José Serra (PSDB/SP) abriu a semana, com notas e notícias plantadas nos jornais, que iria a Minas nesta quarta, seria recebido com honras de chefe de estado por Aécio Neves, em jantar oferecido pelo anfitrião mineiro com o mundo político demo-tucano, dormiria no Palácio das Mangabeiras (residência de verão dos governadores de Minas) para prosseguir na quinta, ao lado de Aécio, as comemorações do centenário de nascimento de Tancredo Neves, em Belo Horizonte.
Segundo as notas plantadas davam a entender, Serra usaria todo seu "carisma", "poder" de "persuasão" e "sedução" para "convencer" Aécio das "maravilhas" de ser seu vice, e no final da quinta-feira anunciaria triunfalmente a chapa "puro-sangue" ao lado do mineiro.
Já na segunda-feira vieram baldes de água fria, com Aécio negando qualquer possibilidade de ser vice. Na terça-feira, emissários de Serra do PPS e do DEMos, seguiram em romaria à Minas, para "convencer" Aécio. Todos saíram com um não como resposta.
Na quarta-feira pela manhã, o Congresso Nacional fez uma sessão solene pelo centenário de Tancredo.
Ao chegar no Congresso, Aécio estava sendo pressionado pela cúpula tucana a aceitar a vaga de vice do Serra. Mas, Serra (que acordou tarde e chegou atrasado) ficou o tempo todo cercado pelos tucanos de São Paulo. Já Aécio circulava com desenvoltura entre conhecidos de todos os partidos, do seu PSDB e do DEMos, passando pelo PMDB e PSB (aliado de Aécio em Minas).
O deputado mineiro Marcos Monte (DEMos/MG) falou: “A verdade é que, em Minas, não há empolgação pela candidatura Serra, com a gente sabendo que o Aécio seria um candidato muito melhor.”
Coordenador da bancada mineira na Câmara, Nárcio Rodrigues (PSDB/MG) explica o sentimento do grupo: “O que irrita é que a cúpula do PSDB sequer levou em conta a candidatura Aécio. Os paulistas decidiram que o candidato é o Serra e ponto final. Quando todos sabemos que o Aécio tem muito maior capacidade de agregação. E agora, para irritar muito mais, vêm com a história de que o Aécio tem que ser vice. Que se não for, será o culpado pela derrota do Serra. Ora, o Serra é que tem que correr atrás dos seus votos. Não pode culpar o Aécio.”
Na avaliação de Nárcio, se Serra desistir, os votos dele em São Paulo tendem a migrar para Aécio. Mas, se Serra for o candidato, será muito difícil os votos de Aécio migrarem para o governador de São Paulo:
“O fato é que Lula tem muita penetração em Minas. E, para piorar, a Dilma é mineira. Além disso, PMDB e PT tendem a fechar acordo no Estado. Fica muito difícil para o Serra penetrar nesse eleitorado”.
O tal jantar que seria oferecido por Aécio a Serra, na noite de quarta-feira, plantado e anunciado em reportagens e colunas de jornais, "micou".
Aécio disse que não havia marcado jantar nenhum com Serra, e até ironizou:
- Vou jantar hoje (quarta-feira) com minha filha, mas se o Serra quiser aparecer, será bem recebido.
Questionado no final da tarde de quarta, Serra finalmente desmentiu o que estava plantado na imprensa paulista:
- Nunca combinei jantar com o Aécio hoje (quarta-feira)...
Serra não vai jantar com Aécio, mas vai na manhã de quinta-feira para Belo Horizonte, onde, às 11h30m, participa da comemoração do centenário de Tancredo.
Encontrará a bancada política de apoio a Aécio em plena campanha pela desistência de Serra, para ceder a vaga para Aécio.
Não é que acreditem de fato que Serra vá desistir antes do fim de março, mas é o estado de espírito dos aecistas mineiros, diante do atropelo de Serra, e depois da pressão estabanada de querer fazer articulação política através da imprensa para pendurar um colar de vice em Aécio à força.
E se houvesse uma reviravolta no ninho tucano trocando Serra por Aécio, o que isso ajuda ou prejudica Dilma? Aécio tem uma imagem melhor do que Serra e dá muito menos trabalho a marqueteiros para "vender" o produto.
Também tem mais trânsito político e capacidade de costurar apoios. Empolgaria a Globo e os banqueiros, que já vê Serra quase como derrota certa, e Aécio como um azarão que poderia dar certo. Mas também não representa uma grande ameaça, e não é nenhuma bicho papão.
Entraria na campanha atrasado, herdando a má articulação de Serra, com metade da intenção de votos de Dilma. Ampliaria a diferença em Minas, mas diminuiria em São Paulo. A vantagem de Serra nos estados do Sul acabaria desde já. No Nordeste e Norte Aécio teria que começar praticamente do zero, acelerando a distância de Dilma e do segundo colocado.
E por mais que Aécio dissimule, também não tem discurso de campanha capaz de enfrentar Dilma como candidata de Lula, e não tem como negar seu passado de apoio a FHC.
Além disso, tem um telhado de vidro enorme abafado na imprensa mineira e nacional. No passado, a Globo conseguiria carregar nas costas uma campanha de Aécio como fez com Collor em 1994 e FHC em 1994/98, mas na era da internet, fica inviável.
Com informações daqui e daqui.
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5 Comentários:
Excelente análise!
Bom artigo
a rica minas gerais e o maior exportador de mao de obra barata para os usineiros de sao paulo e assunto tratado com carinho pelo lula com luis dulci representantes da classe,ora sera´que em oito anos de choque de gestao do psdb mineiro nao conseguiriam implantar experiencias de geraçao de trabalho e renda para acudir este valoroso e altivo povo do norte mineiro?
Essa de, não serei vice de Serra, é puro jogo de cena. Ele será sim canditato a vice. Não confio nele. Aliás, em tucano nenhum.
Dilma=mineira....candidata do Lula.....mesmo aecio tera o fhc no pescoço.....o pig quer aecio para tentar vender o produto!!!!mas=privatsita*
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