Não foi.
E vamos provar o que poderia ter acontecido se tivéssemos um governo responsável e comprometido com os interesses do povo brasileiro naquela época.
Comparativo China X Brasil
As grandes operadores de telefonia na China são de controle estatal (China Mobile e China Unicom).
A telefonia celular na China, com empresas de controle estatal, tiveram um crescimento vertiginoso, maior do que as empresas privadas brasileiras.
Todos os dados dos gráficos foram obtidos do http://www.itu.int/ITU-D/icteye/Indicators/Indicators.aspx#
Mas a grande vantagem chinesa são as tarifas. Custo médio:
China: R$ 0,06 por minuto
Brasil: R$ 0,45 por minuto
Com o agravante de que, no Brasil, os mais ricos que tem planos de assinatura caros pagam menos por minuto, enquanto os mais pobres, do pré-pago, chegam a pagar mais de R$ 1,50 por minuto.
Detalhe: o governo Lula ficou de mãos atadas para intervir nas tarifas. Os primeiros contratos de concessão de celulares para empresas privadas tem prazo de 15 anos, e foram feitos em 1997 (antes da privatização do sistema Telebras). Por isso só vencem em 2012. Pelo menos até lá, as fórmulas de reajuste definidas nos contratos de concessão, assinadas no governo de FHC e Serra, dão direito às operadoras de imporem estas tarifas que estão aí, e não há como o governo intervir, porque as empresas ganham na justiça.
Na China, de 1997 a 2009, o número de celulares cresceu 57 vezes, cobrando tarifas muito menores. Aqui cresceu 35 vezes, cobrando a segunda tarifa mais cara do mundo.
Portanto não é o fato da empresa ser estatal ou privada que determinou a expansão da telefonia celular no Brasil e em todos os países do mundo.
O principal motivo para a expansão foi o barateamento da tecnologia, dos aparelhos e equipamentos, que tornou a telefonia mais acessível em todos os países do mundo. Outro motivo foi a população que saiu da linha de pobreza e entrou para a sociedade de consumo.
Modelo tucano da privataria atrasou avanços
Por que os domicílios ainda precisam ter um telefone fixo, se quase todo mundo já tem celular?
Se a tarifa de telefonia fixa fosse idêntica à de celular, muita gente dispensaria uma linha fixa, sobretudo residencial.
Quem precisa telefonar muito, acaba sendo obrigado a ter também uma linha fixa, para fugir das tarifas exorbitantes dos celulares.
As operadoras brasileiras, tem concessões de celulares e de telefonia fixa ao mesmo tempo. A assinatura da linha fixa garante um faturamento certo para as operadoras, independente do uso. Por isso elas atuam em cartel para não baixar a tarifa do celular. Além de ganhar no uso do celular, ainda desestimula o usuário a cancelar a linha fixa.
O modelo tucano de privatização, independente de ideologia, foi nefasto para o consumidor, e bom só para os lucros das empresas.
Outra solução nefasta, foi permitir vincular acesso à internet com linha telefônica. As empresas fazem venda casada de banda-larga com telefonia fixa.
Em vários países do mundo, com o avanço da telefonia celular e banda larga, o número de telefones fixos vem decaindo, e tende à extinção.
Na China, onde a tarifa de celular por minuto é baixa,a telefonia fixa se expandiu até 2006, atingindo 368 milhões de linhas, e desde 2007 vem decaindo, com o cancelamento de 54 milhões de linhas até 2009 (mais do que todos os telefones fixos do Brasil inteiro).
No Brasil, o número de telefones fixos se mantém estável, praticamente sem expansão desde 2002. Não fosse a venda casada com banda-larga, e a elevada tarifa do celular, estaria decaindo, como ocorre na China.
A volta da Telebras no governo Lula
O governo Lula reativou a Telebras. A empresa nunca deveria ter sido privatizada num país com as características de desigualdades sociais e regionais como Brasil. A Telebras já não tinha o monopólio desde 1997. Operadoras de celulares privadas já atuavam, fazendo a concorrência. A Telebras serviria como reguladora, praticando tarifas de acordo com o custo, e não como fazem as empresas privadas. Elas praticam as tarifas máximas que o consumidor consegue absorver, independente do custo para operar o serviço.
Agora a Telebras volta a ter esse papel regulador na banda-larga. Ela vai obrigar a queda de preços da banda-larga onde já existe, e levará banda larga onde as empresa privadas não se interessam em levar, como cidades mais afastadas, e de baixo poder aquisitivo.
A venda do sistema Telebras foi uma roubalheira do dinheiro público do povo brasileiro.
Para privatizar, o governo de FHC e Serra, resolveu "sanear" as empresas. Investiu R$ 23 bilhões de 1995 até 1998, para modernizar o sistema, e vendeu por R$ 22 bilhões. Ou seja: vendeu com prejuízo, gastou mais do que arrecadou. Foi um negócio da China, para quem comprou.
Os tucanos dizem que, como vantagem, as empresas privadas investiram bilhões na expansão, nos anos seguintes. Mas o problema é que não trouxeram dinheiro de longo prazo para investirem. Investiram fundamentalmente com o fluxo de caixa, ou seja, com o dinheiro pago pelos brasileiros pelas próprias tarifas extorsivas. Isso a Telebras também teria feito (e já fazia em 1998, com o aumento das tarifas antes de ser privatizada), se continuasse estatal, e com tarifas menores, como fez a China.
