O deputado estadual Roberto Massafera (PSDB) usa parte da verba de gabinete - R$ 17,8 mil mensais que a Assembleia Legislativa destina a custear despesas de mandato - para pagar a uma empreiteira da família o aluguel de seu escritório político em Araraquara, sua base eleitoral, no centro-oeste do Estado. Detalhe: o imóvel alugado e a empresa ficam no mesmo endereço, na região central da cidade.
Massafera pagou, desde julho de 2009, R$ 11.850,00 para a Lacon Engenharia, cujo dono é o irmão Carlos Eduardo Massafera. Em entrevista por telefone ao Jornal da Tarde na última sexta-feira, o tucano admitiu que paga aluguel do imóvel ao parente com a verba indenizatória desde março de 2007 quando assumiu o mandato, e disse não ver problema no pagamento
Ocorre que foi somente a partir de julho do ano passado que a Assembleia passou a divulgar em seu site a relação de fornecedores contratados pelos parlamentares com a verba indenizatória, com nome e CNPJ. Ou seja, somente há cerca de oito meses é possível constatar o pagamento mensal de Massafera à Lacon. De julho à dezembro, o tucano pagou, por mês, R$ 1.650,00 à empreiteira. Em janeiro deste ano a quantia subiu para R$ 1.950,00. As contas de fevereiro ainda não foram fechadas.
O caso de Massafera lembra o do deputado federal Edmar Moreira (PR-MG), que usou R$ 230 mil da verba indenizatória para pagar serviços de segurança de suas próprias empresas entre 2007 e 2008. Ele foi levado ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e acabou absolvido. Desde então, a Câmara proibiu parlamentares de contratarem empresas em seu nome ou de parentes.
A assessoria do 1º secretário da Assembleia, Carlinhos Almeida (PT), informou que o regimento interno não proíbe a prática. A assessoria do presidente Barros Munhoz (PSDB) não se manifestou.
Ontem, o JT revelou que duas empresas da família de Massafera somam R$ 67,7 milhões em contratos no governo José Serra (PSDB). São 27 negócios com a Lacon e com a construtora Massafera, da qual ele diz ter sido sócio até maio de 2006. Três dos contratos foram julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).(Jornal da Tarde)
CASO EDMAR
Conhecido como ‘deputado do castelo’ por ter ocultado da Justiça um imóvel de R$ 25 milhões,Edmar Moreira (MG) utilizouR$ 230 mil da verba de gabinete para contratar sua empresa desegurança entre 2007 e 2008
A denúncia o levou a renunciar ao cargo de 2º vice-presidente da Câmara e à sua expulsão do DEM
A partir do escândalo, a Câmara passou a divulgar nome e CNPJ dos fornecedores contratados pelos gabinetes e a proibir a contratação de empresas de parlamentares e parentes
Apesar disso, Edmar foi absolvido pelo Conselho de Ética por 9 a 4
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