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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quando as tropas percebem que um comandante age para salvar a própria pele ...



Às vezes é interessante analisar a política de forma distante, apenas racional, como se não tivéssemos lado.

E é curioso que em política os gestos falam mais do que as palavras.

Quando Lula e Dilma estiveram em Minas, no vale do Jequitinhonha e Juiz de Fora, Aécio Neves deu uma desculpa para não comparecer, nem mandou seu vice (candidato à sucessão), enviando um representante sem grande expressão política.

Mesmo que as falas de Aécio sobre o governo Lula sejam mansas, no estilo morde e assopra, seu gesto de ausência mostrou a seus seguidores uma liderança de oposição.

Para a turma de deputados demo-tucanos que vê-se em dificuldades para ir às urnas tentar a reeleição com o rótulo de oposição à Lula, e precisa de um líder que encabece a campanha e puxe votos, Aécio se apresentou a seu modo.

Na mesma semana, na sexta-feira passada, Lula e Dilma estiveram em Campinas (SP), na inauguração do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).

Serra compareceu. É até saudável um governador e um presidente da República, adversários políticos, terem agendas administrativas do interesse do povo.

Mas a questão são os gestos políticos...

Naquela semana o PSDB abria artilharia pesada contra o PAC e ofensas pessoais à ministra Dilma. Mas Serra estava lá fazendo gracejos com metáforas futebolísticas, fazendo um discurso insosso, sem nenhuma crítica ao governo Lula, nem sequer camuflada nas entrelinhas.

Nem após o evento deu qualquer declaração à imprensa de caráter oposicionista, que motivasse sua tropa.

Os demo-tucanos também entraram na justiça contra Lula e Dilma, acusando-os de utilizarem-se de inaugurações como "palanque". No entanto lá estava José Serra no "palanque" de Lula e Dilma.

O fato se repetiu na segunda-feira, no aniversário de São Paulo. Lula e Serra estavam no mesmo "palanque" armado por Kassab na prefeitura. Lula foi preciso em seu discurso, ao lançar o PAC 2 para combater as enchentes que assolam São Paulo, atingindo um dos pontos mais fracos da gestão demo-tucana paulista. Serra fez o papel de constrangido, desconversando, sem fazer qualquer contraponto, nem de defesa, nem de ataque.

É estratégia de Serra mandar seu partido bater, e ele ficar longe da briga, se preservando de antagonizar com Lula e Dilma. Se funcionar ele continua candidato à presidente. Se naufragar, e Dilma conquistar uma grande dianteira sobre ele nas pesquisas, ele candidata-se à reeleição de governador sem fazer oposição ao governo federal.

Mas os sinais e os gestos, dizem muito, na política. E o "baixo clero" demo-tucano percebe isso.

Serra comporta-se como o general na guerra, que sabe da derrota no confronto direto, mas manda as tropas para serem dizimadas, enquanto ganha tempo e esconde-se na retaguarda para salvar a própria pele, à espera de uma virada, ou partir para uma rota de fuga.

Por isso já começa a haver um movimento de "cristianização" (*) de Serra entre as "bases" demo-tucanas. Candidatos a deputados estaduais e federais dos partidos de oposição, além de candidatos a governadores do Nordeste, quase todos raposas políticas profissionais, não estão satisfeitos com papel de oferenda em sacrifício, para serem dizimados, para salvar a pele apenas de Serra.

(*) "cristianização" é o processo em que o candidato é praticamente abandonado pelo seu próprio partido, que tende a apoiar outro nome de maior peso. A expressão surgiu na eleição de 1950, quando Cristiano Machado insistiu em candidatar-se pelo PSD, mas todos do PSD abandoram sua candidatura e apoiaram Getúlio Vargas (PTB).

6 Comentários:

Vera Pereira disse...

E quem é que os demotucanos pretendem apoiar no fim de contas? Aécio, o líder?

senador botox disse...

Tem também o Alvaro Dias, aquele que bate em professores, vaza dossiê, e manipula pesquisa.
Alvaro Dias deu agora para defender o Sergio Guerra e o Serra.

Zé Augusto disse...

Vera Pereira
Aécio deu sinais que quer ser o candidato, se credencia perante seus correligionários. Ele está dando se oferecendo como alternativa para os insatisfeitos do PSDB se rebelarem.
Mas como Serra não vai desistir tão cedo, pode ficar tarde demais para Aécio se interessar em voltar ser candidato a presidente.

Vera Pereira disse...

Sinceramente? Não sei quem é pior, Serra ou Aécio. O primeiro é autoritário, desagregador, compulsivo, politicamente inábil, mau orador, antipático, egocêntrico, pessimista, hipócrita, grosseiro, mau caráter e covarde; o segundo, é relapso, mau caráter, falso, dissimulado, autoritário, elitista, entreguista, etc. Mas é mais "macio", digamos assim. O primeiro não tem outra vez na vida para chegar ao poder; o segundo tem tempo de vida bastante. Nenhum deles tem afinidade com o país, apenas projetos pessoais.

Vera Pereira disse...

O Lula passou mal hoje à noite. Parece que nem vai mais a Davos. Que horror!

Anônimo disse...

vi toda visita desde itapira campinas etc...
pela tv brasil....vi e revi a cara amarela de serra..ele foi mas engoliu sapos.....ainda mais vindos dos alagamentos.... calhorda hipocrita... que cara feia....quer ser presidente o ze alagao ta verde*

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