não é só dinheiro. Dinheiro é importante, mas muitas vezes é a tomada de decisão. Porque, às vezes, você pode decidir dar R$ 10,00 para um lugar em vez de dar 100 para outro. E isso nós superamos aqui no Brasil, acho que a Dilma tem todas as condições de aperfeiçoar isso, aperfeiçoar, e a gente virar uma referência mundial nessa questão de relação com a sociedade, de microcrédito, de financiamento. E aí vocês conhecem um pouco isso.

(*) A notas estão sendo postadas à medida que os vídeos estão sendo processados, e são 21 vídeos, então aguardem até à noite para a disponibilização de todos.

5 Comentários:

Paulo - Floripa SC disse...

Excelente a entrevista com Presidente Lula. É claro que ele não pode falar tudo, como gostaríamos (rsrsrsrs). Como ele mesmo enfatizou. Sobre a saída do Dr. Paulo Lacerda, da PF, foi lacônico. Qto ao dia mais triste, qdo ele citou o acidente da TAM, poderia ser perguntado sobre a saída do Ministro Waldir Pires. Que foi trocado pelo desonesto confesso jobim - que enxertou cláusulas na "nossa" Constituição que não foram votados, confessou e ficou por isso mesmo. As cláusulas continuam lá. Deveria ser colocado na cadeia.

Gostei muito. O Presidente é muito espirituoso e carismático. É um grande prazer ouvi-lo.

Parabéns a todos pelas excelentes perguntas e essa grande conquista.

Abraços

Julio Cesar Macedo disse...

Ficou ótima essa separação que vcs fizeram nas perguntas e trechos do vídeo! Super didática!
Parabéns!

Neto disse...

Lula é O Cara! É o melhor presidente que este país já teve, e a velha mídia vai ter que bater palmas pra ele.

Digo mais: já estou com saudades suas presidente!

Scarlett disse...

E é por isso que eu sou 100% fã de vcs! Adorei a entrevista e adoro o blog!

Sonia/Abra a Boca, Cidadão! disse...

Critiquei no meu blogue, em vários posts, a forma sigilosa de como a articulação da entrevista foi feita, deixando de fora tantos blogueiros, sem direito sequer de sugerir perguntas e temas, e também a escolha dos entrevistadores, que me pareceu unilateral, antidemocrática. Não fui compreendida, entenderam que eu advogava em causa própria... Quero deixar registrado aqui que me senti feliz e representada pela participação do blogue Os Amigos do Presidente Lula. As perguntas foram pertinentes, oportunas, e a postura do entrevistador muito séria e correta, sem "estrelismos" e sabujice. Abraços.

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