Leia também:
- FHC/Serra deu R$ 11,7 bilhões de presente à Daniel Dantas, espanhóis e companhia, para privatizar as Teles
7 Comentários:
Muito bom o artigo. Só não entendo porque a Dilma não usa estas informações nos debates, para rebater o Serra quando ele fala dos "benefícios" da privatização das telecomunicações no Brasil...
É verdade. No começo deste ano minha filha foi à China e telefonava para mim todos os dias, pasmem: Gratis! Ela disse que no hotel em que estava podia falar o quanto quisesse que era grátis. Eu ainda disse para ela se acautelar pois quando saísse eles poderiam apresentar a conta, que não seria nada baixa, pois falávamos todos os dias e por bastante tempo. Mas, que nada, foi de graça mesmo.
Sou engenheiro d telecomunicacoes.
Trabalhei no setor apos a privatizacao e conheci todo sistema Telebrás.
O q o serra n sabe eh q o q possibilitou a Telefonia Celular foi a globalizacao da tecnologia (barateamento d equipamentos) e NAO A PRIVATIZACAO!
Nos anos 80, a Telebrás era respeitada internacionalmente,tinha os equipamentos mais avançados do planeta! Se ela estivesse ai ainda, teria se adaptado a tecnologia e seria a maior empresa do mundo do setor.Tinha tb os maiores profissionais do setor,vide Ovidio Barradas.
Com a privatizacao, que vantagem tivemos? Alguem consegue falar em telefone publico por mais d 1 minuto? com um cartao q custa uma fortuna? e em um tel celular com credito? E a internet q as empresas fazem traffic shaping.
entao.
A retórica tucana de sucesso na privatização das telecomunicações não passa disso mesmo. Tem que ser enfrentada e contestada.
Como ex-empregado das Telecomunicações sou testemunha da grande violência cometida contra o patrimônio público pelo governo FHC em favor de poderosos grupos internacionais e principalmente em favor do dileto e "brilhante" amigo Daniel Dantas.
Na verdade não houve simplesmente a transferência de empresas públicas (como a Embratel e várias Teles economicamente saudáveis) para interesses privados. Mais do que isso, ocorreu um feroz desmonte de um setor vital e estratégico para o país.
Uma década antes da privatização no Brasil, as telecomunicações mundiais viviam uma extraordinária revolução tecnológica. Aliás, duas: A digitalização de seus sistemas e a telefonia celular.
A Telebras logo incorporou as novidades tecnológicas em seu sistema brasileiro contratando-as junto às multinacionais aqui instaladas. Simultaneamente implantou o CPqD junto a Unicamp em Campinas-SP. Nesse centro de pesquisas a engenharia brasileira foi capaz de desenvolver materiais e sistemas como fibras ópticas, equipamentos de transmissão e centrais telefônicas digitais, as CPAs. Neste particular, no das CPAs, o Brasil tornou-se um dos 8 países detentores dessa tecnologia no mundo. O sistema Telebras incorporava à sua planta equipamentos desenvolvidos no CPqD e fabricados por empresas brasileiras. Antes de efetivada a privatização do setor, o CPqD detinha a patente de inúmeros materiais e equipamentos e pesquisava outros tantos, inclusive sistemas de comunicação celular.(E pensar que tudo isso implodiu como numa mágica circense.)
Quando a Tele em que trabalhava foi privatizada, o sistema celular já estava implantado em todo estado (SC), a digitalização do núcleo do sistema já havia sido implementada e a carteira de contratações estava abarrotada porque no ano anterior lhe foi permitido contratar de acordo com a demanda reprimida existente. (O famigerado limite de investimentos das estatais, imposto pelo FMI, fora providencialmente relaxado.)
Tenho absoluta convicção de que o Brasil teria plenas condições de, sem privatizar suas telecomunicações, atender suas demandas urbanas e rurais, de fixos e celulares nas quantidades requeridas e implantar um sistema robusto e avançado tecnologicamente. Além disso, por certo:
- Teríamos boa qualidade nos serviços prestados que seguiriam padrões estabelecidos nacionalmente e monitorados por indicadores operacionais semelhantes aos empregados pela antiga Telebras;
- Praticaríamos preços e tarifas muito inferiores as de hoje e, ainda assim, justas e niveladas internacionalmente;
- Teríamos o controle pelo país das infra-estruturas de telecomunicações e assim garantido segurança na defesa de suas riquezas e soberania;
- Teríamos no país instalado um setor industrial, chave no mundo moderno, com empresas nacionais produzindo aqui produtos de telecomunicações desenvolvidos por brasileiros.
Quem sabe não encontramos o fio da meada perdido entre os cacos da grande implosão e começamos tudo de novo através da Telebras - Banda Larga?
Otto (de Floripa)
Finalmente, mas um factóide tucano cai por terra. Já era esperado. Agora, cá entre nós, o governo poderia sim ter revisto esse contrato, gente. Isso não é desculpa!
Essa eu não engulo.
E agora finalmente a anatel parece que fez alguma coisa, tava na hora né... vamos evoluir.
PS. amigo tens alguma outra fonte ?, quero mostrar para um (com o perdão da palavra) tucano abestado, mas sei que vai dizer que é mentira inventado pelo blog...
''O principal motivo para a expansão foi o barateamento da tecnologia, dos aparelhos e equipamentos, que tornou a telefonia mais acessível em todos os países do mundo. Outro motivo foi a população que saiu da linha de pobreza e entrou para a sociedade de consumo.''
Barateamento esse que venho de empresas PRIVADAS dos (EUA, EUROPA, JAPÃO, COREIA)
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