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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O 'big boss' do panetone fantasma



Para sustentar a versão de que a quantia de R$ 50 mil recebida em 2006 era uma contribuição para a compra de panetones, o governador José Roberto Arruda (DEM) montou uma licitação na sexta-feira passada, no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. O governo do Distrito Federal vai comprar 120 mil panetones no próximo dia 10, segundo edital aberto naquele dia.Para tentar documentar essa defesa, o próprio Arruda disse em entrevista ao Correio Braziliense, na edição de ontem, que havia sido alertado para "os problemas (vídeos)" criados por Barbosa e, por isso, fez "um registro oficial", no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de todas as doações recebidas nos últimos anos a título de contribuição para as "campanhas sociais". Esses recibos estão sendo periciados pela PF - há indícios de que tenham sido forjados para justificar a suposta propina.

Panetone fantasma

Estão sob suspeita os recibos da compra de panetones, principais documentos da defesa do governador José Roberto Arruda para justificar a imagem do vídeo em que aparece recebendo R$ 50 mil, em notas de R$ 100, das mãos de seu ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. O vídeo foi gravado em 2006, quando Arruda ainda era candidato ao governo do DF, e Barbosa seu caixa de campanha. Sem data de emissão, sem timbre e escritos em linguagem que foge aos padrões dos recibos, os documentos apresentam indícios de que foram produzidos às pressas e em data recente, depois que a investigação da Operação Caixa de Pandora havia vazado.

Arruda, por meio do secretário de Ordem Pública, Roberto Giffoni, disse no sábado que os R$ 50 mil eram colaborações de empresários para comprar panetones No depoimento que deu à polícia, em 22 de outubro, já na condição de réu colaborador, Barbosa disse que o dinheiro entregue a Arruda era um repasse regular, coletado a partir da cobrança de propinas nos contratos públicos, para "despesas pessoais" do governador.

Como se estivesse fazendo uma prestação de contas, o recibo acrescenta uma estranha explicação para o destino do dinheiro: "Como fazemos todos os anos, os panetones e brindes foram entregues nas creches, asilos e associações de idosos." Os recibos estão passando por perícia do Instituto Nacional de Criminalística. Dentro de uma semana, o delegado Alfredo Junqueira, encarregado do inquérito, produzirá relatório parcial com os primeiros resultados do exame.

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